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Assim que as luzes da minha casa se apagaram, mais ou menos as oito e meia da noite eu saí pela porta da frente e dei de cara com a Range Rover de San e fiquei me perguntando que tipo de merda aquele garoto tem na cabeça. Como ele vem me buscar na porta de casa sem nem saber se as meninas estariam acordadas ou não?

Mesmo assim abro a porta e entro, o ar-condicionado estava no máximo, com toda certeza.

— Você chegou mais rápido do que eu pensei.— comentou ele girando a chave na ponta dos dedos.

— Eu não contava com a sua aparição repentina na minha porta, eu iria até o centro e de lá a gente se encontrava.— explico esfregando as mãos por conta do frio.— Escuta...você pode desligar esse ar-condicionado?

— A-ah claro.— o mais novo faz o que eu pedi e me encara.

— Que é? Vai ficar me encarando? — pergunto ainda tentando me acostumar com a temperatura.

— Você tá...bonito.— San diz e suas bochechas ganham um tom avermelhado. Meu estômago revira novamente e eu me sinto um pouco intimidado, admito.

— Obrigado, cara. Você também não está nada mal.— falo morrendo de vergonha e ele dá partida.

●●●

Chegando ao teatro eu notei a presença de vários casais de diversas idades, aos poucos eu me sentia cada vez mais culpado por ter aceitado vir aqui com ele. Não por conta da Jaehee mas por possivelmente estar criando expectativas não só em San mas em mim também, eu sou um grande responsável pela maioria das minhas ilusões.

Lá dentro faz mais frio do que aqui fora e até mesmo dentro do carro dele, fico assustado em como esses lugares investem nesse lance de climatização.

— Woo, você tá bem? — San me encara mas eu só consigo focar no fato de ele ter me chamado pelo apelido.— Você tá pálido pra caralho, está com frio?

Assinto freneticamente e ele tira sua jaqueta colocando por cima da minha camiseta e me abraçando logo em seguida. Meu Deus, em uma escala 0 á 10 eu não consigo explicar o quão confortante aquele abraço foi, forte o suficiente para quebrar todos os meus ossos mas ao mesmo tempo tão quente quanto um sol de verão.

— S-san, a-as p-pessoas estão o-olhando...— gaguejo ainda por conta do frio.

— Deixe que olhem, você ainda está com frio, não é? — pergunta ele com os olhos nos meus e eu assinto novamente.

E então continuamos ali abraçadinhos, ele me protegendo do frio mesmo com tantas pessoas olhando para nós dois e eu quase morrendo de hipotermia e ao mesmo tempo com medo de me apaixonar pela sensação de segurança que o namorado da minha irmã me transmitia.

— Senhores, nós precisamos fechar as portas, vocês irão entrar ou não? — um homem diz e San para me abraçar dessa vez segurando minha mão e me puxando para dentro da sala.

— Você prefere ficar nas últimas cadeiras? — pergunta ele e pela segunda vez eu me perco em seus olhos. Como Deus pode ter juntado tanta beleza e posto em uma pessoa só? Isso deveria ser um pecado. E quantos os outros 7 bilhões de seres humanos no mundo? — Woo? Você tá aí? — ele sorri dessa vez e eu sorrio junto erguendo a sobrancelha de forma involuntária.

— Em cima e embaixo...

— Wooyoung? Nós só podemos ficar em uma parte, a menos que você queira se sentar longe de mim.— sugere ele e só então eu acordo do transe no qual estava preso.

— Desculpa, muita coisa na mente, acho que nós podemos ficar lá em cima mesmo, deve ser mais reservado das conversas que as pessoas costumam ter na parte debaixo.— dou de ombros desviando meu olhar do dele. San coloca a ponta de seus dedos frios em meu queixo e ergue ele.

— Acho que vou precisar te ensinar a ter contato visual sem ficar em transe...— Choi sussurrou em meu ouvido e eu arregalei os olhos.— Vamos?

Subimos as escadinhas até a última fileira e nos sentamos, aparentemente só nós dois ficaríamos naquela parte da sala o resto das pessoas ficaram mais para baixo e até o espetáculo começar eu e ele começamos a brincar de perguntas e respostas.

— Qual foi a sua primeira impressão de mim? — San morde os lábios discretamente e eu me pego sem saída de responder aquela pergunta.

— Uhm...acho que a que todo mundo deve ter. Eu achei você um cara bonito, gentil e bastante aventureiro se me permite dizer.— me refiro ao dia em que ele estava contando sobre os lugares que viajou.—Principalmente bonito e gentil, olhando para você de uns dias para cá eu cheguei a conclusão de que Deus derramou um caminhão de beleza quando foi te criar...

O avermelhado cora automaticamente e dá um sorrisinho abaixando a cabeça. Mas não era ele que mantinha contato visual?

— E qual é a sua impressão agora?

Engulo em seco e encaro o palco vazio por alguns segundos, se eu fosse dizer tudo que penso dele agora, nós provavelmente iríamos parar em alguma cama.

— Bem, não mudou muita coisa. Mas eu acho você um cara legal e bastante atraente, tenho certeza que você faz muito sucesso entre as garotas do seu colégio, minha irmã é um grande exemplo disso...— San agora trava o maxilar e franze o cenho. Essa é a reação dele toda vez que eu toco no nome de Jaehee.

— Gostaria de fazer sucesso mesmo é com caras como você, infelizmente isso não dá certo, porque quando acontece ou esse cara tem namorado ou tem uma irmã que pode ser uma ponte mas praticamente fode tudo.— ele fala mais rápido do que o normal e eu até me assusto com isso.

De repente a música tema do espetáculo começou a tocar me fazendo virar o rosto para o palco automaticamente. Durante a apresentação do personagem principal sinto a mão de San encostar na minha devagar e coloco meu dedo mindinho em cima do dele, vagarosamente também ele os entrelaça e eu sinto minhas bochechas esquentarem.

O que eu estou fazendo da minha vida?

○○○

— Ei Sannie, não chore, ele não morreu de verdade, você pode mandar mensagens via Direct para o ator...— Brinco com o mais novo que estava chorando a mais de 10 minutos por conta do personagem.

— Ele era tão jovem, por quê o Jason não poderia ter morrido? Ele era do mal...— San se joga em meus braços e eu bato com as costas no carro.— Desculpa.— murmura ele em meio a manha que o mesmo estava fazendo.

Dear, se o Jason morresse a história perderia a graça, não acha? Os vilões fazem a história...— explico ao garoto e ele se afasta de mim limpando as lágrimas.— Está melhor?

Só um beijo verdadeiro para curar tamanha tortura pela qual o meu coração está passando no momento. — ele cita uma passagem da peça e eu não me envergonho em dar-lhe um beijo na bochecha. — Wooyoung...

— Hum?

— Eu posso te beijar? — San coloca as duas mãos em minha cintura e cola nossos corpos.

Minha mente processa tudo rapidamente mas minha ação é devagar, eu pisco algumas vezes e respiro fundo concordando com aquilo.

San molha os lábios e vai se aproximando de mim devagar.

Pare de ser tão pacífico.

Coloco minha mão em sua nuca e puxo ele com força para mim, nossos lábios se chocam e eu sinto com o se não houvesse arrependimento naquele momento, como se o que estivéssemos fazendo não fosse errado e até o momento não era, a língua do Choi explorava cada canto da minha boca e a minha língua faz carinho na sua gentilmente, aperto seus cabelos de leve e ele dá leves mordidas em meu lábio inferior.

— Puta que me pariu de quatro na banheira...— sussurro me afastando dele rapidamente.

— Respeite a tia Hyemin, seu palhaço.— San me dá um tapa na cabeça.

𝐈𝐍𝐂𝐄𝐏𝐓𝐈𝐎𝐍. Onde histórias criam vida. Descubra agora