Estávamos no alto das escadas de madeira que ficavam frente a frente. Ele segurava a mola Slinky verde, e eu, a vermelha.
— A mola que chegar lá embaixo primeiro ganha. Só pode tocar se ela ficar presa — avisei, e minha voz ecoou no espaço amplo.
— Eu podia estar lendo.
— Eu podia estar comendo uma refeição caseira, mas nós dois estamos fazendo sacrifícios pelo bem maior.
Ele sorriu e rasgou a embalagem do brinquedo com os dentes.
— É tão boa nisso quanto no pôquer?
— Ei! Deixa a marra para depois que ganhar.
Colocamos as molas no alto da escada. Contei até três e as soltamos. A dele desceu três degraus, passou por um vão do corrimão e caiu no chão lá embaixo. Eu ri ao ver que a minha continuava descendo.
— Você não saiu do jogo — falei. — Só pega a mola e põe de volta no mesmo degrau.
Ele desceu a escada correndo, mais depressa do que eu esperava, e pulou por cima do corrimão quando chegou perto do fim. Pegou a mola e subiu correndo. Nunca o vi tão animado como quando devolveu a mola ao degrau e deu um empurrãozinho para fazê-la descer. Mas era tarde demais. Eu tinha ganhado antes que a mola dele descesse mais cinco degraus. Levantei as duas mãos
— Ganhei! Quem vai ser a marrenta agora?
Ele cruzou os braços e se apoiou no corrimão, como se esperasse o ataque.
— Eu ganhei porque sou a melhor — falei, e achei bobo.
— Você treinou muito, já percebi.
— Eu sempre ganho. Sou humilde, só isso. — Ele riu, depois pegou sua mola no chão.
— Melhor de três?
— Pode ser. O que não falta para nós é tempo.
Depois da minha quinta vitória seguida, ele ficou parado no alto da escada, estudando a mola.
— Talvez a minha tenha algum defeito.
— É essa a desculpa que vai dar? — Ele a virou e puxou uma ponta.
— Se eu tivesse chiclete e uma moeda... — Franzi a testa.
— Quê?
— Se um lado ficasse mais pesado, acho que ela desceria mais depressa.
— E para que serviria o chiclete?
— Eu teria que colar a moeda com alguma coisa, não é?
— E chiclete é a primeira opção? Não pensou em fita adesiva ou supercola?
— Eu pensei em duas coisas que poderíamos encontrar por aqui.
— Vamos passar para o próximo jogo, antes que você comece a procurar embaixo das mesas.
— Próximo jogo?
— Vem comigo.
Eu o levei até o fim do corredor, para além de um busto de bronze do presidente da faculdade que antes ocupava o prédio, depois virei. Os outros brinquedos estavam no meu bolso, ainda na embalagem, e peguei os dois minifrisbees que tinha encontrado. Cada um deles tinha um lançador de plástico.
— Você encaixa o frisbee no lançador e aperta a ponta. Ganha quem lançar mais longe.
— Tem algum segredo para fazer isso ir mais longe?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ao Seu Lado {Adaptação Beauany}
RomanceO que fazer quando você se apaixona pela pessoa que menos esperaria? Depois de se ver trancada acidentalmente na biblioteca pelo fim de semana inteiro, Any Gabrielly não acha que as coisas podem piorar. Mas ela percebe que não está sozinha. Josh Bea...