O prédio ficava em uma área assustadora de Salt Lake. Ainda bem que minha mãe não sabia exatamente aonde eu ia, porque ela nunca teria permitido. Outra coisa boa é que ainda era começo de tarde, o que tornava o lugar menos assustador do que poderia ser sem a luz do sol.
Passei pelas portas de vidro e subi uma escada larga. O elevador parecia funcional, na melhor das hipóteses, por isso continuei subindo a escada até o quarto andar. O corredor tinha cheiro de mofo e canela, e eu senti ânsia. Passei por cima de um vaso tombado e da terra caída no carpete mais ou menos no meio do corredor. Quando parei diante da porta do apartamento dela, limpei as mãos suadas na calça jeans e bati.
A mulher que abriu a porta tinha cabelos grisalhos e os olhos de Josh. Por favor, que corra tudo bem, pensei.
— Oi — falei.
— Posso ajudar?
Olhei por cima do ombro dela para dentro do apartamento. Talvez visse uma pilha de cartas em algum lugar. Não vi. Tudo que via era um apartamento pequeno. Havia um sofá com uma manta de tricô pendurada no encosto. Uma estante com livros enfileirados e em ordem. Uma cozinha com balcões limpos e uma chaleira sobre o fogão. Tudo em seu lugar. Eu não sabia o que esperava, mas não era isso. Não uma mulher de olhos lúcidos e aparência saudável em um apartamento arrumadinho.
— Hum. Já recebeu sua correspondência hoje?
Ela reagiu, assustada, e eu soube que a resposta era "sim". E compreendi que ela sabia que eu estava ali por causa da carta.
— Minha mãe mandou aquela carta para você por acidente. Ele não está preparado para nenhum tipo de resposta agora, entendeu?
Ela abriu a porta um pouco mais.
— Entra.
Eu entrei. Sentamos juntas no sofá. Eu, desesperada; ela, calma. Como Josh.
— Você conhece o meu filho — ela deduziu.
— Conheço. Ele deixou um livro na minha casa com essa carta entre as páginas. E nem imagina que ela está com você agora.
Ela sorriu com tristeza.
— Bom demais para ser verdade.
— Você ia responder?
— É claro que sim. Já comecei. — E pegou um papel de cima da mesinha ao lado do sofá, um móvel que eu não tinha conseguido ver da porta. Depois puxou o envelope de Josh que estava embaixo da carta. Um canto estava rasgado onde ela o tinha aberto. Ela deslizou um dedo pelo endereço do remetente.
— Eu não sabia onde ele estava.
— Não está mais aí. Hoje ele mora em outro lugar.
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Ao Seu Lado {Adaptação Beauany}
RomanceO que fazer quando você se apaixona pela pessoa que menos esperaria? Depois de se ver trancada acidentalmente na biblioteca pelo fim de semana inteiro, Any Gabrielly não acha que as coisas podem piorar. Mas ela percebe que não está sozinha. Josh Bea...