Capítulo 27 - Não há como negar

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Eu ando pelas ruas fazendo anotações mentais dos lugares mais bonitos, tiro algumas fotos e exploro os pontos turísticos.

As praças são adoráveis, as pessoas são amigáveis e todas foram gentis quando eu precisei pedir informações, está tudo correndo perfeitamente bem. Não sabia que precisava tanto fazer isso, respirar esse ar, andar por aí sem um objetivo certo, poder entrar nas lojas e comprar o que eu quiser sem me preocupar, ou até mesmo não ter preocupações com Jackson, é libertador!

Observo os pássaros voando tranquilamente e pousando nos fios dos postes, tão tranquilos e livres, cantarolam a melodia mais graciosa em seu tom mais divino.

Paro na frente de uma livraria e entro para ver se tem algo melhor que biografias, estou cansada disso.

— Bom dia! — Diz um jovem animado atrás do balcão na entrada.

— Bom dia. — Respondo com um sorriso e dou mais alguns passos para dentro do estabelecimento.

— O que está procurando? Posso te ajudar? — Ele parece ansioso, provavelmente está trabalhando aqui a pouco tempo.

— Sim, estou procurando por alguns livros de romance. — O rosto dele se ilumina e ele assume a linha de frente.

— Siga-me! — Andamos por algumas estantes até que chegamos na seção desejada. — Você não é daqui, é?

— Perdão?

— Desculpe, não quis ser indelicado, é que seu sotaque é muito diferente do meu. — Eu concordo com a cabeça.

— Sim, eu sou americana, estou aqui a trabalho.

— Entendi. Mas então, tem algo em mente?

Passo meus dedos sobre as lombadas dos livros, até que me deparo com O Morro dos Ventos Uivantes como se fosse um, abro um largo sorriso  e o tiro da estante rapidamente.

— Esse.

— Perfeito. — Diz e voltamos para o caixa, mas o único pensamento que tenho é: Eli vai ler esse livro nem que eu tenha que encher o saco dele para sempre.

Mais algumas horas se passam e consegui visitar mais três lojas, comprei algumas roupas de frio a mais e ainda consegui achar um pequeno estúdio de tatuagem fofo que eu com certeza vou voltar em algum momento.

Há muitos sentimentos lutando por um lugar em minha mente e coração agora, me dividindo em mil para que eu consiga lidar com eles. É doloroso, não vou negar, mas existe alguma paz nessa dor, pois isso só significa que eu posso amar mais de um lugar, posso ter um lar em mais de um lugar, e isso é incrível. Por muito tempo eu achei que não tinha um lugar no mundo. Por muito tempo eu acreditei que o significado de pertencer a algum lugar era o fato de eu sentir falta dele. Bem, talvez isso não seja totalmente verdade, afinal. Me sinto em casa em Chicago, me sinto em casa em Harlley. Mas estou onde deveria estar? Estou fazendo a escolha certa? Muitas perguntas na mente.

Minha mãe sempre me disse para seguir meu coração, disse que ele saberia o que fazer e que me guiaria pelo melhor caminho para mim. Mas o que eu devo fazer quando meu coração se encontra em uma encruzilhada emocional como essa? Há alguma metáfora sobre isso? Será que algum filósofo falou sobre isso em algum momento? Talvez Shakespeare tenha escrito uma peça que falava sobre esse impasse, mas não posso me dar ao luxo de ler todas as suas obras agora a procura de respostas. Talvez o que eu quero saber esteja bem na minha frente e eu não consigo ver ainda, talvez eu só tenha que ser um pouco mais paciente com isso tudo, afinal muitas de minhas expectativas sobre esse lugar e essas pessoas já foram gloriosamente quebradas, tudo o que achei que daria errado, está dando certo, talvez eu esteja no caminho do meu coração realmente.

Por Todas As Estrelas No Céu, Amarei VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora