Capítulo 12 - Isso é sobre acordar no dia seguinte

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Nota da autora:

Como vocês estavam me pedindo muito por atualização (e como eu sou cadelinha de vocês) eu decidi atualizar mais um capítulo, mesmo que eu tenha postado o anterior faz só um dia. O próximo deve vir lá pra sexta, mas espero que gostem.
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Quinze minutos depois, ouço o caminhar familiar de Elijah se aproximando, olho na direção do barulho e o vejo passar pela porta da cozinha parecendo determinado. Ele se aproxima e se senta no degrau da banheira. Seus olhos passeiam pelas minhas tatuagens expostas, sua expressão é uma mistura de admiração e surpresa.

— Se veio aqui para me expulsar de novo, faça logo, já estou imune a você. 
Ele respira fundo e olha para qualquer lugar menos para mim, e fica assim por longos e torturosos  minutos.

— Eli… — Começo mas ele me interrompe.

— O que suas tatuagens significam? — Ele ainda está bêbado, mas perece mais focado que antes pelo menos.

— Você vai lembrar amanhã a resposta que vou te dar agora?

— Talvez sim, talvez não. Você pode mentir para mim, ou falar que não é da minha conta, tanto faz. — Eu solto uma risada desdenhosa.

— Elijah, você é um idiota. — Ele ri sem humor, mas então seus olhos lindos encontram os meus.

— Acredite em mim, eu sei. 

Uma brisa fria passa, eu encolho os ombros e me afundo mais um pouco na água agora quente. Movo meu corpo para ficar mais perto dele, para ter certeza de que não vou perder nenhuma expressão de tristeza, de vulnerabilidade.

— Não. Me desculpa, você não é um idiota, apenas age como um. 

— Eu não sou mais o homem que já fui, mas esse sou eu agora, é uma droga, mas é o que é. 

Não sei o que ele passou, mas definitivamente conheço essa sensação. Tiro minhas mãos da água e mostro meus pulsos para ele.

— Lembra que, no jantar que tivemos, você me disse que seu pai manda “pessoas como eu” para ficar aqui e impedir que você se mate. E depois me perguntou o porquê disso ter me afetado tanto. 

Ele segura minhas mãos com cuidado enquanto examina as longas cicatrizes que vão do meu pulso até metade do antebraço. 

— Elijah, eu quase morri. — Minha voz falha no final e uma lágrima escorre pela minha bochecha, mas eu a limpo rápido. — E eu que fiz isso comigo mesma. Se minha irmã tivesse chegado na minha casa dez minutos depois, eu não estaria aqui agora. — Contenho um soluço e limpo meu rosto. — Eu sei como é se sentir incapaz de mudar as coisas, eu sei como a culpa pode ser difícil de carregar e eu sei, principalmente, como é perder alguém que é muito importante para você.

Tento puxar minha mão da dele, mas ele segura mais firme e me olha de uma forma que ninguém me olhou antes, não com pena, mas com compreensão. Ele leva meu pulso aos lábios e beija a pele sobressaltada da minha cicatriz. O carinho e a intimidade desse ato são tão intensos, que enche meu coração de algo totalmente novo, isso rompe minhas represas e cria rachaduras em meus muros.

— Como você conseguiu? — Ele pergunta em um sussurro, quase suplicante, mas eu espero que ele continue a falar. — Como conseguiu passar por isso? — Eli olha para mim enquanto massageia minha pele com o polegar.

— Quando eu acordei no dia seguinte, minha irmã me deu uma bronca gigantesca, eu nunca tinha visto ela daquele jeito na minha vida. Ela disse que eu não podia ser tão egoísta, que eu não podia deixar ela e a minha mãe daquele jeito… — Ele finalmente solta minha mão e eu limpo mais das minhas lágrimas. — E ela chorou tanto e por tanto tempo, que soluçava mesmo depois que não haviam mais lágrimas. Depois minha mãe chegou e me abraçou apertado, abraçou minha irmã e, vendo as duas tão abaladas daquele jeito, nada nunca foi tão difícil… estar viva quando pensava que não havia mais motivos para viver, e então perceber que elas eram o melhor motivo para viver que eu poderia pedir, aquilo ascendeu algo em mim que eu tinha perdido há muito tempo.

Por Todas As Estrelas No Céu, Amarei VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora