Capítulo 34 - Ainda, pesadelos...

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Eu acordo algumas horas depois sentindo Eli se mexer. Abro os olhos lentamente, tentando espantar o sono quando os murmúrios se transformam em palavras audíveis e, em seguida, gritos. Eli se mexe mais e noto o suor em sua testa, escorrendo na linha do cabelo.

- Não! - Ele grita e eu me levanto para acender a luz. - Owen, abra os olhos! Por favor... - Visto a blusa dele que estava no chão e me sento ao seu lado na cama.

- Eli, calma, você está sonhando. - Seguro os ombros dele com cuidado e então coloco uma mão na bochecha dele. - Ei, querido, consegue me ouvir? Você está seguro, está tudo bem. - Ele segura meus pulsos com força e abre os olhos enquanto sua respiração fica ainda mais irregular. - Elijah?

- Não! Fique aqui, por favor! - Ele se senta, o suor escorrendo pelo seu rosto e peito. - Abre os olhos, Owen! - E então ele começa a chorar lágrimas grossas.

- Querido... - Seguro seu rosto com ambas as mãos e espero alguns minutos, até que finalmente ele acorda.

- Hayden, eu... - Eu o puxo para um abraço apertado.

- Eu sei. Está tudo bem.

Não sei por quanto tempo eu o segurei em meus braços, mas foi tempo suficiente para o sol começar a clarear o céu, que ganha tons rosados e alaranjados antes de ficar azul claro.

- Desculpe. - Ele diz ainda com a testa apoiada em meu ombro e seus braços apertam em volta da minha cintura, mas pelo menos sua respiração está mais regular agora.

- Não se preocupe com isso. - Alguns minutos mais se passam até que ele se afasta.

Eli segura minhas mãos e as levam até seu rosto, fazendo carinhos nas costas delas com o polegar. O jeito como ele fecha os olhos e respira fundo é tão doce, ele parece tão vulnerável e, ao mesmo tempo, tão seguro e calmo, bem mais calmo que antes. Elijah finalmente abre os olhos e encontra os meus no meio do caminho, ele beija a palma da minha mão direita e então a da esquerda, antes de se inclinar e beijar meus lábios brevemente. Ele apoia a testa na minha e respira fundo de novo, uma pequena ruga de preocupação se forma entre suas sobrancelhas enquanto ele pensa sobre o que dizer.

- Obrigado por ser você, Chicago. - Eu sorrio para ele e beijo as maçãs do seu rosto.

- Essa sou eu, a Cidade dos Ventos! - Digo brincalhona, na esperança de aliviar um pouco o clima, eu percebo que funciona quando os lábios dele se torcem em um sorriso fino.

- Pelo amor de Deus... - Ele resmunga e eu o empurro para cair de costas sobre os travesseiros macios. - Seu sorriso.

- O que tem meu sorriso? - Meu Deus, o jeito que ele me olha... eu mal consigo me concentrar, não haveria formas de me encontrar se eu me deixar perder na intensidade desse olhar.

- É incrível acordar e você ser a primeira pessoa que vejo. As vezes não acredito que você é real, sinto como se fosse acordar de um sonho a qualquer momento, mas, se for um sonho, não quero acordar mais. Definitivamente. - Eu franzo a testa para ele e belisco a pele do abdômen dele. - Ei!

- Não fale coisas bobas como essa! Eu sou de verdade, assim como você, e nós dois. - O peito dele sobe e desce tranquilamente enquanto ele mexe no meu cabelo. - Vamos, hora de levantar. - Ele geme em protesto, mas eu me levanto mesmo assim.

- Estou de ressaca, você não?

- Claro que estou, mas ainda sou sua cuidadora e você está bem descuidado, na minha opinião. - Falo enquanto visto a roupa. - Estou pegando muito leve com você ultimamente, não acha?

- Bom, eu não diria que você "pegou leve" ontem a noite... - Eu sorrio, de costas para ele, claro, se eu for olhar para ele agora, vou subir em cima dele de novo e tirar a roupa que eu acabei de colocar.

- De qualquer forma, vou tomar banho agora, você também deveria. - Mais um gemido de protesto é deferido, mas ele se levanta.

- Você vem comigo? - Quando eu levanto os olhos para olha-lo, tenho a visão perfeita que é Elijah Allen totalmente nu. O desgraçado é a tentação em pessoa.

- Eli, se eu ficar agora, nenhum de nós vai sair desse quarto o resto do dia. - Ele ri e vem até mim, me dando um beijo na bochecha e depois nos lábios.

- Okay, vejo que você está particularmente determinada essa manhã. Encontro você lá embaixo? - Concordo com a cabeça.

Vou praticamente correndo para o meu quarto, mas bem nas pontas dos pés. Ainda é muito cedo, mas é melhor prevenir que remediar, já que a Briana é silenciosa como um rato quando ela quer.

Tomo um banho rápido, visto uma roupa de academia, prendo meu cabelo e desço para encontrar Eli na cozinha, tomando uma xícara de café preto e fumegante. Ele sorri quando me vê e me serve uma xícara também, bebemos tranquilamente e logo saímos. Como ainda é realmente cedo, a Briana ainda não chegou.

Caminhamos rápido, quase trotando, enquanto conversamos sobre coisas como o tempo, a paisagem e como esse lugar é imenso.

- Qual o tamanho da propriedade? Sinto como se pudéssemos andar por horas e ainda assim não sairíamos dos limites. - Ele da de ombros, mas olha em volta pensativo.

- Parecia ser menor quando eu era criança. Ter meus irmãos e meus pais aqui fazia tudo parecer menos...

- Solitário? - Ele concorda com a cabeça.

- Existem muitos prédios espalhados pela propriedade, a maioria caiu em desuso com o tempo, principalmente depois que eu e meus irmãos saímos de casa. A sede da empresa do meu pai fica em Londres, então, depois que todos fomos embora, ele decidiu que seria mais conveniente se mudar para lá. - Ele suspira. - E então eu voltei. Meu pai ofereceu a casa de hóspedes para Bri e David, que aceitaram imediatamente e se mudaram para cá, mas óbvio que foi para que tivesse alguém perto para ficar de olho em mim.

Acredito que ainda seja sobre o assunto de terem medo que ele tire a própria vida se ficar aqui sozinho.

- Entendo. - Digo, sentindo um peso em meu coração. - Sabe, já estou aqui já tem um tempo, o que eu ainda não vi?

- Muita coisa, suponho. - Um sorriso surge em seu rosto, fazendo os pés de galinha nos cantos dos seus olhos enrugarem.

- Sério? Me diga.

- Bem, a princípio, eu era o único por aqui. Aí chegaram David e a Bri, eles ocuparam a casa de hóspedes e foi menos um prédio vazio na propriedade. Aí veio você, que conseguiu restaurar a estufa e transformar em seu estúdio adorável. - Eu sorrio e ele continua. - Mas ainda há o estábulo, a casa perto do velho vinhedo e o gazebo do jardim, haviam mais alguns, mas meu pai acabou derrubando justamente porque acabaram caindo em desuso.

- Certo, tenho algumas perguntas. - Eli acena com a cabeça.

- Manda.

- Tem cavalos aqui? - Ele ri e nega.

- Não, não mais. Tínhamos alguns quando eu era jovem, mas meu pai os vendeu quando ficamos mais velhos, já que nenhum de nós mostrou interesse em praticar polo. - Reviro os olhos e ponho uma mão na testa.

- Vocês são muito aqueles mauricinhos de livros de romance, não são? - Ele ri alto, parando de andar em seguida.

- Talvez sim, você tem razão.

- Okay, mas qual é a do vinhedo? Sei que seu irmão administra um com aquele negócio todo de vinho, mas não achei que o vinhedo ficasse aqui.

