Preacher • Jikook

|03| Stay on the ground until your knees hurt.

Este capítulo tem violência e degradação psicológica.
Se não gostarem podem passar à frente, não irá ser prejudicial para o entendimento da história, porém ajuda a compreender o ponto de vista do Jungkook.

Espero que gostem.

#HadesAmaAnimais

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Saímos do quarto já devidamente vestidos com as camisolas colocadas para enfrentarmos o frio do inverno; o andar de baixo estava estranhamente calmo e vazio para o esperado, então decidimos subir para o terraço em que encontrámos uma cena bem crítica.

Hades estava na sua forma mais primária: carne viva a cobrir todo o corpo que antes era musculado, agora é apenas um aglomerado de coisas vermelhas, a cara totalmente desfigurada só em ossos. Com uma mão deferia socos e com a outra prendia o pescoço do irmão ao chão. Poseidon nem se defendia, apenas aceitava, Perséfone tentava parar o marido, mas não servia de nada e nenhum dos outros sequer pensava em intervir.

Se Perséfone não consegue acalmá-lo, mais ninguém consegue.

Caty estava parada com os olhos fechados, o seu peito subia e descia devagar, parecia estar adormecida. Aproximei-me dela, chamei-a pelo nome tocando no seu ombro e esta apenas afastou a minha mão, dizendo para não a distrair. No meio da confusão que estava no meu terraço, aquilo trouxe-me um certo conforto.

Hades é um pouco louco e Caty teimosa, sabe-se lá quando é que o deus da morte vai adormecer a filha para puder lidar como ele quiser com o irmão.

Subitamente, a carniça em forma de gente foi envolta num denso fumo cor de rosa que a impossibilitou de realizar qualquer movimento. Quando a fumaça desapareceu, o deus da morte saiu de cima do deus do mar, sendo o homem de cabelos azuis encaracolados imediatamente socorrido por Jungkook e Hades virou-se para a filha.

- Isso foi golpe baixo - A voz do deus foi tão calma, amorosa e compreensiva, mas ao mesmo tão mortífera que nos fez a todos darmos um passo atrás receosos.

É aquela coisa, sabem? Depois da bonança vem a tempestade. Não! Espera, é ao contrário.

Hades e Caty encaravam-se, os olhos dele completamente pretos e os dela completamente rosa, porém com algumas riscas pretas, o que não era normal.

- Foi necessário, estás a fazer o mesmo que Deméter fez contigo. Estás na mesma situação - Falou serena, deu alguns passos lentos em direção ao pai adotivo e deu um beijo na sua bochecha desfigurada, eu pessoalmente não o faria - A diferença é que tu te defendeste, ele não - Apontou para Poseidon que tinha o rosto coberto de sangue, recuperando-se rapidamente dos ferimentos pela magia de ser divino e todos os outros deuses riram da situação que aparentemente é engraçada.

- Hades, eu sei que deves querer matar-me. Quando te casaste com Perséfone, eu disse-te que não era correto porque era filha do teu irmão e tu defendeste-te com "mas ele enrolou-se com a irmã dele e ninguém liga" até eu próprio fiz muita coisa anti-ética e esta foi uma delas - Poseidon começou por explicar enquanto limpava alguns vestígios de sangue do seu rosto com um pano, deixando-o como se nada tivesse acontecido - Eu senti-me nojento quando aconteceu a primeira vez, ela para mim era a minha criancinha e de repente estava nua na minha cama - Continuou calmo enquanto se aproximava da minha melhor amiga tomando a sua cintura com a mão - Desculpa, mas eu amo-a e não me arrependo de um único momento juntos - Finalizou com um sorriso sincero.

O terraço ficou em silêncio por um bom tempo, estávamos num momento tenso, ninguém se atrevia a meter naquele assunto de família mesmo pertencendo à família. Sabem? Todos foram péssimos pais com os próprios filhos e Caty era a sua forma de se redimirem, é aquele amor paterno ou materno que eles não conheciam a influenciar as suas ações e agora não sabem como agir face ao primeiro namorado da cria, ainda para mais sendo quem é.