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Enquanto minha mãe conversava empolgantemente sobre um assunto que não deveria ser tratado aqui na igreja com a mulher do pastor eu ficava observando as gêmeas brincando de pega-pega, Suri lixando  as unhas e Jaehee conversando com o grupo de garotas que costumavam ser as amigas dela antes de ela se afastar da igreja.

— Woo! — Haru diz e eu me abaixo olhando para ela.— Compra um sorvete para a mim e para a Haerin?

A Haerin é uma capetinha, essa menina é uma malandrinha, manda a pobre da Haru fazer os trabalhos sujos dela porque a mesma sabe que não tem nem um pingo de moral com a minha pessoa.

Lanço um olhar para a outra gêmea e ela me encara com deboche e os braços cruzados de sempre. Semi-serro os olhos e a cara de deboche aos poucos vai se transformando em um sorriso amarelo e sem vergonha.

— Você é podre Jung Haerin! — digo em tom de brincadeira e ela dá uma risadinha.— Tudo bem, fiquem aqui com a Suri que eu já volto.

Saio de dentro da igreja e viro a esquina chegando a sorveteria, peço dois sorvetes, um de chocolate com cobertura de menta e um de menta com cobertura de chocolate. Elas têm gostos um tanto peculiares. Pego as casquinhas com uma mão e procuro pela carteira em meu bolso. Merda. Esqueci em casa.

— Senhora Ga, será que eu poderia voltar aqui e pagar depois? É que eu esqueci a minha-

— Ou paga ou não leva, Jung.— a mulher gorda e com voz grave disse e eu fiz uma careta.

— Aqui está, senhora Ga. Seja mais compreensiva da próxima vez, é normal esquecer a carteira em casa.— San aparece do meu lado e eu fico boquiaberto.

Após o showzinho com a dona do estabelecimento ele me lança um olhar de 'vamos sair daqui'. Caminho para fora da loja e me viro para ele ainda boquiaberto.

— Não precisava...

— Era isso ou deixar as gêmeas sem o sorvete delas, além do mais, Haerin e Haru são garotas legais.— diz ele passando a mão nos cabelos quase avermelhados. Jesus.

Passei maior parte do tempo odiando San e desejando que Jaehee terminasse logo com esse babaca que não percebi que ele poderia ser um bom salva-vidas.

— Bem, obrigado, eu acho.— pretendo me afastar o mais rápido possível mas San segura meu braço.

— Foi mal pelas coisas que eu fiz e tentei ontem a noite, além de ter sido petulante eu não medi minhas palavras quando falei da sua irmã, Jaehee é uma ótima amiga, mas está misturando mesmo as coisas. Não é muito a minha praia, saca? — Choi explica e eu me sinto um completo idiota por estar sempre tendo pensamentos contra ele.

— Tudo bem San. Eu também venho sendo duro demais com você, mas é porque eu não quero que a minha irmã se machuque, como eu sei que ela vai se machucar quando você disser que não quer nada com ela...— digo e ele muda de expressão.— O que foi? Você vai contar para ela não é?

Ele fica estático e não diz nada. Percebo então que aquela conversa não terminaria bem se eu continuasse ali perto daquele pedaço de merda, tirano, enganador de garotas problemáticas.

— Você é vergonhoso. Sério mesmo.— é a única coisa que digo antes de dar as costas e voltar correndo para a igreja.

Jaehee estava comentando sobre San com as amigas dela, deu para notar quando eu cheguei mais perto dela, minha irmã estava tão empolgada achando que ele realmente gostava dela e eu não vou estragar o momento dela. Quem vai contar para ela que a está enganando é o próprio San.

𝐈𝐍𝐂𝐄𝐏𝐓𝐈𝐎𝐍. Onde histórias criam vida. Descubra agora