Chapter One

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    Eu estava trancada na biblioteca tentando não entrar em pânico. Literalmente trancada. Tipo, sem saída. Todas as portas, todas as janelas, todas as entradas de ar. Bem, eu não tinha olhado as entradas de ar, mas estava pensando nisso. Não estava suficientemente desesperada, pelo menos não ainda. Meus amigos perceberiam o que tinha acontecido e viriam me soltar, dizia a mim mesma. Eu só precisava esperar.


  Tudo começou quando precisei ir ao banheiro. Bem, antes disso teve muito refrigerante, um Dr Pepper de dois litros que Savannah havia levado para a biblioteca. Eu tinha bebido mais que minha parte da garrafa quando Noah se sentou ao meu lado, e, cada vez que ele se inclinava para perguntar a minha opinião, eu sentia nele o cheiro de árvores, céu e sol.


  Só quando escureceu lá fora e as bibliotecárias avisaram que tínhamos que ir embora, fomos para a garagem no subsolo, onde nós quinze nos dividiríamos em quatro carros, só então percebi que eu não conseguiria chegar nem na rua, muito menos fazer toda a viagem até a fogueira no cânion.


— Preciso fazer xixi — anunciei depois de jogar a bolsa no porta-malas do carro de Noah.


  Sabina abriu a janela. O carro dela, estacionado ao lado do de Noah, já estava com o motor ligado.


— Pensei que viesse comigo, Any. — Ela sorria com ar de cumplicidade. Sabia que eu queria ir com Noah.


  Também sorri


— Já volto. Não tem banheiro perto da fogueira.


— Tem um monte de árvores. — Noah deu a volta no carro e fechou o porta-malas.


  O barulho ecoou pela garagem quase vazia. No carro dele, vi três cabeças no banco de trás e mais uma no banco do passageiro. Não. Eles foram mais rápidos que eu. No fim, teria que ir com Sabina. Tudo bem, eu teria tempo de sobra para conversar com Noah na fogueira. Não era da minha natureza fazer declarações ousadas de amor eterno, mas, com a tremedeira nos membros causada por quase dois litros de cafeína e o aviso de Sabina sobre a Shivani poder chegar no Noah antes de mim ecoando na minha cabeça, eu me sentia poderosa


  Voltei apressada pelo longo corredor, subi a escada e continuei pela passarela de vidro de onde era possível ver um pátio. Quando cheguei ao andar principal da biblioteca, metade das luzes já estava apagada


  A biblioteca era muito grande e precisava de mais banheiros, pensei quando cheguei lá. Abri a pesada porta de madeira e encontrei um reservado. A caixa que continha os protetores de papel para assento estava vazia. Pelo jeito, eu teria que me equilibrar sobre o vaso.


  Quando estava fechando o zíper da calça, as luzes se apagaram. Dei um gritinho, depois ri.


— Que engraçado, gente. — Bailey, o melhor amigo de Noah, devia ter encontrado a chave geral. Era bem a cara dele.


  Mas as luzes continuaram apagadas e ninguém riu do meu grito. Devia haver detectores de movimento. Balancei as mãos. Nada. Dei um passo à frente e tateei a porta, tentando não pensar em todos os germes grudados nela, até encontrar o trinco e abri-la. A luz da rua entrava pela janela, e eu conseguia enxergar o suficiente para lavar as mãos. O banheiro era ecológico, só oferecia secadores de ar. Enxuguei as mãos no jeans, preferindo rapidez à maneira mais ineficiente que existe para secar as mãos. Meu reflexo no espelho era só uma sombra, mas me aproximei dele para ver se a maquiagem estava borrada. Pelo que conseguia enxergar, estava tudo bem.

Ao Seu Lado {Adaptação Beauany}Onde histórias criam vida. Descubra agora