- Ficava aqui, mas não tinha muito espaço para o que o Tobias havia planejando, então ele decidiu começar do zero em umas terras mais ao norte daqui, não é longe. - Eu olho em volta, ainda assimilando que eles acharam que não tem espaço aqui.

- Se o Tobias achou que aqui era muito apertado, não consigo imaginar o quão grande é esse vinhedo. - Eli solta uma risadinha e coloca as mãos no bolso de sua calça de moletom.

- Não é que aqui não tenha espaço, acho que o Tobby achou que seria melhor que o vinhedo ficasse em suas próprias terras, nenhum de nós três gostamos de ser dependentes do nosso pai, embora que Tobias e Joseph trabalhem para as empresas Allen e eu esteja aqui, morando na casa orle e vivendo as suas custas. - Okay, isso é muito drama para mim, principalmente tão cedo e só com café no estômago.

- É normal que um pai queira proporcionar as melhores coisas aos filhos, assim como também é normal que os filhos queiram ser independentes e fazer as coisas à sua própria maneira. Você está se recuperando do que aconteceu, não precisa colocar muita pressão em si mesmo agora.

- Não sei, me incomoda o fato de eu depender tanto de todo mundo. Mas não sou como meus irmãos, não fiz faculdade, toda minha experiência está limitada ao que eu aprendi nos meus anos no exército. - A pelo amor de Deus! Dou um soquinho no ombro dele, ele franze a testa, se questionando sobre o que fez para merecer isso.

- Meu Deus, Allen! Você é podre de rico, muito inteligente, bonito, pode fazer uma faculdade e aprender tudo o que quiser, não há nada te impedindo, então qual é a dúvida aqui? - Ele suspira.

- Meu pai quer que eu assuma o cargo atual do Joseph quando ele se aposentar, assim Joseph será o CEO e eu o COO, já que o Tobias deixou bem claro que isso é a última coisa que ele quer fazer.

- Isso é algo que você quer, ou é algo que você está planejando fazer só porque o seu pai pediu?

- Ele quer manter as coisas em família, provavelmente irei cursar administração para me juntar a eles assim que eu estiver bem o suficiente para começar.

- O que você quer, Eli? - Ele para, com o olhar perdido.

- Não sei, não acho que eu já tenha parado para pensar sobre isso, mesmo antes de me alistar. Desde que éramos pequenos, acho que sempre que pensávamos sobre o futuro, era algo relacionado ao nosso sobrenome, já que admirávamos muito nosso pai e o que ele tinha construído.

- Então é isso? Você acha que gostaria de fazer parte da empresa? De trabalhar com seu irmão e desempenhar um papel tão importante? Porque não adianta nada fazer algo que não gosta só para atender aos padrões da sua família.

- Acho que não seria tão ruim, isso parece algo que me traria algo a mais, uma satisfação profissional de ter realizado algo. - Eu aceno que sim com a cabeça, tentando acompanhar o que ele está tentando me dizer.

- Você é jovem, não acredito que tentar vá ser em vão. - Ele sorri para mim, mas é óbvio que ele tem dúvidas sobre isso.

- Certo, mas você ainda tem perguntas sobre a propriedade? - Mudando de assunto, hein? Por mim tudo bem.

- Ah, sim. Você falou algo sobre um gazebo? Acho que esse eu realmente nunca vi.

- Pois é... - Ele coça a nuca e depois olha para cima parecendo desconfortável. - Minha mãe construiu junto com o jardim, parece realmente que o lugar foi tirado de um conto de fadas ou algo do tipo.

- Mas está fora dos limites? - Ele não olha para mim. - Não se preocupe, eu entendo. Aliás, a Bri já tinha me falado que o tal jardim secreto está totalmente fora da minha área de circulação.

- Desculpe por isso.

- Você precisa parar de se desculpar por coisas que estão fora do seu controle, Allen. - Eu aperto o passo. - Vamos ver o quanto você melhorou. Corrida?

- Desafio aceito.

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⏰ Última atualização: Dec 07, 2021 ⏰

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Por Todas As Estrelas No Céu, Amarei VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora