Capítulo 23 - Alegria, dor, ódio e rancor

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— Espero que sim, querida. Você sabe o que eu acho de Jackson. Ele não é bom para você, ele não te faz sorrir, não como você sorria antes dele. Você está feliz, Hayden? — Eu engulo em seco e seguro a respiração, levo os pratos para a pia e começo a lavar.

— Claro.

Mas como se fosse algum tipo de punição pela mentira descarada, o gosto amargo do bile sobe pela minha garganta e eu não consigo segurar, só tenho tempo de correr até a mesa, pegar uma sacola que estava jogada lá e vomitar.

— Hayden! — Minha mãe diz alto e com um tom preocupado, logo Jackson e Ayla entram na cozinha também.

— O que aconteceu? — Jackson pergunta da porta da cozinha enquanto Ayla vem para o meu lado.

— Estou bem, só me senti enjoada de repente. Acho melhor a gente voltar para casa Jackson.

— Sim, precisa descansar.

Ayla diz e eu levanto o rosto para ter certeza da reação de todos, os três me olham preocupados, mas minha mãe claramente está tendo um pensamento obscuro e, conhecendo como a conheço, em algum momento ela vai me dizer o que é mesmo que eu não queira ouvir.

— Não acha melhor dormir por aqui? — Ela diz e eu fecho os olhos para uma não visualização triste e prolongada.

Respiro fundo e endireito minha postura, jogo a sacola no lixo e ajeito minhas roupas, coloco o cabelo atrás da orelha e coloco uma mão no ombro da minha mãe para lhe passar mais confiança.

— Estou bem. — Sorrio para ela. — Se daqui para mais tarde eu passar mal de novo, Jackson vai me levar para o hospital. Certo? — Falo olhando para ele, que concorda rapidamente.

— Sim, claro que sim.

— Acho bom mesmo.

Minha mãe lhe lança um olhar mortal que não passa despercebido por nenhum de nós, irritantemente, Jackson olha pra mim do mesmo jeito, logo eu volto a sentir o gosto amargo do bile, mas não chego a vomitar novamente na casa da minha mãe, só o faço quando chego em casa.

— Que porra sua mãe quis dizer com aquilo? — Ele pergunta enquanto eu escovo os dentes.

— Aquilo o que? — Enxaguo a boca e seco em seguida, encarando-o pelo reflexo do espelho acima da pia.

— Não se faça de sonsa, Hayden. O que ela quis dizer com “acho bom mesmo”? Você disse alguma coisa para ela? — Franzo o cenho e vou até o meu guarda-roupa para pegar um pijama.

— Não disse nada a ela, você estava comigo o tempo todo, não lembra da conversa que tivemos durante a noite toda?

— Tsk. — Seu tom é sarcástico. — Como se você não pudesse simplesmente ligar para ela… ah, é mesmo, seu celular “caiu no vaso”.

Ele ri alto e eu cerro os punhos com força. “Cair no vaso” foi o que eu disse para todo mundo depois que ele jogou meu celular no chão e pisou em cima durante outra  crise de ciúmes. Agora ele está no concerto, mas não tenho muitas esperanças de ele que voltará funcionando totalmente, pois o estrago foi grande, principalmente porque essa é a segunda vez que ele quebra o meu celular, provavelmente terei que comprar outro.

— Tanto faz, Jackson. — Começo a tirar a roupa e visto meu pijama rapidamente.
— Esses enjoos de repente… espero que não esteja grávida. — Meu sangue congela e eu coloco uma mão sobre a barriga, há uma possibilidade, embora pequena, talvez seja realmente isso.

— Acredite em mim, você não é o único aqui que não quer filhos.

Outra mentira. Eu quero ter filhos, mas não com o Jackson, isso é fato. Mas essa possibilidade, essa minúscula chance de eu estar grávida, me deixa dividida entre um medo arrasador e uma alegria tremenda. O que eu devo fazer? Essa pergunta ecoa pelo meu cérebro e coração, reverberando em meus ossos, sacudindo minha alma. Como vou criar uma criança quando estou presa a Jackson tão terrivelmente? Não posso fazer isso com ninguém, especialmente com um filho meu! Isso não pode estar acontecendo.

Por Todas As Estrelas No Céu, Amarei VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora