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Em Seul, onde sempre fazia frio, o sol reinava soberano acima das nossas cabeças, eu sentia calor e me arrependi de ter descido do avião ainda de sobretudo. Yeonjun por outro lado parecia um modelo que havia acabado de voltar de um desfile em Paris.

— Não está com calor? — perguntei ao de óculos escuros.

— Estou ótimo, babe.— Ele sorriu e entrelaçou nossos dedos enquanto esperávamos pelo táxi que nos levaria para o nosso hotel.

Eu me senti mal em recusar o convite da minha mãe de dormir lá em casa, primeiro que se existe algo que as pessoas daquela casa não sabem nada sobre, é privacidade, elas viviam entrando em meu quarto sem permissão ou aviso prévio. Por isso eu mal podia fazer coisas que adolescentes da minha idade faziam por medo de uma das meninas abrir a porta e me pegar no ato.

Meu namorado parece um viciado em sexo 24/7 então acho que o isolamento acústico do hotel não permitirá que meus gemidos sejam escutados por terceiros, bem diferente das paredes do meu quarto onde da pra escutar as coisas sem nem precisar encostar um copo nelas.

Respondo uma mensagem de Jaehee avisando que iríamos aparecer mais tarde para o jantar de noivado. Certeza que a minha mãe é quem está fazendo ela me perguntar de hora em hora se eu vou mesmo, ela deve estar mais ansiosa pra ver o Yeonjun do que pra me rever. Sinto-me traído. O táxi chega e nos leva para o hotel não tão longe dali pelo fato do aeroporto ficar em uma parte bem localizada e luxuosa da cidade.

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— Jaehee eu sei aonde fica a nossa casa tá bem? Eu só mudei de país não fiquei burro de uma hora pra outra.— Revirei os olhos, desligando logo em seguida. Jogo o celular ao meu lado e termino de fechar os botões de minha camisa deixando os dois últimos abertos, arrumo meu cabelo uma última vez e sorrio sentindo o corpo quente do moreno se aproximando do meu. Yeonjun me abraça pelas costas e começa a depositar alguns beijos em meu pescoço, eu sorrio molhando os lábios e ele me vira de frente me prendendo contra o espelho com força.

— A gente vai se atrasar.— Murmurei parando o beijo e encarando a imensidão escura que habitava na iris dos seus olhos.

— Tudo bem.— Ele me roubou um último beijo antes de correr até a cama e começar a se vestir.

Eu estava genuinamente contente pela minha mãe, por ela ter encontrado alguém que a ame e a trate como ela merece. Depois de tanto tempo apenas sendo capacho do pai das gêmeas esse tal otorrino apareceu em boa hora, ela mesmo me confessava que sentia falta de uma companhia masculina já que eu estava estudando em Cambridge. No começo eu fiquei enciumado, claro, nenhum filho homem quer ser trocado por outro cara, mas aos poucos eu comecei a ser mais tolerante com essa história de namorado dela. 

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Ás 8 da noite Yeonjun parou o carro que havíamos alugado pelo tempo necessário em que permaneceriamos em Seul ele estava tão ansioso quanto eu. Descemos e eu tirei minhas chaves do bolso sentindo a nostalgia de entrar em casa, cansado, depois de um dia de faculdade, tomando conta de mim, não pude me privar de sorrir pequeno e empurrei a porta notando o olhar de todos os meus familiares caírem sobre mim, desde as minhas tias de Daegu, — que por acaso me odeiam por eu ser gay — até meus outros familiares vindos de Cheongdam. Minha mãe sorriu largo quando percebeu nossa presença e veio correndo até nós me abraçando primeiro.

— Querido eu estava com tantas saudades de você.— Ela me apertava forte e eu também. Sua voz ficava embargada aos poucos e eu me afastei dele limpando as primeiras lágrimas prestes a cair.

— Omma não chore agora, sim? Vai estragar sua maquiagem, a senhora está linda! — Disse deixando um beijo em sua testa e ela concordou indo cumprimentar Yeonjun.

Ele era um britânico nativo e embora tivesse descendência asiática, o Choi não sabia trocar muitas palavras em coreano, isso era meio engraçado.

— O-olá senhora Jung.— Disse o mais alto cuidando para não se atrapalhar nas palavras.

— Olá meu amor. É um prazer finalmente te conhecer.— Ela o abraçou.— Venham eu vou apresentar vocês ao Hyeongsuk.

Seguindo minha mãe eu passei pelas minhas tias sem nem sequer olhar na cara delas, Yeonjun bobinho do jeito que era acenou para todos e recebeu a mesma hospitalidade de todos que estavam sentados no sofá. Ah se ele soubesse o quanto essas pessoas já me fizeram sentir mal e culpado pelo que eu sou.

— WOO! — Haru gritou atraindo o olhar das minhas outras irmãs e um coral de "Woo" e "Wooyoung" foi escutado por todos que estavam no quintal.— Eu senti tanto a sua falta!

— Sai Haru é minha vez.— Haerin empurrou a gêmea e apertou minha cintura com força em um abraço.

— Minha vez. Sai daqui.— Suri arrancou Haerin com força de perto de mim e me abraçou dando tapas fortes em minhas costas, de propósito tenho certeza.

Olhei para Jaehee e ela olhou pra mim. Depois da última discussão que tivemos a gente nunca mais se falou, sempre que eu e a mamãe fazíamos facetime eu falava com todas as meninas, mas Jaehee nunca estava em casa, ou estava e pedia para não falar comigo, mas eu sempre quis saber notícias sobre ela.

— Jae...— Sua ação foi abruptamente abrir os braços e vir me abraçar, eu sentia que estava em uma daquelas cenas de drama com slow motion, eu senti tanta falta da presença dela, do cheiro dela, do sorriso dela.

— Me desculpa.

— Está tudo bem. Não chore, ok? Você está muito bonita para chorar.— Acariciei seu rosto.— Ah meninas esse aqui é Choi Yeonjun, meu namorado.

— Oi meu nome é Jung Suri eu sou a segunda irmã mais nova do Woo, ao seu dispor.— A loira piscou mordendo o canto da boca e eu encarei ela nada contente.

— É um prazer.— Ele sorriu.— Vocês devem ser as tão faladas Haru e Haerin.

— Na verdade é Haerin e Haru.—Haerin disse.— É que eu nasci 3 minutos antes, sabe, sou a mais velha.— Ela soltou uma risada esganiçada.

— Jaehee, eu procurei por toda a parte mas não achei o- — Encaramos o ruivo parado ao lado de Jaehee e meu coração congelou. Eles ainda estavam juntos.—...Woo?

— San. Oi.— sorri amargurado.— É bom ver você.

𝐈𝐍𝐂𝐄𝐏𝐓𝐈𝐎𝐍. Onde histórias criam vida. Descubra agora