Capítulo 6 - Uma moeda por suas mentiras

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Eu penso um pouco sobre como deveria respondê-lo, mas ao invés de fazer isso, eu engulo em seco e desvio o olhar me sentindo muito pressionada por seus lindos olhos cor de avelã, meio esverdeados com essa luz.

— Não sei o que você quer que eu diga, não tenho nenhum outro motivo. — Ele solta uma risada, pela primeira vez o ouço rir.

— Mentindo de novo. — Ele segue até às anilhas e pega algumas bem pesadas. Eu o encaro descaradamente. — Você vai treinar também ou vai só ficar olhando?

— Só ficar olhando, eu sou gostosa por natureza, querido. — Os olhos dele me alcançam do outro lado da sala e eu sorrio enquanto ele me fita.

— Percebi. — Mordo o lábio inferior. — Está tentando me seduzir?

— Está funcionando?

— Sinto muito, Chicago, mas não. — Cruzo os braços e os tornozelos após sentar em uma das máquinas.

— Hayden! — Falo o repreendendo.

Ele está me provocando, mas dois podem jogar esse jogo...

Meu queixo cai quando ele tira o moletom, se posiciona no supino e começa uma sequência de dez enquanto levanta quarenta e cinco quilos em casa lado. Eu retiro o que eu disse sobre dois poderem jogar esse jogo de provocação, acho que não posso competir com isso!
Eu desvio o olhar me sentindo levemente desconfortável, embora muito atraída, e encaro meu reflexo no espelho para evitar ficar secando descaradamente enquanto Elijah faz, descaradamente, sem camisa, seus exercícios. Mas encarar a mim mesma no espelho me faz pensar: eu gosto do meu corpo, estou perfeitamente confortável com ele, principalmente com minhas tatuagens e minhas cicatrizes, elas fazem de mim quem eu sou, mas também contam muito sobre mim e minha história, e é por isso ando sempre com essas roupas que as cobrem, para que os outros não vejam a mim e me julguem pelo o que acham que eu sou. Além disso, eu gosto do estilo vintage, embora eu varie de vez em quando.

Olho para o Eli ainda pelo reflexo do espelho, concentrado em sua própria força e no que está fazendo agora, não sei se ele sabe o quão bonito é, mas com certeza ele tem vergonha das cicatrizes dele, ou medo do que elas podem lembrá-lo. Acho que consigo entender o que ele está sentindo emocionalmente, mas nem imagino o que foi que ele passou para ter tantas espalhadas por seu corpo. Seu rosto, suas costas… algumas mais superficiais nos braços e uma bem sutil no peito – não que eu esteja realmente prestando atenção.

De repente um baque do metal me tira dos meus devaneios e chama minha atenção para o meu paciente terrivelmente confuso e misterioso, eu me levanto e vou em direção a porta.

— Onde vai? — Olho para ele por cima do ombro.

— Você passou o dia todo me pedindo para te deixar só, agora que estou indo embora por vontade própria, quer que eu fique? — Sorrio maliciosamente.

— Saia daqui, Chicago. — Eu rio alto e lhe lanço uma piscadinha totalmente sem vergonha.

— Com prazer, Sr. Allen.

Ando de volta a cozinha para comer alguma coisa, mas acabo encontrando com David no Hall, ele está empilhando algumas caixas, só que eu reconheço o baú e corro para ele em alegria.

— Finalmente! — Digo sorridente.

— Hayden, acredito que isso aqui seja seu. — Concordo com a cabeça e abraço uma caixa longa e fina, onde deve estar meu cavalete.

— Sim! Mal posso esperar para organizar tudo.

— Imagino que sim. — Me agacho e abro meu baú, onde tem roupas e alguns potes de tintas e pincéis em suas devidas repartições. — Você pinta?

Por Todas As Estrelas No Céu, Amarei VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora