Capítulo 7

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 Acordo ao som de uma coisinha irritante. “Priin, priin, priin”. Levanto a procura do barulho, e encontro, na minha cabeceira. Ah, um despertador, que de fato, desperta a dor nos meus ouvidos. Desligo ele.

   Então, é hoje. Meu primeiro dia de aula. São 11 horas da manhã. Hefesto me disse que meu turno era de tarde e que começava...as 13h. Certo. 2 horas para me arrumar, tomar café e ir de carro, pra escola, com meu novo pai. Ainda nem vi ele. Será que ele é legal? Melhor não pensar muito no assunto. Em breve, saberei.

   Abro o guarda-roupas, pego uma tolha, e vou pro banheiro. Preciso de um banho.  

   A água gelada me faz despertar de vez. Volto pro meu quarto, enrolada na toalha, e procuro no guarda-roupas meu uniforme. Encontro ele em uma gaveta... Uma saia cinza e uma blusa e meias brancas. Tem um bolso na blusa, e nele tá escrito “Colégio Martin Hous”. Pessoalmente, não gosto de cores cinzentas, não trazem nenhuma alegria ao ambiente, mas se tem que usar...

   Me visto rapidamente, e em seguida penteio os meus cabelos. Pego um colar com um pingente de cristal e coloco. Estou pronta.

   Saio do quarto e vou à cozinha para o café da manhã. Quando chego nela, Laryssa, que também estava de uniforme, diz:

   – Cadê suas sapatilhas? E mochila?

   – Er... – Olho para os meus pés, que estavam com meias brancas e chinelo. Esqueci completamente dos sapatos! – Vou calçá-los e arrumar minha mochila. Hoje é segunda, não é?

   – Sim – responde meu mais novo irmão. – Odeio segundas-feiras!

   Não entendo muito bem o porquê de tanto ódio por dias da semana, mas não vou discutir. Subo pro meu quarto, pego no armário um par de sapatilhas pretas e o calço. Então, pego minha mochila, e conforme os horários do quadro, jogo os livros das matérias de matemática, ciências e artes ali dentro. Jogo dois cadernos, a caneta, o lápis e a borracha também. Então desço a escada e vou para a cozinha novamente.

   – Agora sim! – diz Laryssa, sorrindo.

   Pego um pão na cestinha em cima da mesa, passo manteiga e o como.

   – Não vai beber café? – pergunta o garoto.

   – Não, Fabrício. Ela está meio enjoada. – diz Laryssa, piscando um olho pra mim. Não entendo, mas apenas aceno com a cabeça.

   – Vamos, meninas? – diz um homem alto, de barba e olhos castanhos.

   – Sim, pai. – responde Laryssa. Mais uma vez, apenas aceno com a cabeça. Então...aquele seria meu pai. Ok.

   Acabo de comer o pão e sigo os dois.

   – Fabrício não vai também? – digo subitamente.

   – Não, ele vai a pé para a faculdade. É perto daqui. – responde Laryssa.

   – Entendi. – digo, enquanto entro num carro preto, junto com ela, no banco de trás.

   – Ué... Vai vir aqui atrás hoje?

   – Vou ué. Por que não iria?

   – Sei lá. Você sempre faz questão de ir na frente, porque já tem 18 anos, e não sei o quê...

   – Ah, eu mudei em certos hábitos, a partir de hoje. – digo, sorrindo.

   – Ok... – ela diz. E aquele cara, meu pai, começa a dirigir o carro, rumo à nossa escola.

   Começo a ficar aflita. Olho pela janela o caminho... mas só vejo uma lagoa. Lembro da Urânia. Que falta minha amiga faz.

   – Mas e aí, nova Anna, ansiosa pro primeiro dia de aula? – Laryssa pergunta, sorrindo.

A Traição - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora