Chego em casa com lágrimas no rosto. Certo, eu vivo aqui por quase 730 anos e odeio esse lugar. Mas foi o meu lar. E me traz lembranças.
Fecho a porta e adentro em meu quarto, que é decorado com diversas flores e tem um doce perfume no ar. Eu passava inúmeras horas conversando com Urânia aqui. E também, era onde minha mãe cantava canções de ninar, pra mim dormir. Enxugo as lágrimas. Não vou pensar nisso. Simplesmente, não posso.
Abro o guarda-roupas e pego uma mala preta, a única que possuo. Não caberia todas as minhas roupas nela, e eu nem tenho muitas, por isso, escolho apenas alguns vestidos e coloco-os ali dentro. Depois vou ao banheiro e abro uma gaveta onde guardo minhas joias. Escolho minhas preferidas e coloco-as na mochila vermelha que tinha levado para a lagoa.
Tiro a toalha da mochila e pego uma seca no armário, que guardo na mala posteriormente. Fecho a mala. Pego meus chinelos confortáveis e enfio-os em uma sacola plástica, que coloco na mochila também. Vou até a cozinha e retiro da geladeira duas barras de chocolate para a viagem.
É, acho que é isso.
Rapidamente tomo um banho quente, e em seguida coloco um vestido e uma sandália. Pego a mala e a mochila e deixo-as na salinha de estar. E, enfim, pronta, decido dar uma volta pela casa, calmamente. Avisto um porta-retratos na cabeceira da minha cama. A foto que estava nele havia sido tirada quando eu tinha doze anos. Quando meus pais ainda estavam ali... meu pai, moreno, sorria e minha mãe me abraçava, na fotografia. Pego o porta-retratos e guardo na mochila. Onde quer que eu fosse, eles estariam comigo.
Não posso enrolar mais. Tenho que ir, ou desisto agora. Abro a porta da casa com minhas coisas, saio e fecho-a.
Sigo para o salão principal do Olimpo. Não se passam nem 10 minutos e avisto o lugar.
De pé e com os braços cruzados, encostado em uma árvore próxima a entrada, Himeros aparentemente me aguardava sorrindo.
– Oi senhorita! – diz ele quando me aproximo.
– Ah, oi. – respondo, sem parar de andar em direção ao Grande salão.
– Como vai você? – pergunta Himeros me acompanhando.
– Bem. – digo, inquieta – E você? Novidades?
– Para falar a verdade, tenho sim.
– Hum...
– Bem, sou um Deus muito bonito, sabe.
– Isso não é novidade. Novidade seria se não fosse tão convencido...
– Prosseguindo, er... Como sou muito bonito...
– Bah!
– Tenho muitos filhos.
– E daí?
– E daí, que coincidentemente, tenho vários no Brasil.
– Legal.
– O que eu quero dizer, Hannah, se você me permitir, é claro, é que eu tenho um filho na escola para onde você está indo. Na Martin Hous. Ele é um semideus.
– Um o quê?
– Semideus. Ele é filho de um Deus, eu, e de um ser humano, uma mulher com que eu...
– Tá, tá. Já entendi! E no que isso pode me ajudar?
– Bom, eu vou mandar uma carta para ele, e vou explicar toda a situação. Ele pode te ajudar nessa missão. Vocês podem, inclusive, serem amigos.
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A Traição - Livro 1
Teen FictionA Traição é o primeiro livro de uma trilogia, que conta com fatos da vida real, mas também é relacionado a mitologia. SINOPSE: Hannah é uma garota/Deusa que busca o respeito e reconhecimento dos demais Deuses do Olimpo, pois foi condenada a solid...