Capítulo 11

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O sinal toca, representando o fim do recreio.

– Ah, que pena que não deu para sabermos da sua incrível história de vida! – digo para o Lucas enquanto nós quatro nos levantamos e andamos em direção à sala.

– É, pois é. Deixa pra próxima... – diz ele.

Na realidade, eu queria mesmo saber mais sobre o Lucas. Ele é misterioso. Percebo que até agora, as únicas coisas que eu sei dele é que se chama Lucas, tem uma mochila azul e é bem-humorado. Ah, e é um idiota também.

Chegamos na sala e uma mulher de óculos aguarda o silêncio da turma. Assim que consegue, diz:

 – Bem, eu sou a diretora Giovana. Vim aqui para dar um breve aviso: No próximo sábado teremos na escola um baile. A turma começa a tagarelar como se a notícia fosse que o fim do mundo está próximo. A diretora pede silêncio e continua... – Esta festa será para todos os alunos do Ensino Médio. Acontecerá às 7 horas da noite e espero que todos compareçam. – pausa. – No ano passado, tivemos problemas pois trouxeram para a escola coisas ilegais, como drogas. Se isso acontecer nesta festa novamente, todas os outros bailes e o passeio do próximo final de semana serão suspensos!

– Passeio do final de semana? – pergunto para o Hugo.

– É.... passaremos um fim de semana em uma fazenda em Itaboraí, lembra? Todos os alunos do 3ᵒ ano fazem este passeio no início do ano.

– Ah... é. Tinha me esquecido... – minto. -Ual! Um passeio no final da outra semana! Que show! Então, tomara que os alunos se comportem nessa festa!

– Comportamento nunca tem... Tomara é que eles não tragam coisas ilegais, isso sim.

 – Bem, então é isso, queridos. Pode começar a aula, professor Luan. – diz a diretora para um homem que estava na porta. Eu nem tinha reparado sua presença ali.

– Obrigado, Giovana. – diz ele. – Alunos, direto para a quadra! Todos se levantam animados e saem da sala. Apenas sigo eles para uma quadra gigantesca. Não gosto muito de esportes, então me sento na arquibancada.

 – Não vai jogar, Anninha? – pergunta Hugo.

– Hm... não. Vou ficar de plateia, hoje. – digo e sorrio. – Tudo bem, então. – diz ele indo para o meio da quadra com o restante da turma.

Assisto a turma jogar queimado. Até que o professor vem na minha direção e me obriga a jogar também. Apenas fico me desviando, não gosto muito de "queimar" ninguém. E, mesmo se eu gostasse, poderia acabar machucando alguém se eu não controlasse o tamanho da força que possuo.

A aula acaba e volto para a sala com o Nathan e Hugo. Não sei se é porque estava imersa em meus pensamentos em relação ao Lucas ser tão lindo se esquivando da bola, mas percebo que a boca do Hugo está sangrando. Subitamente, aponto para a boca dele e digo:

– Tá sangue, tá sangue!

Ok. Não foi uma frase muito comum de se dizer. Nem muito inteligente. Na verdade, eu nem pensei muito, apenas disse isso. O fato é, que eu falei aquilo de forma tão repentina e apavorada, que até o Hugo se assusta:

– Cadê? Eu não tô vendo! – diz, olhando para sua boca. Ou, ao menos, tentando. Foi um momento meio idiota.

Mas, depois do alvoroço por um pequeno machucado, Nathan me explicou:

– Ah, Anna. Você não viu? É que eu tentei queimá-lo e sem querer acertei a bola na cara dele.

– Ah, tá... – digo. É por causa dessas coisas que eu prefiro apenas me desviar da bola.

 Chegamos na sala, pegamos nossas coisas e me despeço dos meus novos amigos:

– Tchau, meninos!

– Tchau, Anna! Sexta-feira tem mais aula de Educação Física, em. Quero te ver participando mais! – diz Nathan.

– Ah...claro. – digo sorrindo e vou em direção ao meu carro. – Até amanhã!

– Até! – eles dizem.

Entro no carro, dou "oi" para o meu pai e irmã recentes e quando chegamos em casa janto, lavo a louça e depois de um banho quente, me tranco no quarto.

Quase caio no sono, mas ouço alguém bater na porta. Me levanto e vou ver quem é.

– Oi, filha. Eu vim aqui para avisar que amanhã você e sua irmã vão voltar para casa de ônibus depois da escola, ok. Linha 658. – diz o meu pai.

– Tá, mas...por quê?

– Vou precisar trabalhar o dia todo.

– Ah, ok. Tudo bem.

– Boa noite.

– Boa noite. – digo também, e ao fechar a porta volto para a cama à espera de conseguir dormir sem muitos pensamentos em relação aos meus amigos. Não dá certo.

Primeiramente penso em como deve ter sido triste para o Nathan perder os pais com 2 anos de idade. E depois penso em como o Hugo consegue ser legal e fazer de coisas simples as melhores coisas do mundo. E então penso em como eu estou perdidamente apaixonada pelo Lucas. Caio no sono e tenho um sonho um tanto estranho. Eu estou em uma praia e sou sugada pela água, mas então o Lucas me salva.

A Traição - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora