— Está me ouvindo? Abra os olhos.
Parecia que eu estava rastejando para fora de um buraco escuro e não queria fazer esse esforço. Era mais fácil ficar lá no fundo e dormir. Mas alguma coisa provocava coceira no meu nariz e em volta da boca, e eu queria que isso parasse. Tentei tocar o rosto, mas alguma coisa segurou meu braço.
— Consegue me dizer seu nome? Que dia é hoje?
Abri os olhos e voltei a fechá-los imediatamente para me proteger da forte luz, depois tentei piscar até a dor passar. Estava em uma ambulância. Havia uma mulher negra debruçada sobre mim. Ela usava o cabelo preso e sorria.
— Oi. Bem-vinda de volta.
— A-ny. É A-ny...
— Outono? Não, querida, é inverno.— Empurrei a máscara de oxigênio e tentei me sentar. Ela segurou meus ombros e me empurrou de volta com delicadeza. — Fica deitada até chegarmos ao hospital. O médico vai te examinar.
As lembranças voltavam. Lembrei o que tinha visto no telejornal. Meu estômago doía. Olhei em volta procurando Josh, mas só vi tubos pendurados nas paredes e bolsas plásticas que deviam conter material de primeiros socorros. Do meu outro lado havia um cara ruivo com uma prancheta. Josh devia ter conseguido fugir quando a ambulância chegou.
Pensar nisso me ajudou a relaxar. Não queria que ele tivesse problemas, e certamente teria, se precisasse lidar com a polícia ou algum outro oficial. Fiquei deitada, mas consegui afastar a máscara da boca.
— Não. Meu nome é Any. Estamos em janeiro. Dia de Martin Luther King Jr. Não lembro a data exata. Fiquei presa na biblioteca. Tem um telefone que eu possa usar para falar com os meus pais?
— Qual é o número? Vamos pedir para eles esperarem no hospital.
— Obrigada.
Minha mãe normalmente não chorava, por isso fiquei surpresa ao ver lágrimas em seus olhos. Acabei chorando também. Chorávamos por motivos diferentes. Ela, porque a filha não estava morta. Eu, porque me sentia péssima por ela ter pensado que eu havia morrido. Minha mãe me abraçou tão forte e por tanto tempo que o médico teve que avisar que precisava colocar o tubo com soro para cuidar da minha desidratação.
— Mãe, eu estou bem. — Ela respirou fundo, e eu a vi se controlar, enxugar os olhos e endireitar o corpo.
— Eu sei que você vai ficar bem. — Ela olhou para o médico enquanto a enfermeira preparava o cateter ao meu lado. — Quando ela pode ir para casa?
— Assim que tomar esse litro de soro e passar por mais um exame dos sinais vitais. — Minha mãe assentiu. A enfermeira apontou para o meu moletom. — Pode tirar essa blusa, por favor? Preciso pôr o cateter no seu braço para injetar o soro.
Esqueci que estava usando a blusa de Josh. Pensar nisso me fez olhar para os pés, para as meias dele sobre a calça jeans. Enquanto minha mãe estava de costas, puxei as pernas da calça sobre as meias. E, em vez de tirar a blusa como a enfermeira pedia, levantei a manga. Ainda estava com frio.
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Ao Seu Lado {Adaptação Beauany}
RomanceO que fazer quando você se apaixona pela pessoa que menos esperaria? Depois de se ver trancada acidentalmente na biblioteca pelo fim de semana inteiro, Any Gabrielly não acha que as coisas podem piorar. Mas ela percebe que não está sozinha. Josh Bea...