Chapter Forty Two

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Na segunda-feira, quando peguei o Hamlet de cima do meu criado-mudo, pensei pela milésima vez em como seria o dia de hoje. O espelho de corpo inteiro atrás da porta do quarto mostrava como eu estava nervosa com o que faria em breve. Devolveria o livro a Josh sem a carta dentro dele. Seria assim que eu começaria a conversa. Talvez o levasse à estufa outra vez. Quem ia ligar se perdêssemos a primeira aula? Íamos conversar sobre a carta. Depois eu diria que gostava dele.


Endireitei o suéter verde, um dos meus preferidos, e ajeitei uma das minhas ondas soltas. Sim, hoje tinha caprichado mais no visual. Não tinha nada de errado em tentar distrair o cara enquanto dava uma notícia chocante.


Mas Josh não estava perto dos ônibus, onde eu normalmente o via de manhã. Olhei os corredores da escola e também não o encontrei. Virei uma esquina, pensando em ir dar uma olhada na sala onde ele teria a primeira aula, e dei de cara com Bailey.


— Any — ele falou, sério.


— Sim, Bailey?


— Hoje é o seu dia de ir ao hospital. Ainda pretende ir, não é?


— Na verdade, hoje vai ser complicado. Sabe se alguém quer trocar?


— Sério? Está saindo com alguém? — Ele me olhou com a mesma cara arrogante que fez no hospital, quando me viu com Josh.


— Não, é que... — Era exatamente isso que eu planejava fazer. — Deixa para lá, eu vou. — Precisava conversar com o Noah também. Podia falar com ele primeiro.


— Não, se é boa demais para ter um dia determinado de visita, posso colocar alguém no seu lugar.


— Bailey. Para com isso, tudo bem? Eu vou.


Ele levantou as mãos num gesto de rendição.


— Que bom. Porque, apesar de tudo, o Noah parece que gosta de você.


— Você é bem babaca, sabia?


— Só quando acho que alguém está sacaneando o meu amigo.


Eu queria discutir, mas estava me preparando para sacanear o amigo dele, e isso me contorceu de culpa. Precisei lembrar que tinha de viver a minha vida, não a de outra pessoa. Conversaria com Noah hoje.




Noah e os pais jogavam um jogo de tabuleiro quando entrei no quarto. Pela cara dele, percebi que Noah só estava jogando para agradar aos dois. A bandeja suspensa sobre a cama era pequena demais para o Jogo da Vida, mas eles se ajeitavam como podiam.


— Any! — Noah falou, e o carrinho com a pessoinha de pino caiu no colo dele.


— Oi.


— Vem jogar com a gente. — Ele colocou no tabuleiro um carrinho verde com um pino cor-de-rosa. Puxei uma cadeira, e o pai dele me deu um maço de notas falsas e um cartão de profissão. "Professora", dizia. Quarenta e sete mil dólares de salário. A estrutura do jogo acalmava um pouco meu nervosismo, e em pouco tempo eu estava rindo com Noah.

Ao Seu Lado {Adaptação Beauany}Onde histórias criam vida. Descubra agora