Capítulo 21 - Quem eu costumava ser

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Meu celular toca novamente no quarto e eu fecho os olhos com força, abraço meus joelhos e afundo meu rosto entre eles.

— Quer que eu atenda?

— Não posso te pedir isso, Eli. — Fungo e seco as lágrimas.

— Você não pediu, eu me ofereci. — O toque insiste e eu solto um longo suspiro derrotado.

— Tudo bem, mas se for ele, pode jogar o celular pela janela. — Ele apenas concorda e sai do banheiro, mas volta segundos depois com meu celular ainda tocando.

— Ayla. É sua irmã, não é? — Concordo e me levanto, pego o celular com as mãos trêmulas e atendo.

— Ayla? Já passam da meia noite aqui, está tudo bem?

Tento soar o mais calma possível, mas simplesmente não consigo quando a escuto soluçar. Meu coração aperta e eu coloco uma mão sobre o peito. Eli me puxa para um abraço, o que me dá um pouco mais de forças.

— Hayden… me desculpa, me desculpa! — Meu coração acelera, me sinto começar a suar frio, ela não é de chorar.

— Se acalme e me fale o que aconteceu. — Pior do que está não pode ficar, certo?

Mas ela não consegue parar de chorar, escuto um movimento lá e outra voz assume a ligação, a voz da minha mãe.

— Querida, antes de tudo, não foi culpa da sua irmã. — Ela não parece muito melhor que a Ayla, para o meu azar.

— Mãe, por favor, não enrola e me fala o que houve. — Eli massageia minhas costas suavemente.

— Foi o Jackson, ele a parou na rua perguntando de você… ele a chantageou, disse que nos mataria, Hayden. Ayla acabou falando que você estava na Inglaterra, eu sinto muito, meu amor, eu sinto muito. — A voz dela é desesperada, chega a doer em mim fisicamente ouvi-la tão emocionada.

— Mãe, me escuta, ele não sabe que eu estou em Harlley.

— Sim, filha, mas… — Eu a interrompo.

— Eu sei. Ele ligou para mim.

— Meu Deus, Hayden, você tem que voltar para casa agora! — Me aperto mais contra Eli.

— Não quero mais fugir mãe, eu não posso mais.

— Querida, você sabe do que ele é capaz, você sabe o que ele vai fazer se te encontrar. Não posso te perder, Hayden. Nós não podemos te perder, meu amor. Por favor, por favor, volte para casa. — Sua voz falha num soluço contido.

— Mãe, por favor, coloque no viva voz, há algo que eu gostaria de falar para você e para a Ayla.

— Tudo bem… — Ouço o bipe e respiro fundo.

— Gente, eu amo vocês mais que tudo, mas… — Me afasto para olhar nos olhos de Elijah, não há medo nos olhos dele. — Eu estou segura. Prometo que não vou deixar que Jackson me machuque novamente, mas preciso que acreditem em mim.

— Nós acreditamos, meu amor, mas temos medo por você. — Entrelaço meus dedos nos de Elijah e sorrio quando ele sorri para mim de forma gentil e encorajadora.

— Eu sei, eu também estou com medo. Mas já está na hora de eu ser corajosa por todos os anos que não fui. Aconteça o que acontecer, vou lutar até o fim, eu não vou desistir de novo.

A linha fica em silêncio por alguns segundos enquanto eu encaro a expressão confusa de Eli, dou um beijo breve em seus lábios, me sentindo mais leve do que nunca, falar tudo isso finalmente, me enche de esperança. Eu não vou desistir nunca mais. Já passou da hora de eu ser quem sou novamente, preciso encontrar a mim mesma mais uma vez, precisa saber quem sou, tive coragem de viver de novo, agora preciso realmente viver.

Por Todas As Estrelas No Céu, Amarei VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora