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29/08/2025

Uma vez quando eu tinha 16 anos meu pai me disse que eu jamais encontraria alguém que fosse digno do meu amor, porque ele não era saudável, era irreal e nada duradouro. Nunca lhe julguei por ter me dito aquelas palavras, afinal, foram elas que formaram meu caráter além de terem me dado certo rumo na vida.

Tudo no mundo é movido a amor. Desde as pequenas ações entre pessoas desconhecidas como ajudar uma senhora a atravessar a rua como um carro 0 km que um rapaz acabou de dar a sua namorada no outro lado da rua.

E sim, eu passei 3 anos da minha vida achando que estava fadado a passar o resto dela sozinho, apenas pulando de relacionamento em relacionamento, conhecendo pessoas em determinado momento e deixando elas irem logo depois até porque nem eu mesmo fazia questão de segurá-las, já que não era justo com nenhuma delas.

Até eu encontrar o Wooyoung.

Existem três fases quando se ama alguém que não pode ser seu.

A rejeição, quando você rejeita qualquer tipo de ideia possível de estar se apaixonando por alguém.

A aceitação, quando você começa a entender que mesmo aquilo sendo errado não pode se privar de amar mesmo que seja a distância.

E a depravação. A depravação já é uma fase que dependendo do desenrolar da sua relação pode acontecer ou não. Se você mesmo assim conseguir ficar com essa pessoa mesmo sabendo que é errado está sendo depravado.

No meu caso eu só passei por duas. A aceitação e a depravação, eu sempre deixei mais que claro que estava apaixonado por ele, só tentava deturpar isso quando estava junto com algum familiar do mesmo, mas fazia isso por ele, porque se fosse por mim já teria gritado aos quatro cantos que o amava e que queria beijar ele até perder o ar.

Só que o Wooyoung sempre foi cético demais e perfeito demais, eu duvidava muito que ele sairia da linha para me dar uma chance depois de tudo que sua mãe e suas irmãs me contaram. Ele era o filho e o irmão de ouro e eu era apenas um adolescente com desejos carnais.

— Você está pronto? — Jaehee perguntou arrumando meus cabelos e sorrindo com o resultado.

— Estou nervoso.— Confessei mordendo os lábios.

— Quando foi pra me dar trair ninguém estava nervoso, não é? Agora pare de se entupir de água antes que você vire um chafariz e saia por aí cuspindo água.— Disse ela autoritária me arrastando para fora da salinha.

Eu mostrei meu verdadeiro eu, meu coração, apenas para os olhos dele. E não me arrependo, espero que ele também não tenha se arrependido de ter me visto como eu sou por dentro.

— Senhor Choi e Senhor Jung. Estamos agora reunidos para oficializar o matrimônio de vocês por meio civil, gostaria primeiramente que fizessem o juramento e em seguida assinassem seus nomes juntamente com os nomes das testemunhas.

Nosso eterno juramento é cuidar um do outro até o final de nossas vidas e se depender de mim farei isso até em outras vidas que virão, porque não se pode medir o amor por uns centímetros de papel. Nem pode definir quem deve amar quem apenas por questão de padrões.

— Os senhores Jung e Choi de acordo com a lei 192157 do Instituto Matrimonial de Casais LGBTQIA+ da Coreia do Sul, estão oficialmente casados.

— Palhaçada, eu achei que tinha vindo aqui porque era um casamento de verdade.— Haerin sussurrou em um canto.

— Não seja burra, ainda não permitiram o casamento gay aqui na Coréia.— Haru lhe deu um leve empurrão rindo de sua cara.

— Isso é uma puta injustiça.

— Eu prometo te amar, te respeitar e cuidar de você até meu último suspiro de vida.— Wooyoung olhou em meus olhos por breves segundos e vociferou as tais palavras segurando meu rosto com as duas mãos.

— Woo não precisamos fazer juramento de-

— Eu sei. Mas eu só queria que soubesse o real motivo de eu ter me casado com você. Isso aqui pode ser só de brincadeira na cabeça de muitos, mas assim como eu, você, eu acho, gostaria de estar se casando legalmente e isso é chato porque a gente se ama de verdade e tem gente que vai se separar daqui um mês e pode se casar no civil só por serem het-

— Woo.— Chamei sua atenção e o mesmo me olhou com os olhos cheios de lágrimas.— Eu amo você demais pra me importar com esses mínimos detalhes, para mim você é meu marido desde que concordamos em nos casar. Não fique incomodado com isso, pode não ser agora, mas daqui há mais 5 anos quem sabe?

— Cadê o beijo dos noivos, eu vim aqui só pra gastar a tinta da caneta? — Suri gritou arrancando um coro de "beijo" tanto da minha nova família quanto dos meus colegas presentes ali.

Com um sorriso acanhado e envergonhado pela pressão dos outros nossos lábios se juntaram, dessa vez sem culpa alguma nos rodeando, era apenas um grande campo que nos envolvia, meio piegas, mas era como eu me sentia naquele momento. Para mim quando estamos com a pessoa que genuinamente desejamos nos tornamos imbatíveis a partir dali, eu tenho a força dele e ele tem a mim.

Para tudo, para sempre.

𝐈𝐍𝐂𝐄𝐏𝐓𝐈𝐎𝐍. Onde histórias criam vida. Descubra agora