Chapter Twenty

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— Essas flores são muito alegres, muito coloridas — falei, incapaz de sair do carro, embora Sabina tivesse desligado o motor dois minutos atrás e o interior esfriasse rapidamente.


— Acho que esse é o objetivo. Não estamos indo a um velório, Any.


— Eu sei. — Minhas mãos suavam. Respirei fundo várias vezes. Ele estava bem. Noah estava bem. Puxei a maçaneta e empurrei a porta. — Vamos.


A mulher no balcão de informações indicou o caminho para a sala de espera da UTI e avisou que não passaríamos de lá, se não fôssemos da família. Eu não me incomodava com isso.


Sabina segurou minha mão quando viramos a última esquina.


Reconheci os pais de Noah imediatamente. Os dois eram altos e bonitos, como o filho. Estavam sentados no canto da sala, cercados por algumas pessoas que eu não conhecia. Era como se os corpos e as cadeiras em que estavam sentados tivessem se tornado uma coisa só, como se estivessem ali há anos. Havia uma televisão ligada em um canto, mas ninguém olhava para ela. Meu peito ficou um pouco mais apertado.


— Não devíamos estar aqui. Parece que estou invadindo a intimidade deles — cochichei. — Acha que vão ficar bravos comigo por eu estar bem, e ele...? — Sabina segurou meu braço e me forçou a olhar para ela.


— Você não fez nada errado. Acho que eles vão ficar contentes por você se importar com o Noah e estar aqui para saber dele. Vai ser bom para eles se distraírem um pouco.


— Tem razão.


— É claro que tenho razão. — Ela voltou a andar e me levou junto.


A mãe de Noah mal olhou para Sabina antes de me encarar. O cabo de uma das margaridas em minhas mãos se partiu. Diminuí um pouco a força com que as carregava.


Ela se levantou e levou as mãos à boca. O pai de Noah olhou para ela, seguiu a direção de seu olhar e me viu. E ofereceu um sorriso trêmulo. A mãe de Noah andou entre cadeiras e pessoas até parar na minha frente. Senti que estava prestes a desmaiar, embora só tivesse desmaiado uma vez na vida.


Ofereci as flores meio sem graça, incapaz de falar. Sabina me salvou.


— Sra. Urrea, lamentamos muito o que aconteceu com o Noah e viemos dizer que temos pensado muito nele.


Embora Sabina falasse por nós duas, os olhos claros da sra. Urrea não haviam se desviado dos meus e se estreitaram em um sorriso.


— Any — ela disse.


Então se lembrava de mim.


— Sim, oi. — Ela me segurou pelos ombros, as flores ainda entre nós.


— Any.


Isso estava ficando esquisito. Assenti.

Ao Seu Lado {Adaptação Beauany}Onde histórias criam vida. Descubra agora