Capítulo 2

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   A noite do Baile Olimpial estará encantadora. Cristais de todos os tipos emergirão da terra para a decoração do Monte Olimpo. Haverá, no meio do salão, uma enorme mesa dourada repleta de um delicioso banquete. Ao redor do banquete terão inúmeras mesas menores com cadeiras prateadas, e balanços envoltos a pequenos galhos flutuarão à espera de algum Deus que quiser se balançar lentamente, conforme uma linda melodia.

   Tália, musa da comédia, estará vestida com uma máscara cômica, e se situará no fundo do salão, entretendo alguns dos Deuses, enquanto, Terpsícore, musa da dança, chamará a atenção da maioria das ninfas, sapateando no outro extremo.

   A música que tocar agradará à todos os Deuses, que se divertiriam, principalmente, conversando entre si. O único que aparentemente não irá gostar nada da festa é Hades, que manteria em suas feições uma expressão de mal humor.

   – Isso tudo é uma perda de tempo, Poseidon! Eu deixei de tratar de milhares de mortes para estar aqui. – dirá Hades.

   – Ah, irmão, pare de se lamentar! A noite esta bela, os mares estão calmos, que tal se apenas tomarmos um drink e relaxarmos? – indagará Poseidon, o Deus dos Mares, terremotos e cavalos.

   – E correr o risco de ficar bêbado como Dionísio? A última vez que fiquei de ressaca acabei com o estoque de água que você levou pro Tártaro. Não, não. Acho que vou ficar aqui, apenas admirando a cara feia desses deuses metidos a besta. – falará Hades entediado.

   – Hm...sugiro que pegue um espelho com Afrodite, assim você vai poder admirar a cara feia do Deus mais metido a besta da festa. – dirá Poseidon se afastando – Vou ver como Atenas se diverte. Vejo você mais tarde!

   – Até. – dirá o Deus dos mortos. – Diga à ela que, se até o final do ano, aquele presidente da América Central não acabar com 80% da miséria no país, eu provocarei uma doença grave nele, levando-o à morte.

   – Ok, Hades, ok. – dirá Poseidon há quilômetros de distância. Depois de mais alguns passos, avistará Atena conversando com a Musa da Astronomia e....bem, aquela não é a garota detida a 730 anos atrás? – Olá Atena! Como vai Urânia? E, ahm...quem é você?

   – Sou Hannah, Deusa do Ébano. E você seria...Poseidon?

   – Sim, o próprio. – dirá Poseidon observando-a bem – Er...você não estava...

   – Condenada a viver na solidão para todo o sempre? – falará Atena, pela primeira vez. – Sim, de fato, está. Porém, essa festa é para todos, não importa o que tenha acontecido. E, cá entre nós, sério mesmo que a menina recebeu esse castigo só por ter roubado umas joias?

   – Hm...de fato, meio injusto, não? – dirá Poseidon.

   – Meio injusto? Hahaha, você não pode estar falando sério! – interferirá Urânia, aborrecida. – Você estava sentado lá, na reunião, e ajudou a decidir o destino dela! Não venha dizer que é meio injusto, não seja tão descarado!

   – Acalme-se Urânia. O que foi feito, está feito. A maioria naquele dia concordou, então foi essa a pena de Ella. – dirá Poseidon. – Mas, mudando de assunto, Hades pediu para te lembrar daquele caso da América Central. Ele quer que você ajude o presidente a ter um pouco de sabedoria em relação a planos para o fim da miséria. Ameaçou liquidá-lo. Na minha opinião, é melhor que morra ele e dê uma chance a outro candidato a resolver essa situação, do que toda a população de um país em um período de 10 anos.

   – Er...vou ter que dar um pulo no Mundo dos Mortais para resolver esse caso. Ter uma conversinha com ele. – dirá Atena pensativa. – Se não resolvermos isso em breve, haverá muitos problemas por lá. Vou procurar Hermes, para pegar aquele pó de esquecimento. Tchau, queridos. Aproveitem a festa!

   – Hm.... E para que ela precisa de pó de esquecimento? – perguntará Hannah para ninguém em especifico.

   – Para que após de ter uma conversa com um ser humano comum, ele só se lembre do essencial, como se fosse uma ideia ou pensamento dele mesmo, e não algo vindo de uma divindade. – explicará Poseidon. – Entendeu?

   – Entendi. Então, sempre que os Deuses precisam interferir em algo no Mundo dos Mortais, eles utilizam esse pó de esquecimento, e o que acontecer é como se fosse algo vindo do próprio ser humano... – dirá Hannah. – Legal, mas... Por que vocês simplesmente não deixam eles saberem? Quero dizer, que vocês são Deuses...qual é o problema disso?

   – Nenhum. Mas eles simplesmente são tolos demais para acreditarem nisso. –responderá Poseidon. – Se fossem que nem Atena, talvez, até seriam espertos o suficiente... Mas não são. E, para evitarmos confusões, usamos esse pó.

   – Ah, eu acho os seres humanos fascinantes! – dirá Urânia.

   – E de fato, em certas coisas são. Tem uns que conseguem se destacar por admiráveis dons, outros por serem espertos e ainda aqueles que são tão belos quanto Afrodite. – dirá Poseidon sonhador – Mas as vezes conseguem jogar tudo fora por ambição ao dinheiro, ouro, joias – Poseidon olhará para Hannah significativamente. – E assim acabam perdendo também pessoas queridas. Bem, vou dar uma volta pelo salão. Até um próximo encontro.... - Olhará novamente para Hannah. – Ou não.

   Hannah e Urânia irão se entreolhar e sorrir. Não iriam deixar que comentários desse tipo acabassem com a festa delas.

   – Vamos – dirá Urânia. – Estou vendo Anteros logo ali na frente com seus irmãos. – Urânia puxará Ella para perto de uma fonte onde se encontrariam quatro garotos. Com certeza, os mais lindos do Olimpo. – Oi meninos!

   – Olá! – dirão eles em coro.

   – Oi, amor. – falará um garoto alto de olhos castanhos, Anteros, puxando-a para si. – Como você está linda!

   – Ah, obrigada – dirá Urânia corando levemente – Hm...Anteros, essa é minha amiga Hannah. Hannah...esses são Anteros – dirá, abraçando seu namorado. – Eros – apontará para um garoto parado do lado esquerdo dela – Photos, sentado ali na grama, e....

   – Himeros, ao seu dispor – falará o outro garoto não mencionado, pegando suavemente a mão de Hannah e beijando-a delicadamente.

   – Hm...olá – ela dirá constrangida.

   – Podemos conversar em particular? – perguntará Himeros, sedutor.

   – Hum... – Hannah poderia tanto dizer que sim, como poderia dizer que não. Poderia dar um tapa na cara dele pelo atrevimento de fazer essa pergunta, ou poderia beijá-lo ali mesmo. O que ocorrerá, no entanto, é que ela não diz nada, e, talvez, nunca se saberá o que ela teria dito naquele momento, pois...chegará voando no Olimpo uma pequena divindade suada, um garoto moreno com asas e uma espada flamejante. Esse garoto será eu.

   Minhas asas pararão de trabalhar há uns 2 metros de distância do solo, e eu me espatifarei no chão. E, tentando me levantar o mais rápido possível, direi em alto e bom som, para que todos pudessem ouvir:

   – O Deus no Mundo dos Mortais tem o Horoggen e está planejando usá-lo pra o mau. Eu vi! É uma profecia! – Falarei. – Ele tem o poder em suas mãos! Ele tem! E ele vai destruir tudo.

A Traição - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora