Capítulo 8 - Persistência

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Meu alarme toca às cinco mais uma vez e eu me levanto me sentindo determinada. Ouço a porta de Eli abrir e fechar, assim como ontem, mas dessa vez não espero que ele saia da casa para fingir um encontro.

— Bom dia! — Falo animada e ele olha para mim sem uma expressão certa, mal parece que ele está me vendo.
Ele não responde, só volta a andar dolorosamente lento, mas eu o sigo até o tal elevador de carga que o David tinha comentado.

— Não preciso de companhia. — Arqueio uma sobrancelha.

— De acordo com seu pai, você precisa. Mas, de acordo com você, o que você precisa é de vigilância suicida. De qualquer forma, como eu estou aqui para realizar qualquer uma das dessas funções, então acostume-se com a minha presença. — Entro com ele no elevador e ignoro o palavrão que ele sussurrou. — Eu não vou embora, não importa o quão mal você me trate. Você tinha razão, eu não fui sincera. Mas existe um motivo para eu ter vindo de tão longe para trabalhar numa cidade no meio do nada, se isso não é o suficiente para você, eu sinto muito, mas é tudo o que você vai ter.

Ele me olha com os olhos semicerrados, encostado na parede do elevador ele bate sua bengala no chão de metal algumas vezes antes de apertar o botão para descer.

— É o suficiente, por enquanto.

Só então eu encontro alguma coragem para olhar diretamente para o seu rosto, ele parece cansado, talvez eu não tenha sido a única a ter uma noite difícil.
O elevador para e nós descemos dele lado a lado, ando no seu ritmo, sem pressa. Passamos pela cozinha ainda vazia e seguimos para o lado de fora em silêncio.

— Agora você pode seguir seu caminho. Não preciso da sua companhia, ou vigilância, enquanto caminho.

— Mesmo? Posso começar minha corrida e te deixar por conta própria?
Ele apoia o peso do seu corpo imenso na bengala e me encara com seus olhos avelã, um tom esverdeado aparece iluminado pela luz do sol recém nascido ao leste.

— Você chama aquilo de corrida? — Cruzo os braços retomando meu ar de provocação que havia perdido temporariamente por algumas horas.

— Sim, vocês chamam de que aqui na Inglaterra? Chá? — Ele coloca uma mão no rosto.

— A única coisa que você sabe sobre a Inglaterra é que gostamos de chá? — Dou de ombros com um sorriso travesso nos lábios.

— Não, eu também sei que todos os ingleses são metidos e super engomadinhos. — Ele me olha em desafio.

— Bom, eu não poderia esperar nada menos de uma estadunidense. — Seu tom sarcástico me deixa brava, mas ele volta a andar e eu o acompanho.

— Ah, qual é, nós dois sabemos que você me acha fascinante. — Ele solta o ar pelo nariz.

— Sabemos?

— Claro que sim. — Digo convicta.

— O que sabemos é que você adora meu sotaque.

Se eu tivesse bebendo alguma coisa, provavelmente teria me engasgado! Olho para o lado oposto a ele para que ele não me veja corar.

— Não seja ridículo. — Dessa vez ele ri.
Quando ele ri assim, eu quase esqueço o quão babaca ele consegue ser.

— Tá, mas voltando ao assunto. Você corre totalmente errado, se continuar correndo daquele jeito, vai ter lesões. — Minhas sobrancelhas erguem de surpresa.

— Então você conseguiu olhar para outro lugar que não fosse minha bunda enquanto eu corria? — Ele se inclina um pouco para baixo, apoiando seu peso na perna boa e na bengala novamente.

Por Todas As Estrelas No Céu, Amarei VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora