[26] Chou Tzuyu não é psicóloga de ninguém

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#ReginaGeorgeJaponesa

Durante a volta para a chácara, o silêncio foi absoluto, o que incomodou profundamente Tzuyu.

Queria que Sana falasse, continuasse contando histórias sobre sua vida, que fizesse brincadeiras bobas que ocasionaram em um bom rolar dos olhos de tão idiotas que eram, que a provocasse até as duas gargalharem. Ao invés, tudo o que recebeu foi um silêncio nada satisfatório e uma música qualquer ruindo da playlist.

Tzuyu não curtia muito o silêncio, eram poucas as pessoas que conseguia ficar confortável com o silêncio em volta. Por este motivo, precisou se distrair com o celular. Inclinou o banco para trás alguns centímetros, e se encolheu contra ele, rolando tediosamente pelas redes sociais agitadas. Pelos stories, tweets e postagens de seus colegas de turma, alguma coisa havia acontecido na chácara, alguma coisa envolvendo fogo, e isso não era nada bom com elas indo para lá com a polícia de escolta.

Ótimo! Um motivo para falar com Sana.

- Temos um problema. - a garota olhou brevemente para si, não demorando a voltar a atenção para a estrada. Tzuyu imaginava que ela estava se concentrando para não infringir nenhuma lei de trânsito com os policiais observando. - Os idiotas colocaram fogo na casa.

Sana não pareceu nada surpresa, um suspiro frustrado saindo da boca, como se ela lamentasse não estar lá para presenciar o acontecimento.

- Vamos conseguir tempo, então.- disse simplista. - Tem um posto de gasolina há uns dez minutos, a gente para e enrola um pouco.

- Uou, por que você tira notas baixas mesmo?

A fala fez Sana rir suavemente.

- Porque a escola me obriga e tenta me enquadrar, e eu como uma adolescente rebelde cheia de hormônios recuso isso. - a resposta debochada trouxe à Tzuyu a sensação de que estava conversando com Sana, a antiga Sana.

Essa constatação não a entristeceu, apenas a deixou pensativa o suficiente para manter-se quieta. Não, não existia antiga Sana, Sana continuava sendo a mesma pessoa, somente mudou alguns quesitos em relação à elas. Quando voltassem para o Lions e Sana voltasse a andar com a jaqueta (Tzuyu iria pessoalmente resolver essa questão com o diretor), ela continuaria sendo a vadia de sorrisos arrogantes que intimida os outros alunos. Como lidaria com esse lado de Sana? Muito provavelmente não lidaria, a japonesa nunca permitiria que chegasse aos ouvidos de todos que estavam relativamente juntas.

Tudo bem, pensou, eu prometi tentar. E assim faria, iria tentar, mesmo que já sentisse indícios de irritação só de imaginar Sana levantando a voz para falar consigo na frente dos outros, fingindo uma aversão que não existia mais. Iria dar um jeito de aceitar seu comportamento superior na escola, mas a intimidação com os outros alunos teria que acabar, não seria nunca complacente com as implicações com certos alunos, principalmente os novatos do primeiro ano.

Irritada novamente com o silêncio e já com saudades de Sana agindo como uma boba apaixonada, lembrou-se de um fato muito importante sobre a garota ao seu lado: ela não era muito fã de demonstrar sentimentos. Essa sempre foi uma das reclamações de Nayeon de seu outro grupo de amizade, ela quase nunca reclamava, achando errado compartilhar coisas das meninas populares com suas outras amiguinhas desajustadas, mas às vezes, quando brava demais, acabava soltando frases como "Sana nunca conta nada que acontece" ou "Mina é um demônio na terra".

Sana não sabia demonstrar, ainda assim, fez todas aquelas declarações, preparou encontros e agiu romanticamente, tudo para provar seu interesse. O que Tzuyu tinha feito além de ser um poço de confusão? Agora que decidiram tentar, Sana deve ter ficado envergonhada ou receosa de continuar com toda a melosidade. Inferno, ela nem mesmo a provocava mais como antes.

Aulas Para (com certeza) VirgensOnde histórias criam vida. Descubra agora