Senti o vento antes de perceber que alguém tinha aberto a porta. Passei os últimos quinze minutos encolhida no chão de terra da estufa, analisando meu comportamento aquela noite. Performance épica. Eu, com cara de louca e descontrolada, gritando sobre ataques de pânico, enquanto meus amigos tentavam entender como a brincadeira que fizeram havia provocado uma reação tão exagerada. O tempo todo eu soube que minha reação era exagerada, mas não era algo que eu pudesse impedir. E agora, depois da crise, depois que o corpo acalmou e as lágrimas secaram, eu percebia isso com uma clareza ainda maior. Queria saber quem mais tinha me visto no estacionamento, cercada por meus amigos como uma gata selvagem que eles tentavam domar. Alguém havia dito que Josh estava lá. Ele já havia entrado no ginásio quando tudo aconteceu? Eu não me importava. Não ia pensar em Josh. Até agora, quando a porta se abriu e, por um momento de pavor, pensei que pudesse ser ele.
Mas não era. Era Noah. Ele estava em pé, a cadeira de rodas vazia atrás dele. Uma lâmpada do lado de fora da estufa projetava sua luz no vidro embaçado e criava um halo sinistro sobre as plantas mortas à minha volta.
— Ei — ele disse, andando devagar. Eu não sabia se era por ainda não se sentir seguro sobre as pernas ou se era por mim.
Levantei e bati as mãos na calça para limpá-las.
— Oi.
— Tudo bem?
— Vai ficar.
Ele parou perto de mim e se apoiou na mesa.
— Quer dizer que você tem crises de ansiedade?
— Tenho.
— Por que não contou para a gente?
— Porque eu não queria que vocês me tratassem de um modo diferente.
Ele acenou com a cabeça em direção à porta.
— Então você queria que te tratassem daquele jeito?
Dei risada baixinho.
— Eu acreditava que sim. Mas acho que não.
— Desculpa.
— Não é sua culpa. Eu devia ter contado. Devia ter falado para todo mundo.
Ele tocou meu ombro.
— Passei os últimos quinze minutos te procurando. A Sabina também queria vir. Ela está preocupada com você. — Seus olhos eram mansos e curiosos. — Eu devia ter deixado que ela viesse?
— Não. A gente precisa conversar. — Não dava mais para adiar.
— Sobre Josh Beauchamp?
— O Josh é... Quer dizer, era um bom amigo. Mas eu esperava mais. Eu gosto dele. Mas ele não gosta de mim do mesmo jeito.
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Ao Seu Lado {Adaptação Beauany}
RomanceO que fazer quando você se apaixona pela pessoa que menos esperaria? Depois de se ver trancada acidentalmente na biblioteca pelo fim de semana inteiro, Any Gabrielly não acha que as coisas podem piorar. Mas ela percebe que não está sozinha. Josh Bea...