Na manhã seguinte, o peso do braço de Josh sobre minha cintura me prendia no lugar. Eu não queria me mexer e acordá-lo. Estava deitada sobre o lado direito, de costas para ele. Ele estava atrás de mim, e eu sentia sua respiração morna na nuca. Tentei controlar o arrepio que eriçava os pelos dos meus braços.
Era a primeira manhã em que eu acordava antes dele. Nosso último dia ali. Em cerca de vinte e quatro horas, alguém destrancaria as portas e nós estaríamos livres.
Josh se mexeu e fechei os olhos para não parecer que eu estava ali acordada esse tempo todo, curtindo o braço dele em cima de mim. Primeiro o braço me enlaçou com mais força e ele respirou fundo, depois, como se percebesse o que estava fazendo, resmungou um palavrão e recuou. O ar frio tocou minha pele, um toque de despertar para vários sentidos. Eu não podia me apegar a esse garoto de jeito nenhum. Ele mesmo havia falado na noite anterior que não queria vínculos. A tatuagem em seu pulso o identificava como um solitário. O que me fez pensar que eu seria diferente de qualquer outra pessoa para ele? Não era. Estávamos só tentando fazer o melhor possível em uma situação esquisita que vivíamos juntos. Isso tudo era temporário. Quando saíssemos, tudo voltaria ao normal.
Eu me espreguicei e sentei. Meu estômago roncou alto. Pus a mão em cima dele e Josh riu. Ele sorriu, algo que fazia mais prontamente que antes, pegou uma barra de proteína na bolsa e jogou para mim.
— Qual é a primeira coisa que vai comer quando a gente sair daqui amanhã? — perguntei.
— Donuts.
— No plural?
— Cinco, pelo menos.
— Sinto falta de salgado, não de doce. Talvez um hambúrguer com fritas.
— Também é bom.
— Tudo parece bom — falei, pegando metade da barra e devolvendo o outro pedaço para ele. — Menos isso. Ele comeu a outra metade de uma vez só.
— Realmente não é donuts — falou com a boca cheia.
— Ah, um hambúrguer, fritas e um milk-shake. Isso mataria todas as vontades.
Ele assentiu.
— Tem uma hamburgueria a dois quarteirões daqui. Podemos ir lá assim que as bibliotecárias abrirem a porta. — Ele amassou a embalagem da barra de proteína e a rolou entre as mãos. — Podemos arrumar as nossas coisas, ou melhor, as suas coisas, esperar atrás daquele pilar perto da garagem e sair escondidos assim que elas entrarem — falei. Ele olhou para mim. — O que foi? — perguntei.
— Você vai sair escondida quando as pessoas chegarem?
— O que mais posso fazer? Ficar aqui sentada esperando que me achem? Aí vou ter que explicar tudo. Vão telefonar para os meus pais. Vou ter que esperar eles chegarem e explicar tudo de novo. Isso levaria uma eternidade. Estou morta de fome.
Ele riu. Eu ainda não estava acostumada com o som.
— Comida é prioridade máxima, com certeza.
— Mais que tudo — concordei. — Ah! Já comeu cronuts?
— Cronuts? Não.
— É uma mistura de croissant e donuts. Melhor coisa do mundo. Vou comprar um cronut para você quando a gente sair daqui. Ah, não...
— Que foi?
— Não temos dinheiro. Como vamos comprar alguma coisa sem dinheiro? — Pensei um pouco. — Eu tenho dinheiro em casa. São só cinco minutos daqui até lá. A gente pega carona até a minha casa, pega o dinheiro e vai comer.
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Ao Seu Lado {Adaptação Beauany}
RomanceO que fazer quando você se apaixona pela pessoa que menos esperaria? Depois de se ver trancada acidentalmente na biblioteca pelo fim de semana inteiro, Any Gabrielly não acha que as coisas podem piorar. Mas ela percebe que não está sozinha. Josh Bea...