Eu tinha tentado justificar a ida para casa na hora do almoço como uma fuga para não ter que encontrar meus amigos, mas isso só faria a afirmação de Bailey a meu respeito parecer verdadeira. Segurei o saquinho de papel pardo e entrei no refeitório. O que me atingiu primeiro foi o barulho, depois os diversos cheiros de comida — hoje os mais fortes eram de alho e espaguete. Mantive o foco e caminhei para nossa mesa.
Sabina sorriu e escorregou no banco para abrir espaço para mim. Só quando já estava sentada e notei os outros rostos sorridentes, percebi que Bailey não estava lá. Olhei em volta e não o vi no refeitório.
— Cadê o Bailey? — perguntei a Sabina.
— Não sei.
Agora era ele quem estava fugindo, então? Pigarreei.
— Lamento ter sido a única que conseguiu ver o Noah ontem à noite — falei para todos à mesa.
Shivani tocou meu braço.
— Tudo bem. É você quem pode fazer a diferença. Vocês se gostam. Ouvi dizer que as emoções têm um papel importante na recuperação da saúde.
Os outros concordaram, recitando versões variadas de como também não estavam bravos comigo.
— Any, a milagreira — Sabina resmungou ao meu lado com um sorriso.
Eu não sabia se ela estava falando sobre Noah ou sobre resolver a situação com meus amigos. Mas a resposta era a mesma para as duas alternativas.
— Ainda tenho muito o que fazer.
Sabina pegou um Oreo e me ofereceu, depois, como se soubesse que eu me referia a Bailey, disse:
— O Bailey é um idiota.
Sorri e dei uma mordida no biscoito, feliz por saber que ela estava do meu lado. Se é que havia lados. Não havia. Eu daria um jeito nisso.
— Ele saiu da UTI? — Abracei a sra. Urrea. Não dava para acreditar na alegria que eu sentia por estar em uma ala diferente. Com cadeiras diferentes e outra televisão no canto.
— Saiu. — Ela estava eufórica.
— Já avisou o Bailey? — Recebi a mensagem depois das aulas e esperei uma hora para vir, porque queria que ele chegasse antes de mim.
— Avisei, mas acho que ele tem treino de beisebol ou alguma outra coisa.
— Ah, entendi. — Mentira. Os treinos já estavam começando? Ainda era cedo para isso. Devia ser pré-temporada. — O Noah já está falando?
— Ele está mais consciente, mas ainda passa a maior parte do tempo dormindo. Os médicos estão diminuindo a dose dos sedativos. Acham que é por isso que ele não está totalmente consciente. Vem. Ele precisa te ver.
O quarto era menor, mas havia menos máquinas. E a janela se abria para o estacionamento. Sentei ao lado dele e segurei sua mão.
— Oi, Noah. Sentimos sua falta. Você precisa melhorar. Talvez possa conversar com o Bailey e dizer para ele que sou uma pessoa legal. No momento, ele parece pensar diferente. Essa é uma boa razão para falar, não é? Por mim.
Outro bom motivo para falar era me fazer parar de fazer piadinhas ruins. Isso seria pelo bem dele, é claro. Se é que ele ouvia as piadas.
Ele gemeu baixinho e meu coração deu um pulo.
— Noah?
Ele virou a cabeça para o lado e abriu os olhos. A sra. Urrea havia dito que agora ele passava mais tempo acordado, mas eu não imaginava que veria seus olhos tão focados. Como se realmente me vissem. A alegria me invadiu.
— Oi — falei baixinho.
Um sorriso dançou em seus lábios.
— A sua mãe ficaria megafeliz se você falasse. Para a gente, basta ver esses seus lindos olhos verdes... Mas, pelo jeito, para ela só isso não vale.
Ele afagou minha mão e fechou os olhos. Fiquei esperando, pensando que talvez ele só precisasse descansar mais um pouco, mas ele não voltou a abri-los.
Eu me sentia satisfeita com o relato que faria para a sra. Urrea, até chegar à sala de espera e ver Bailey lá, esperando para falar com ela. A mãe de Noah conversava com o médico.
— Tinha que ser a primeira — Bailey resmungou quando me aproximei dele.
— Eu tentei não ser. Não sabia que os treinos de beisebol já tinham começado.
A sra. Urrea se aproximou de nós.
— O médico acha que ainda é importante evitar muita agitação no quarto, pelo menos por mais um tempo. Quero que todos vocês o vejam, mas vamos ter que reduzir as visitas ao mínimo. Uma por dia.
— Mas o Bailey pode vê-lo hoje, não é? — perguntei, apavorada.
— Sim, é claro. Mas pode organizar tudo com seus amigos para o Noah não receber muitas visitas?
— Sim. — Mordi o lábio. — Quer dizer, sim, o Bailey pode montar uma agenda.
— Isso — ele respondeu secamente.
— Tenho que ir — avisei. A sra. Urrea não precisava do meu relatório. Nada de novo havia acontecido. — Boa visita.
Bailey só balançou a cabeça. Eu queria consertar tudo isso, mas só tinha piorado a situação.
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Ao Seu Lado {Adaptação Beauany}
RomanceO que fazer quando você se apaixona pela pessoa que menos esperaria? Depois de se ver trancada acidentalmente na biblioteca pelo fim de semana inteiro, Any Gabrielly não acha que as coisas podem piorar. Mas ela percebe que não está sozinha. Josh Bea...