Preacher • Jikook

|31| Don't take my verses out of context.

#HadesAmaAnimais

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- Posso ler? - O advogado da minha família perguntou apático com a pasta de couro castanho sobre a mesa de jantar da casa branca.

O senhor Oliver está sentado no topo da mesa, com o fato preto de camisa branca e os papéis assinados pela minha avó na mão; eu estou sentado à esquerda com a minha mãe do meu lado direito e à nossa frente está o meu pai.

Jimin e Caty conversavam baixo nos sofás da entrada com copos de água gelada na mão e petiscavam biscoitos de manteiga da caixa guardada para quando havia visitas; os outros deuses do costume e as deusas egípcias estão no jardim à nossa espera.

- Claro - Permiti, colocando a caneca de café sobre  o vidro e recostei as minhas costas no acolchoado da cadeira.

O homem mais velho ajeitou a imensa papelada, batendo-a contra a mesa, aqueceu a voz e então começou por dizer:

- Todo o dinheiro existente na conta da Senhora Kira ficará para o Senhor Seseok - Ele fez uma breve pausa e reparei no meu pai fechar os olhos e os punhos como uma celebração - Assim como as casas de Busan; as joias da família, ou seja, as peças desenhadas por Junseok serão deixadas à Senhorita Minsoo, exceto os quatro últimos pingentes de rosas negras que foram deixados ao Senhor Jungkook, especificamente para oferecer um à Senhora Sea, outro ao Senhor Park e um ao seu primogénito, ficando com o restante, se assim o entender - Uma caixa do tamanho de um livro foi aberta sobre a mesa, para retirar de lá o saco transparente com quatros colares que nunca havia visto na vida.

Ficámos parados por bastante tempo: a minha mãe mexia no interior da caixa que lhe foi entregue e eu tinha os olhos presos no interior do saco. As quatro rosas brilhantes eram similares, tirando algumas imperfeições por terem sido feitas à mão, e a corrente escura mostrava algumas marcas de já terem sido usadas.

Não sei se terei coragem de usar algo dado pela minha avó, muito menos sei se terei coragem de dar algo ao meu filho que foi dado pela minha avó. Porém, queria muito usar algo feito pelo meu avô.

Até depois de morta, a velha faz-me querer obedecê-la. Que ódio.

- Prosseguindo - O advogado retomou a palavra - A casa branca foi dada ao Senhor Jungkook - Ele entregou-me a chave da minha avó, a escritura e a planta da casa.

- Como assim? A minha mãe não me deixou a casa? - Seseok perguntou indignado, colocando a mão sobre a de Oliver para o impedir de me entregar os documentos e eu apenas sorri, rodando os ombros para libertar um pouco da tensão sobre eles - Estás a rir-te de quê, Jungkook? 

- Do escândalo que vais fazer quando o resto do testamento for lido - Respondi simplista, encolhendo os ombros - Acredita em mim, não vais precisar desta casa, as de Busan chegam-te.

- O senhor já sabe? - Oliver dirigiu-se a mim e eu apenas assenti com a cabeça, para só então me aprumar e puxar o que era meu debaixo das mãos dos dois - O carro da falecida será entregue a Minsoo, o jato a Seseok e o iate a Jungkook. Os fundos da conta poupança são destinados ao casamento do Jeon mais novo e o que sobrar, doado à fundação de seres sobrenaturais - De novo, cheguei-me perto da mesa para receber as chaves do barco e o cartão da conta secundária.

A minha mãe estava surpresa por receber alguma coisa e quando as chaves do carro de coleção lhe foram entregues, as suas mãos até tremeram antes de lhes tocar; eu, mesmo sabendo que receberia a casa e a empresa, estava chocado por ela ter deixado algo para o meu futuro filho e para o meu futuro casamento, nem parece que ela queria que eu fosse infeliz para o resto da vida; já o meu pai tinha a cabeça entre as mãos, não sei ao certo o que ele deveria estar a sentir, mas raiva era um dos sentimentos mais visíveis nele naquele momento.