Chapter Forty Three

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Josh estava na entrada da garagem de casa quando parei o carro. Um alívio constrangedor invadiu meu corpo. Ele estava ali. Eu precisava dele, e ele estava ali. Então lembrei sobre o que precisava falar primeiro, antes de dizer que ele era incrível. Meus olhos se voltaram para o livro no console do carro. Eu o encaixei entre os bancos e abaixei a janela do meu lado.


— Entra. — Não queria correr o risco de sermos interrompidos por meus pais.


Ele sentou no banco do passageiro e eu saí dirigindo sem destino.


— Fiquei preocupada, achei que podia estar doente. Não te vi no colégio. É muito bom te ver. Tive um dia esquisito. Os últimos dois dias foram muito esquisitos, na verdade. Eu precisava conversar. — Toquei a mão dele, mas Josh não reagiu, não se moveu. Olhava pela janela, e seu olhar era sombrio.


— Não queria que eu entrasse e conhecesse sua família? — ele perguntou.


— Quê? Não, eu queria. Eu quero. Vou adorar te apresentar para eles, mas preciso falar com você.


— Para aqui. — Ele apontou um centro comercial adiante. Entrei no estacionamento e parei na frente do consultório de um dentista.


— Aconteceu alguma coisa? Está tudo bem no abrigo? Com você? — Cheguei mais perto e passei os braços em torno de seus ombros, depois beijei seu rosto. Se ele precisava se distrair com alguma coisa, seria um prazer ajudar. Eu também precisava de um pouco de distração. Ele continuava quieto, imóvel, de braços cruzados.


— Josh? Que foi? — Puxei seus braços de um jeito brincalhão.


— Você esteve com a minha mãe.


— Ah. — Ah. Toda essa raiva era de mim. Voltei ao meu banco. Quem tinha contado para ele? Eu devia ter contado. Já tinha até planejado a maneira mais leve de fazer isso. — Sim.


— Mandou minha carta para ela?


— Não, não mandei. A minha mãe mandou por acidente. A carta caiu de dentro do livro. Ela a viu em cima do balcão e mandou. Desculpa.


— E você, por acaso, tinha decorado o endereço no envelope?


— Não, eu salvei no celular quando vi porque fiquei curiosa, queria saber onde ela morava. E aí, quando a carta foi enviada... Eu sei que deve parecer inacreditável, mas juro que não foi nada planejado. Foi só um grande acidente.


— Mas você planeja tudo com antecedência. Cria regras para tudo.


— Não, nem tudo.


Ele não olhava para mim. Mantinha os olhos fixos no para-brisa, como se precisasse se concentrar para controlar a raiva.


— Entrar no carro e ir até a casa da minha mãe também foi um acidente?


— Bem, essa parte não. Aí eu já estava só tentando consertar o erro.


Esse foi o erro.


— Eu sei. — Meu peito estava apertado, a respiração ficava difícil. Mas eu não queria usar essas reações como desculpa para não ter essa conversa e tentei me controlar.


— Quem te contou?


— Ela.


— A sua mãe? Ela te contou? Ela foi a sua casa?


— Foi. Com a carta na mão e falando sobre a minha nova amiga Any.


— Como ela te encontrou?


— Seguindo o rastro do remetente.


— Mas não era isso que ela devia ter feito. Ela me falou que só queria mandar uma carta com coisas importantes que você precisava saber sobre si mesmo. E ia esperar até eu dar notícias. Ela ia esperar eu conversar com você primeiro.


— Ela mente. O tempo todo. Faz qualquer coisa para conseguir o que quer.


— Desculpa, eu só queria consertar as coisas.


— Por quê? — Ele finalmente olhou para mim e eu desejei que desviasse o olhar. Havia muito ódio ali.


— Não sei. Eu queria ajudar. — Uma lágrima transbordou e eu a limpei depressa. — Ela falou que tinha mudado e eu... — Onde eu estava com a cabeça?


— Não sou seu projeto secreto de caridade, Any.


— Secreto? Você não é nenhum segredo.


— Ah, não?


— Eu... — Não era de propósito. Eu achava que ele não queria ser visto comigo no colégio. — Eu contei para a Sabina sobre você... sobre nós. E para o meu irmão.


— Fica fora dos meus assuntos — ele disse. — Você falou que seria só uma distração. Sem vínculos. Se sente necessidade de tentar consertar a minha vida, já é mais que um vínculo.


Assenti, e mais lágrimas transbordaram.


— Fica tranquilo, você acabou de me curar de qualquer vínculo.


Ele desceu do carro e bateu a porta. Depois se afastou. Eu fiquei ali parada, com o coração doendo tanto que era como se alguém o espremesse entre os dedos. Só fui embora quando acalmei as batidas do coração e derramei todas as lágrimas que tinha para chorar, deixando os sentimentos por Josh escorrerem com elas. Talvez ele tivesse me feito um favor.

Ao Seu Lado {Adaptação Beauany}Onde histórias criam vida. Descubra agora