Chapter Twenty Four

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A música estava muito alta quando liguei o carro e eu levei um susto. Abaixei o volume rapidamente, saí do estacionamento e segui em direção à escola. Pensar no jogo de basquete era suficiente para eu sentir minhas entranhas se contorcendo. Não queria ir. O lugar estaria lotado, barulhento e sufocante. Eu não sabia se conseguiria lidar com isso depois de sair do hospital. Mas falei para os meus amigos que iria, então, tinha que ir. Mais tarde poderia ir embora.


Quando cheguei, o jogo estava na metade. Encontrei Sabina, Shivani e Savannah no meio da arquibancada. Elas tinham um número "4" pintado no rosto em vermelho.


Eu ri.


— Estão todas torcendo pelo Wyatt? Como ele vai fazer para escolher uma de vocês? — Wyatt era o astro do time de basquete. Eu o tinha fotografado para o anuário, mas, com exceção dessa ocasião, nosso contato era mínimo.


— Nós vamos dividir — Shivani falou antes de levantar e gritar pelo nosso time, que acabava de marcar mais dois pontos.


Tentei entrar no jogo, mas o ginásio parecia ainda mais lotado esta noite e mais barulhento que o habitual. Senti meu peito vibrar e meus olhos se encherem de lágrimas.


— Tudo bem? — Sabina perguntou perto da minha orelha.


Eu havia apoiado os cotovelos nos joelhos e a cabeça nas mãos.


— Sim — respondi. — Só estou preocupada com o Noah.


— Se ficar preocupada funcionar, me avisa que eu ajudo.


Sorri para ela.


— Às vezes tenho a sensação de que ajuda.


Ela tocou minhas costas.


— Pensa no milk-shake que vamos tomar daqui a meia hora. Isso resolve todos os problemas.




Talvez um milk-shake resolvesse mesmo todos os problemas, porque, assim que entramos no Iceberg, tudo ficou muito melhor. Mais tranquilo, pelo menos. Pedi fritas e um shake grande de chocolate. Quando sentei à mesa com meu pedido, lembrei que Josh e eu tínhamos falado sobre comer exatamente isso quando saíssemos da biblioteca.


— Por que está sorrindo? — Sabina perguntou ao se sentar ao meu lado.


— Porque isso é maravilhoso.


— Não é?


Ainda não tinha tido uma chance de conversar com Sabina sobre Josh, mas podia falar agora. Afinal, o pior já tinha acontecido: Josh estava no abrigo. Contar a história a Sabina não mudaria mais nada.


— E...


— E o quê?


— Na biblioteca...


— Josh Beauchamp — ela disse.


— Quê? Como sabe... — Parei quando a vi olhando para a porta.


Segui a direção de seu olhar e vi Josh e mais duas pessoas se dirigindo ao balcão. Meu coração parou de bater por um segundo.


— Com quem ele está? — Sabina perguntou. — Nunca vi o Josh com ninguém. É o pai dele? O pai dele é negro?


— O Josh parece negro?


— Talvez ele seja adotado ou filho de mãe branca. Não sei.


— É o pai temporário. — Ou o responsável pelo abrigo, eu não sabia qual era seu título oficial, mas era o homem que abriu a porta para mim quando fui procurar o Josh outro dia. Ele conversava com o caixa e pouco depois entregou a ele um cartão.


Fiquei ali sentada e tensa, segurando o milk-shake e esperando Josh virar e olhar para mim. Eu poderia acenar. Ele poderia acenar de volta. Isso mostraria que ele não estava tentando me dispensar, como naquele dia na varanda.


Finalmente ele virou, mas seus olhos só passaram pela sala e pararam em mim por um segundo antes de seguirem em frente. Dispensa clara. Eu me recostei na cadeira. Dava para entender por que ele não tinha amigos.

Ao Seu Lado {Adaptação Beauany}Onde histórias criam vida. Descubra agora