– Anna... – ele começa, mas puxo o David para a pista de dança, no centro da quadra.– Você, querendo dançar? – diz David. – Ual!
– Cala a boca. – digo e o puxo para perto de mim.
Ficamos meio que rodando e dançando pela quadra. Isso porque o Lucas chamou Rita para dançar também e sempre que eles se aproximam, puxo o David para longe.
Em um momento no qual eu giro, mal percebo e Lucas está na minha frente, e dança comigo. Danço também sem entender, olho pro lado e vejo David e Rita dançando juntos. Ele dá de ombros. Olho pro Lucas.
– Por que não me disse que está namorando...a Rita?
– Porque não estou.– ele diz. – Ela mal chegou na festa e já veio com uns papos loucos de transas pra cima de mim. Veio me agarrando... Disse que queria o meu corpo e não sei o que. Ela tá drogada! – ele diz e ri. – Eu só falei pra ela ir tomar um drink.
Olho para a Rita novamente. Vejo ela se jogando pra cima do David.
– Minha nossa! – digo. E vou até eles. – Para já com isso! –
– Ele... é o MEU namorado!
Não que eu ligue para o fato de eles estarem se esfregando. Mas, seja qual for a reputação que eu tenho, isso acabaria com ela. Por isso, levo Rita para o banheiro. A obrigo a lavar o rosto e dou uns tapas na cara dela até ela se sentir um pouco melhor.
Odeio confessar, mas eu não me sinto à vontade batendo nela. Mas também, eu não queria ver uma garota sendo tão estupida, idiota e oferecida assim. Não entendo qual é a graça de se ficar drogado, se isso só traz consequências ruins. Ela me olha e pergunta:
– O que aconteceu?
– Você estava...
– Ah, tá. Já sei. Foi a maldita bebida que uns caras me deram. Vou resolver isso, já.
– Rita, eu não acho uma boa... – Ela sai do banheiro. – Ideia.
Encaro meu reflexo no espelho por uns segundos e volto para a quadra. Vou até o Lucas mas ele diz:
– Não quero falar contigo.
– Quê? Por quê? – pergunto e ele sai, indo em direção ao banheiro masculino. Vou atrás dele. – Lucas...
– Você disse certo lá, Anna. Ele é seu namorado. Não deveria estar me seguindo agora. – diz, e entra no banheiro.
– Lucas, saí agora daí e me deixe explicar! – digo e espero um pouco. Como ele não sai, eu entro.
– Anna! Isso é um banheiro masculino! – ele diz, tentando me empurrar para fora. – Saia daqui!
Reparo que há um garoto mijando no meu lado direito. Ignoro a cena, e me aproximo do Lucas. Não sei porque estou fazendo isso, não sei onde estou com a cabeça, mas o beijo. Eu o amo e mais nada importa.
– Isso, é de verdade. – digo. – Aquela cena lá fora, não. Eu vou terminar com ele. Eu prometo. Depois eu explico o porquê daquilo e de namorar ele. Só peço que confie em mim.
Ele me fita com os olhos.
– Tá, eu confio em você. – ele diz. – Agora vamos sair daqui, está bem? Olho a minha volta e há três garotos nos encarando.
– Tá. – digo. E ele me puxa para fora do banheiro.
Vamos para o meio da quadra e dançamos. Dançamos muito. Sem beijos, para não chamar a atenção de ninguém. Então, David vem até nós e me chama para ir embora. Abraço o Lucas e digo em seu ouvido que o amo. Então, vou com o David para o carro.
– Você tá afim desse cara, não tá?
– É. Acho que tô. - digo, deixando transparecer um sorriso pelo canto dos lábios.
– Por que é tão difícil gostar de mim? – grita.
– Sei lá, David. Não escolhemos quem amar.
– Eu te amo!
Olho para ele.
– Mas eu não te amo, David.
– AFF! Tanto faz, você é minha namorada mesmo...
"Por enquanto". Penso. Ele fica de mau humor e continuamos a viagem em silêncio. Então após um tempo, para o carro em frente à minha casa e quando estou prestes a sair, agarra minha mão e me rouba um beijo. Imediatamente, dou um tapa na cara dele, solto minha mão e saio do carro.
– Nunca mais ouse fazer isso! – digo e bato a porta. Chego em casa exausta de tanto dançar, e vou para o meu quarto sorrindo ao pensar na noite incrível que eu tive. A única coisa que estragou, foi o beijo do David. Mas sinceramente, o do Lucas foi tão bom que eu nem ligo para mais nada. Apenas me jogo na cama e vou dormir.
Na manhã seguinte, acordo com um "toc toc" na porta do meu quarto. Me levanto e vou abrir. É minha mãe.
– Oi?
– Bom dia, filha. Vim avisar que alguns parentes já chegaram...por causa do falecimento de sua irmã...
– Tá. Já vou descer. – digo e fecho a porta do quarto.
Abro o meu guarda-roupas e pego um short jeans e uma blusa verde para vestir. E, após tomar um banho e colocar minhas roupas, desço para a sala de estar.
O sofá está lotado de mulheres e há alguns homens em pé também. Todos estão vestidos com roupas fúnebres, e eu não me surpreendo que estejam com lágrimas nos rostos e aparências melancólicas. Já era de se esperar. Uma mulher se levanta e vem em minha direção.
– Oh, Anna... – diz, enxugando as lágrimas. – Sinto muito... Posso imaginar a dor pela qual você está passando... Ela era uma garota amável.
Apenas concordo com a cabeça.
– Também sinto muito, minha flor. – diz uma outra mulher, se aproximando e me abraçando.
Muitas mulheres e também homens falam comigo. Então, minha mãe chama todos para um almoço e todos correm para a mesa famintos. Aposto que só vieram por causa da grande refeição que sabiam que teria... Me sento e começo a comer.
Continuo ouvindo comentários secos como "Ah, seria uma reunião tão melhor se ela estivesse aqui..." ou "estou sem fome...é tão triste a perda da família...". Até que perco a paciência de tanto teatrinho. Se está sem fome, então por que está comendo?
Peço licença e saio dali. Vou para o meu quarto, mas até lá tem duas garotas conversando.
– O que estão fazendo aqui? – pergunto. Quem permitiu que vocês viessem para o meu quarto? – Ah, sua mãe falou que poderíamos vir para cá. E assim, evitar ter que lidar com a depressão lá em baixo. Encaro as garotas, pronta para expulsá-las dali. Se não queriam lidar com a depressão, então por que vieram? E por que ficam no meu quarto e não no dos meus pais, do Fabricio ou da Laryssa?
Resisto a tentação de bater nelas ou de fazer qualquer outra coisa, pego meu celular e desço. Já não estava mesmo aguentando toda essa família.
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A Traição - Livro 1
Teen FictionA Traição é o primeiro livro de uma trilogia, que conta com fatos da vida real, mas também é relacionado a mitologia. SINOPSE: Hannah é uma garota/Deusa que busca o respeito e reconhecimento dos demais Deuses do Olimpo, pois foi condenada a solid...