Chapter Eighteen

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— Está me ouvindo? Abra os olhos.


Parecia que eu estava rastejando para fora de um buraco escuro e não queria fazer esse esforço. Era mais fácil ficar lá no fundo e dormir. Mas alguma coisa provocava coceira no meu nariz e em volta da boca, e eu queria que isso parasse. Tentei tocar o rosto, mas alguma coisa segurou meu braço.


— Consegue me dizer seu nome? Que dia é hoje?


Abri os olhos e voltei a fechá-los imediatamente para me proteger da forte luz, depois tentei piscar até a dor passar. Estava em uma ambulância. Havia uma mulher negra debruçada sobre mim. Ela usava o cabelo preso e sorria.


— Oi. Bem-vinda de volta.


— A-ny. É A-ny...


— Outono? Não, querida, é inverno.— Empurrei a máscara de oxigênio e tentei me sentar. Ela segurou meus ombros e me empurrou de volta com delicadeza. — Fica deitada até chegarmos ao hospital. O médico vai te examinar.


As lembranças voltavam. Lembrei o que tinha visto no telejornal. Meu estômago doía. Olhei em volta procurando Josh, mas só vi tubos pendurados nas paredes e bolsas plásticas que deviam conter material de primeiros socorros. Do meu outro lado havia um cara ruivo com uma prancheta. Josh devia ter conseguido fugir quando a ambulância chegou.


Pensar nisso me ajudou a relaxar. Não queria que ele tivesse problemas, e certamente teria, se precisasse lidar com a polícia ou algum outro oficial. Fiquei deitada, mas consegui afastar a máscara da boca.


— Não. Meu nome é Any. Estamos em janeiro. Dia de Martin Luther King Jr. Não lembro a data exata. Fiquei presa na biblioteca. Tem um telefone que eu possa usar para falar com os meus pais?


— Qual é o número? Vamos pedir para eles esperarem no hospital.


— Obrigada.


Minha mãe normalmente não chorava, por isso fiquei surpresa ao ver lágrimas em seus olhos. Acabei chorando também. Chorávamos por motivos diferentes. Ela, porque a filha não estava morta. Eu, porque me sentia péssima por ela ter pensado que eu havia morrido. Minha mãe me abraçou tão forte e por tanto tempo que o médico teve que avisar que precisava colocar o tubo com soro para cuidar da minha desidratação.


— Mãe, eu estou bem. — Ela respirou fundo, e eu a vi se controlar, enxugar os olhos e endireitar o corpo.


— Eu sei que você vai ficar bem. — Ela olhou para o médico enquanto a enfermeira preparava o cateter ao meu lado. — Quando ela pode ir para casa?


— Assim que tomar esse litro de soro e passar por mais um exame dos sinais vitais. — Minha mãe assentiu. A enfermeira apontou para o meu moletom. — Pode tirar essa blusa, por favor? Preciso pôr o cateter no seu braço para injetar o soro.


Esqueci que estava usando a blusa de Josh. Pensar nisso me fez olhar para os pés, para as meias dele sobre a calça jeans. Enquanto minha mãe estava de costas, puxei as pernas da calça sobre as meias. E, em vez de tirar a blusa como a enfermeira pedia, levantei a manga. Ainda estava com frio.

Ao Seu Lado {Adaptação Beauany}Onde histórias criam vida. Descubra agora