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— Woo...— abro os olhos devagar e sinto os dedos finos de Jaehee fazendo uma trilha em minha bochecha não posso deixar de sorrir com aquilo. Ela costumava me acordar assim quando era menor, sinto saudades disso.— Levante, nós precisamos tomar café antes que eles devorem a mesa toda.

Concordo virando para o lado e ajeitando meu travesseiro, eu odiava ter que acordar cedo, e ter que acordar tarde também, eu odiava ter que acordar. Jaehee solta um grunhido baixinho e é só quando eu sinto sua mão entrando no meio das minhas pernas que eu me sobressalto e desperto de vez.

— É isso que eu chamo de dedo no cú e gritaria.— Diz ela com um sorrisinho malicioso no rosto, Jaehee me dá um tapa na bunda e sai da tenda.— Jung Wooyoung é bom você sair desta tenda em 3 minutos se não quiser levar outra dedada.

Me espreguiço e saio da tenda ainda sonolento, não estava fazendo tanto sol e isso era muito bom já que acordar com sol na cara não faz bem a ninguém muito menos a mim que odeio calor e sol. Sigo a mais nova até o refeitório onde todos já estavam terminando suas refeições, o meu grupo de amigos estavam sentados em uma mesa no fundo do local conversando animadamente sobre ontem, era possível escutar o conteúdo porque Mingi não parava de gritar.

— Quer que eu coloque o seu café? — Ela pergunta e eu nego.— Por quê você está tão calado assim?

— Nada demais, é só que eu acabei de acordar.— dou de ombros, eu estava mentindo, descaradamente, quando na verdade eu só estou com vergonha de ficar muito tempo perto da minha irmã, cada minuto que se passa eu só sinto que estou prolongando mais a dor que ela futuramente vai sentir e isso me destrói.

— Tudo bem, quando terminar de fazer sua bandeja estarei ali na mesa te esperando com os outros, sim? — Jae diz e eu nem mesmo respondo, pra falar a verdade eu não sentia nenhum pingo de vontade de comer e muito menos de participar daquela resenha barulhenta, eu só queria passar o resto do dia dentro da minha tenda sem ninguém pra encher o meu saco.

Qualquer coisa eu vou na enfermaria e peço um atestado, entrego ao Nanxi e ele nem vai desconfiar que eu não estou doente de verdade, afinal ele não sabe diferenciar uma pedra de tatu. Coloco apenas coisas básicas na minha bandeja como algumas frutas e me sento na primeira mesa, deu pra notar o olhar dos meus amigos sobre mim, e o que eu menos queria que acontecesse, aconteceu.

— Você tá bem? — San senta em minha frente e quase segura minha mão mas lembra que existem outras pessoas nos olhando.— Woo...

— Para.— peço nervoso e com a voz embargada.— Fica longe de mim, é sério, eu não quero ver e nem falar com ninguém hoje. Será que pode respeitar isso?

O ruivo abaixa a cabeça e concorda saindo da minha mesa e voltando para onde ele estava, todo aquele clima estava me deixando mais triste que o normal, e eu automaticamente perdi meu apetite, logo deixei a mesa sem nem terminar meu "café" e voltei para a tenda. Peguei minhas roupas e segui para o banheiro.

●●●

SAN

— Jae, a gente precisa conversar.— Seguro a mão da garota em minha frente e ela pisca algumas vezes concordando.

— Se for sobre o que eu fiz no rio, eu sei que eu fui muito-

— Sobre o Wooyoung.— Suspiro e ela franze o cenho.— Já tem um tempo que eu e ele, nós....começamos a nos comunicar melhor e...

Quando eu estava prestes a dizer o que eu tanto precisava Ryujin aparece com uma cara não muito boa e fica olhando para nós dois por breves segundos antes de dizer:

— Jaehee, fomos até a sua tenda pra conversar com o Wooyoung e saber o que estava acontecendo com ele e a gente achou ele desacordado.

— O Wooyoung? O meu irmão? Tá mas cadê ele? Vocês levaram ele pra enfermaria né? Pelo amor de Deus Ryujin me diz que o meu irmão tá bem! — a Jung mais nova praticamente berrava e eu a seguro abraçando ela logo em seguida. Certo, agora eu preciso manter não só a minha mas a saúde mental de Jaehee ótima também.

— Calma, o coordenador levou ele pra um hospital na cidade, a enfermaria daqui não tem os equipamentos necessários pra cuidar do Jaehyun. Ele só me pediu para avisá-la.— Ryujin falou e Jaehee não parava de chorar, elas se abraçam e eu fico sem reação.

Saio dali e corro até a sala onde os responsáveis pelo camping ficavam, bato na porta insistentemente até um deles abrir e eu entro sem mais nem menos.

— Preciso que cancele essa droga de acampamento agora e arrume os ônibus para nós alunos irmos embora! — Digo com raiva mesmo sabendo que eles não tinham culpa de nada.

— Meu jovem você precisa se acalmar...

— Não! Eu não vou me acalmar! Foi o MEU namorado que saiu daqui quase morrendo então é bom você arrumar a droga dos ônibus e mandar todos nós para casa, hoje! — disse, meu peito subia e descia muito rápido, eu não parava de suar e se ele não fizesse algo o próximo a desmaiar de nervoso seria eu.

𝐈𝐍𝐂𝐄𝐏𝐓𝐈𝐎𝐍. Onde histórias criam vida. Descubra agora