Quando cheguei em casa, minha mãe esperava por mim no meu quarto.
— Oi, o que aconteceu? — perguntei.
Ela inclinou a cabeça para examinar um lado da minha testa.
— O que é isso?
— O quê? — Toquei a região e senti um inchaço onde minha cabeça tinha se chocado com a de Noah. — Ah. Brincadeira com cadeira de rodas nunca dá certo. Cadê o papai e o Lamar?
— Foram jogar golfe indoor.
— O Lamar está chateado comigo? Não passei muito tempo com ele esta semana.
— Ele vai superar. E você, Any, como está?
— Bem. — Achei melhor ser sincera, ciente de que não podia esconder nada dela. — Só um pouco estressada ultimamente.
— Ah, eu sabia. Talvez seja hora de dar um tempo. Tirar alguns dias de folga do hospital, do colégio e dos amigos. Ficar em casa e relaxar.
A ideia era ótima, mas eu tinha certeza de que não era suficiente para me deixar despreocupada.
— Está tomando o remédio?
— Estou. — Eu não conseguia nem imaginar como tudo seria pior se não o estivesse tomando. — Acho que é só uma fase e espero que tudo volte ao normal quando o Noah sair do hospital.
— Está questionando o que sente por ele?
— Estou questionando tudo.
— Não tem nada de errado em pensar sobre as coisas. Mas é importante tomar a decisão certa para você.
— Ele está no hospital.
Minha mãe sorriu.
— Eu sei. E isso faz você se sentir culpada. De qualquer maneira, tem que viver a sua vida, não a dele.
— Eu sei. Obrigada, mãe.
Desamarrei os sapatos e os estava tirando dos pés quando ela se dirigiu à porta.
— Ah, mãe. Você viu um livro? Hamlet? Deixei na cozinha antes de ontem.
— Acho que ainda está lá.
— Obrigada. — Chutei os sapatos para dentro do closet e fui à cozinha para pegá-lo. Quase que por hábito, folheei o livro procurando a carta. Não estava lá. Virei as páginas novamente e não encontrei nada.
— Mãe! — Isso não era bom. Olhei em cima dos armários. Tinha uma pilha de correspondência ao lado do telefone e olhei todos os envelopes, mas não encontrei nada. Olhei o chão embaixo dos armários, até puxei a lata de lixo para olhar dentro dela.
Minha mãe entrou na cozinha.
— O que está fazendo?
— Tinha uma carta. Não estou encontrando.
— Calma, vamos achar. Como ela é?
— É uma carta. Um envelope branco e comprido com letras escritas nele. — Toquei os restos viscosos de macarrão com queijo. Balancei a mão e virei para a pia para lavá-la com sabão. Precisava de um saco vazio para transferir o lixo. Fui até a despensa.
— Tinha selo?
Parei, virei lentamente e vi o rosto preocupado de minha mãe.
— Tinha. Por quê?
— Pensei que estivesse procurando uma carta. Uma folha de papel escrita.
— Não. Você viu o envelope?
— Eu... mandei pelo correio.
— Você o quê?
— Estava aí em cima do balcão, endereçada e pronta para ser enviada. Pensei que algum amigo do Lamar ou seu precisava enviá-la.
— Não, estava dentro do livro.
Ela franziu a testa.
— Não, não estava no livro. Estava em cima do balcão.
Devia ter escorregado das páginas.
— Ah, não. Ele vai me matar.
— Quem vai te matar?
— Quando mandou a carta? Ontem?
— Sim.
— Era para Salt Lake. Acha que já chegou?
— Provavelmente.
— Droga. Droga, droga, droga. — Pensei em uma coisa que me animou. — Eu tenho o endereço dela. No meu celular. Salvei no celular. — Corri para o quarto e calcei os sapatos de novo. — Preciso ir falar com ela.
— Falar com quem? — minha mãe perguntou da porta.
— Com a mãe dele. Preciso ir falar com ela. Talvez ela me devolva a carta. Vou dar um jeito nisso.
— Any, acho que não devia sair nesse estado.
— Mãe, por favor. Se eu não for, vou pirar. Tipo surtar, mesmo. Pode confiar em mim? Preciso fazer uma coisa.
— Mostra as mãos.
Estendi as duas para a frente. Estavam firmes, o que era surpreendente.
Ela assentiu.
— Liga para mim quando estiver voltando para casa.
— Combinado. Obrigada! — Beijei seu rosto e corri para a porta.
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Ao Seu Lado {Adaptação Beauany}
RomanceO que fazer quando você se apaixona pela pessoa que menos esperaria? Depois de se ver trancada acidentalmente na biblioteca pelo fim de semana inteiro, Any Gabrielly não acha que as coisas podem piorar. Mas ela percebe que não está sozinha. Josh Bea...