Chapter Nine

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— Você estava me enrolando? — perguntei depois de uma hora de jogo. Tínhamos parado de mostrar as cartas há um bom tempo. Ele havia aprendido o jogo com facilidade. Não sabia bem que mãos superavam outras, como disse, mas isso não tinha importância. Ele ainda ganhava de mim em quase todas as rodadas. Ainda bem que havia recusado minha proposta de apostar segredos. — Você já sabia jogar, não sabia?

— Não...

— Está escondendo cartas na manga ou alguma coisa assim? — Sem pensar, segurei a mão dele, virei a palma para cima e deslizei os dedos pelo pulso. Agora conseguia ver nitidamente a tatuagem. Três números. 14, 7, 14. Meu dedo traçou o contorno dos algarismos sem minha autorização... ou a dele. Josh me encarou.

— Eu não trapaceio. — Retirei a mão.

— Falei de brincadeira.— Ele recolheu as cartas e as entregou para mim.

— Talvez tenha que embaralhar melhor.

Ameacei protestar, mas percebi que ele estava brincando quando vi um sorriso em seus lábios. Uma sensação de formigamento subiu pelos meus braços. Eu os esfreguei. Estava mais frio do que eu pensava.

— Eu embaralho superbem. Você é que tem sorte. Muita, muita sorte.

— Tem razão. Sou o cara mais sortudo da Terra. — Sua voz não era sarcástica, mas eu sabia que a resposta era. E com todo o direito. Ele não era um cara de sorte, exceto no jogo. Além disso, embora estivesse ganhando de mim nas rodadas, a distração não colaborava muito para melhorar seu humor. Na verdade, ele parecia ainda mais retraído.

— O que significa? — Acenei com a cabeça em direção à tatuagem.

— Tenho outro moletom.

Demorei um momento para compreender que a frase não era a resposta para minha pergunta. Mas quando me dei conta de que continuava massageando os braços, em vez de insistir na conversa, assenti rapidamente.

— É. Eu estou com frio. Está frio aqui, não está? Acha que dá para abrir a caixa do termostato?

— Não sei. — Ele se levantou e foi buscar um moletom cinza na bolsa para me dar.

Se eu achava que o cheiro de almíscar estava impregnado no saco de dormir, o moletom poderia ter saído diretamente de seu corpo. Era um cheiro maravilhoso. Eu o vesti e puxei a gola em direção ao nariz antes de pensar melhor no que fazia.

— Está na bolsa há algum tempo — ele disse, como se eu pudesse estar enojada com o cheiro, não para me esforçar para segurar um suspiro.

— Não, tudo bem. Está ótimo. Obrigada.

Ele se sentou e distribuí as cartas para outra jogada. Agora que ele evitava minha pergunta, a única coisa que me restava era olhar para a tatuagem. Queria saber o que significava, por que ele não me contava. Havia muitas coisas que eu gostaria de saber sobre ele. Peguei minhas cartas. Pela primeira vez, eram boas.

— Já se sente preparado para apostar perguntas? — insisti.

— Como assim? — Baixei as cartas para olhar para ele.

— Se eu ganhar, eu te pergunto uma coisa e você me responde sem mentir. Se você ganhar, você me pergunta.

— Eu ganhei as últimas nove mãos, lembra?

— Nove? Sério? Você contou?

— Contei. — Eu ri.

— Então você não tem nada a perder. — Ele pegou as cartas e olhou uma por uma. — E aí? Topa?

Ao Seu Lado {Adaptação Beauany}Onde histórias criam vida. Descubra agora