Capítulo 11 - Resquícios de memórias e arrependimento

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[…]

A semana passou lentamente, minha rotina variando apenas um pouco no tempo em que eu passava na estufa-estúdio. Eu até consegui adicionar algumas suculentas novas que o jardineiro simpático que veio na quinta feira me arrumou, deu um ar mais vivo ao ambiente ver aquelas plantas pequenininhas e delicadas espalhadas pelas prateleiras e perto das janelas, até me inspirou um pouco.

Minha relação com Eli continua meio morna desde o nosso beijo, não sei se consigo me aproximar dele de novo, parece que ele conseguiu construir mais um muro nós últimos dias – o que eu achava impossível, mas claramente não é.

Na estufa, olho em volta para ver o fim do meu trabalho árduo e fico satisfeita vendo tudo em seu devido lugar, tudo organizado e harmônico. Vou até meu cavalete velho e manchado com tintas de vários tipos e cores, uma lembrança de todas as telas que pintei ao decorrer dos anos. Meu único arrependimento é não ter pedido para minha mãe mandar algumas telas e pincéis novos, agora vou ter que comprar e nem sei onde fica nada em Harlley, mas se surgir alguma coragem no meu corpo exausto, eu vou lá para explorar um pouco, talvez Briana tenha algum guia turístico ou lugar para recomendar.

Antes de dormir na sexta feira, decido passar no quarto de Elijah para ver se ele está bem, depois de tantas não conversas que tivemos, ele passou a disfarçar melhor quando está insatisfeito com alguma coisa. Mas pelo menos ele não tem mais sido um idiota, espero que seja definitivo e não temporário essa lua dele.

Bato em sua porta e espero ele abrir.

— Ei, Chicago, precisa de algo? — Ele pergunta com a voz meio enrolada e eu sinto de longe o cheiro de álcool, Jackson sempre chegava em casa com esse cheiro.

— Só queria ter certeza de que você está bem antes de ir dormir, mas claramente aconteceu alguma coisa. — Ele bufa e pega uma garrafa de vodca pela metade. — Você pode falar comigo, Eli.

— Não quero falar com você, Chicago. — Ele adentra o quarto e deixa a porta aberta, eu encaro como um convite e entro atrás dele. — Você é a mais inconveniente de todas, sabia?

— Sou? — Ele bebe um longo e demorado gole.

— Sim! Você é! Você fica por aí mudando as coisas, você não se importa com o que eu digo, principalmente quando eu digo que quero ficar sozinho! — Ele ri com desdém e bebe novamente.

— Você fica sozinho, Elijah. Você sempre fica sozinho. Porque sempre que eu tento me aproximar de você, você recua, ou me afasta, então se fecha, como tem feito nos últimos dias. E por quê? Consegue me dar uma resposta coerente?! — Falo irritada, mas quando ele vai beber de novo, eu fico puta da cara!

Me lanço sobre a mão dele e pego a garrafa.

— Já chega disso, vai se afogar nessa merda?!

— Por Deus, é tudo o que eu quero! — Vejo seus olhos marejarem e seu pomo de Adão subir e descer em um soluço. — Eu só quero parar com tudo isso… eu deveria ter morrido quando Jess pisou naquela mina! — Ele grita para mim e depois se senta na cama, coloca o rosto entre as mãos e chora.

Sem saber o que fazer, eu aperto as mãos em torno da garrafa o mais apertado que eu posso, a dor que ele está sentindo irradia para mim e parte meu coração. Enquanto ele chora intensamente com o rosto escondido entre as mãos, eu me ajoelho em sua frente e deixo a garrafa de lado para segurar suas mãos.

— Você pode não acreditar, Eli, mas eu me importo com você. — Tiro suas mãos da frente dos seus olhos, mas ele mantém a cabeça baixa. — Por favor, olhe para mim. — Posso ver ele lutando contra isso, mas ele olha para mim ainda assim.

Por Todas As Estrelas No Céu, Amarei VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora