Capítulo 29 - Eu escolheria você... eu escolho você

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Nota da autora:

A música é para uma parte específica do capítulo, vocês vão saber qual é ;)
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— Eles eram uns sádicos! Eles atiravam facas em nós como se fossemos alvos, ou então nos espancavam até que perdermos a consciência. As vezes eles chamavam um médico para tratar nossas feridas, mas era apenas para que a gente não morresse tão rápido. Nos davam água e um pouco de comida, e então começava tudo de novo. Uma vez eu consegui chutar um deles com força suficiente para ele cair no chão, então o outro atirou na minha coxa e no meu joelho, mas ele não era muito bom de mira, ou excepcional, ou eu que tive muita sorte mesmo, ele não acertou em pontos que me fariam sangrar até morrer. E quando o outro se levantou, estava puto, pegou sua faca e cortou meu rosto com a faca cega que ele carregava na cintura.

Só de ouvir, me dá vontade de vomitar, não sei se eu seria forte o suficiente para me manter vivendo dia após dia depois de tudo isso. Ele me afasta um pouco, seus olhos procurando pelos meus.

— Owen ficou furioso. Ele gritou comigo, me chamou de idiota inúmeras vezes, disse que se não estivéssemos naquela situação, ele mesmo me daria uma surra. — Ele sorri com uma tristeza ainda mais profunda. — E então chamaram o médico de novo, ele fez os curativos e foi embora, sem dar uma palavra, como sempre. Quando os caras voltaram no dia seguinte, Owen me surpreendeu se soltando das cordas, puxando uma arma da bota… até hoje eu não sei como que passou despercebida por aqueles terroristas, muito menos como o Owen conseguiu se soltar, mas ele o fez. Houve uma troca de tiros por alguns instantes, mas Owen sempre foi muito ágil e a mira dele era uma das melhores entre todos os fuzileiros, não demorou muito para que tudo fosse envolvido em um silêncio tranquilo, era como a calmaria após a tempestade, o alívio após acordar e perceber que foi apenas um pesadelo… Owen me soltou e me ajudou a sair da fazenda, que estava totalmente deserta. Nós conseguimos chegar até o nosso carro, que estava no mesmo local de onde nos pegaram. Estava amassado e com a lataria cheia de furos de balas, mas ainda estava funcionando, então fizemos ligação direta e saímos de lá o mais rápido que pudemos. Enquanto ele dirigia, eu usava o rádio para pedir reforços, estávamos muito machucados, precisávamos de um hospital o quanto antes. E… estava tudo bem, a gente tinha conseguido…! — Eu seguro a mão dele e beijo as costa dela. — Mas o Owen começou a apagar sobre o volante, eu perguntei o que havia de errado e ele não me respondia. Foi quando eu vi o sangue se espalhando pela lateral do abdômen dele, estava oposto a minha visão, por isso não vi antes. Eu estava entrando em pânico. Desliguei o carro e fiz de tudo para parar o sangramento, mas ele apenas segurou minha mão e sorriu para mim, dizendo que estava tudo bem e que eu precisava ficar calmo. Ele sabia que ia morrer. Eu também sabia. Mas eu tenho certeza de que ele não me falou antes sobre aquilo porque… — Um soluço o interrompe e ele afunda o rosto em meu ombro novamente.

— Ele sabia que não daria tempo.

— Sim… no final, ele apenas disse que eu teria feito a mesma coisa por ele, e que ele estava partindo sem nenhum arrependimento. — Eli segura meu rosto entre as mãos e então encosta a testa na minha. — Eu segurei a mão dele até o último segundo. Ele morreu em meus braços. Na beira da estrada, no meio do nada. Não tínhamos o que fazer. O resgate chegou uns vinte minutos depois, mas já era tarde demais.

— Elijah, você é o homem mais corajoso que já conheci. Você, Owen, Jess, Tommy… vocês compartilharam a forma de amor mais importante para o ser humano. — Ele me olha com os olhos marejados e as bochechas avermelhadas e úmidas das lágrimas recentes. — A amizade. — Sorrio para ele. — É rara. Aparece poucas vezes na vida, mas sempre é especial. E se isso dói tanto, é esse o motivo. A única coisa que podemos fazer é agradecer por conseguirmos compartilhar um pouquinho da nossa vida com essas pessoas. — Seu olhar cai, não parecendo muito seguro. — Eu sou grata por te conhecer, Eli. — Ele volta a olhar para mim. — Sou grata por Owen ter te tirado de lá, sou grata por você não ter desistido mesmo após tudo isso. E se isso significa alguma coisa, se a situação se repetisse e fôssemos nós dois e eu tivesse que fazer uma escolha… eu escolheria você.

Por Todas As Estrelas No Céu, Amarei VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora