Chapter Forty

19 2 0
                                    

Quando cheguei em casa, minha mãe esperava por mim no meu quarto.


— Oi, o que aconteceu? — perguntei.


Ela inclinou a cabeça para examinar um lado da minha testa.


— O que é isso?


— O quê? — Toquei a região e senti um inchaço onde minha cabeça tinha se chocado com a de Noah. — Ah. Brincadeira com cadeira de rodas nunca dá certo. Cadê o papai e o Lamar?


— Foram jogar golfe indoor.


— O Lamar está chateado comigo? Não passei muito tempo com ele esta semana.


— Ele vai superar. E você, Any, como está?


— Bem. — Achei melhor ser sincera, ciente de que não podia esconder nada dela. — Só um pouco estressada ultimamente.


— Ah, eu sabia. Talvez seja hora de dar um tempo. Tirar alguns dias de folga do hospital, do colégio e dos amigos. Ficar em casa e relaxar.


A ideia era ótima, mas eu tinha certeza de que não era suficiente para me deixar despreocupada.


— Está tomando o remédio?


— Estou. — Eu não conseguia nem imaginar como tudo seria pior se não o estivesse tomando. — Acho que é só uma fase e espero que tudo volte ao normal quando o Noah sair do hospital.


— Está questionando o que sente por ele?


— Estou questionando tudo.


— Não tem nada de errado em pensar sobre as coisas. Mas é importante tomar a decisão certa para você.


— Ele está no hospital.


Minha mãe sorriu.


— Eu sei. E isso faz você se sentir culpada. De qualquer maneira, tem que viver a sua vida, não a dele.


— Eu sei. Obrigada, mãe.


Desamarrei os sapatos e os estava tirando dos pés quando ela se dirigiu à porta.


— Ah, mãe. Você viu um livro? Hamlet? Deixei na cozinha antes de ontem.


— Acho que ainda está lá.


— Obrigada. — Chutei os sapatos para dentro do closet e fui à cozinha para pegá-lo. Quase que por hábito, folheei o livro procurando a carta. Não estava lá. Virei as páginas novamente e não encontrei nada.


— Mãe! — Isso não era bom. Olhei em cima dos armários. Tinha uma pilha de correspondência ao lado do telefone e olhei todos os envelopes, mas não encontrei nada. Olhei o chão embaixo dos armários, até puxei a lata de lixo para olhar dentro dela.


Minha mãe entrou na cozinha.


— O que está fazendo?


— Tinha uma carta. Não estou encontrando.


— Calma, vamos achar. Como ela é?


— É uma carta. Um envelope branco e comprido com letras escritas nele. — Toquei os restos viscosos de macarrão com queijo. Balancei a mão e virei para a pia para lavá-la com sabão. Precisava de um saco vazio para transferir o lixo. Fui até a despensa.


— Tinha selo?


Parei, virei lentamente e vi o rosto preocupado de minha mãe.


— Tinha. Por quê?


— Pensei que estivesse procurando uma carta. Uma folha de papel escrita.


— Não. Você viu o envelope?


— Eu... mandei pelo correio.


— Você o quê?


— Estava aí em cima do balcão, endereçada e pronta para ser enviada. Pensei que algum amigo do Lamar ou seu precisava enviá-la.


— Não, estava dentro do livro.


Ela franziu a testa.


— Não, não estava no livro. Estava em cima do balcão.


Devia ter escorregado das páginas.


— Ah, não. Ele vai me matar.


— Quem vai te matar?


— Quando mandou a carta? Ontem?


— Sim.


— Era para Salt Lake. Acha que já chegou?


— Provavelmente.


— Droga. Droga, droga, droga. — Pensei em uma coisa que me animou. — Eu tenho o endereço dela. No meu celular. Salvei no celular. —  Corri para o quarto e calcei os sapatos de novo. — Preciso ir falar com ela.


— Falar com quem? — minha mãe perguntou da porta.


— Com a mãe dele. Preciso ir falar com ela. Talvez ela me devolva a carta. Vou dar um jeito nisso.


— Any, acho que não devia sair nesse estado.


— Mãe, por favor. Se eu não for, vou pirar. Tipo surtar, mesmo. Pode confiar em mim? Preciso fazer uma coisa.


— Mostra as mãos.


Estendi as duas para a frente. Estavam firmes, o que era surpreendente.


Ela assentiu.


— Liga para mim quando estiver voltando para casa.


— Combinado. Obrigada! — Beijei seu rosto e corri para a porta.

Ao Seu Lado {Adaptação Beauany}Onde histórias criam vida. Descubra agora