Capítulo 15

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Esvazio a mochila mas não encontro nada. Pelo menos, nada de diferente. Deito na cama e começo a chorar. Não acredito que ela morreu só porque não queria que roubassem uma mochila...

O relógio do meu quarto marca 23:34h. Vou ao banheiro tomar um banho, e em seguida desço para a cozinha. Minha família ainda está imersa em tristeza.

Faço um sanduiche, para matar a fome, e quando estou subindo o segundo degrau da escada, minha mãe me chama:

– Anna, vem cá.

Vou até o sofá onde ela se encontra, e me sento ao seu lado.

 – Você não precisa ir para a escola amanhã... Eu sei que está triste.

– Eu quero ir sim, mãe. Preciso me distrair um pouco. – respondo.

– Ok, então você vai de ônibus, tá.

Seu pai não está se sentindo muito bem para dirigir.

– Tá... Quando será o enterro?

– Não terá, Anna... não encontraram o corpo. Faremos uma reunião familiar aqui em casa no domingo, e depois veremos se achamos...ela. Você tem mesmo certeza que ela morreu, filha? Sei que não quer falar disso, mas...

– Tenho, mãe.

– E porque não trouxe seu corpo?

– Porque... – começo. Na verdade, nem eu sei. Acho que fiquei tão chocada com tanta adrenalina, que não me lembrei disso. – eu fiquei aflita, mãe... Eu fugi... não deu para...

– Tá. E como chegou em casa com aquele garoto?

– Ele me encontrou no meio da estrada.

– Hm.

– Vou dormir, mãe.

– Ok, boa noite.

Duvido que eu vá ter uma boa noite, mas mesmo assim, concordo com a cabeça e subo para o meu quarto. Depois de arrumar a cama e colocar as coisas de Lary de volta na mochila, pego o papel que Lucas me deu, no bolso da saia que eu estava usando, e procuro um celular.

Encontro-o em cima da escrivaninha. Nunca usei um, mas sei como funciona. Então, disco o número escrito no papel e espero ele atender.

– Alô? – ouço a voz dele.

– Oi. Sou eu, Anna.

 – Oi Anna, como vai?

Ah, super bem, sabe. Minha irmã morreu. Tô ótima!

 – Bem. Desculpa por ligar tarde, mas, é que eu queria pedir uma carona para ir à escola amanhã... – digo.

– Tudo bem. Te busco que horas?

– Pode ser por volta do meio dia?

– Claro. Estarei aí essa hora então.

– Obrigada.

– Nada... Tenho que desligar, agora. Até amanhã.

– Até.

   Decido que é melhor eu me deitar. Pelo menos dormindo, evito ficar tão triste. Caio no sono uma hora depois, e acordo durante a noite umas 6 vezes, por causa de pesadelos. Pensei que fosse fácil dormir...

Quando dá 11:30h, me arrumo pra escola, coloco os meus livros e cadernos na mochila da minha irmã e como pedaços de pizza que tinham na geladeira. Meio dia em ponto, ouço uma buzina. Abro a porta, e vejo o carro vermelho de Lucas.

A Traição - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora