Rafaella Kalimann

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Bianca observou enquanto aquela linda jovem caminhava em direção à mesa. As mesmas meninas que olharam Tom acenar para ela, agora observavam-a com espanto. Algumas pessoas que tomavam café também desviaram seu olhar para ela. Uma espécie de magnetismo que chamava atenção dos outros.

Ela era alta. Devia ter 1,75 de altura. Seus cabelos eram cor de mel. Faziam cachos largos e abertos nas pontas que caiam por seus ombros. Os olhos pareciam ser um misto de verde claro com castanho. Branca, rosto fino, boca grossa. O batom vermelho destacava os lábios e ascendia seu rosto. Usava uma saia creme que descia até o joelho, com uma lasca na perna direita. A blusa era cumprida e preta, com um leve decote. O visual elegante tinha ainda algumas pulseiras no punho e uma linda sandália prata fosca de salto alto. Andrade reparou que ela tinha uma tatuagem na lateral da panturrilha direita.

Quando ela finalmente chegou a mesa, Bianca percebeu que seus olhos eram realmente um castanho esverdeado. Um tom diferente que ela ainda não tinha visto. A mulher virou-se para Sônia e trocaram dois beijinhos. Olhou então para Tomas, apertaram as mãos e ela se apresentou.

- Você deve ser o Tomas. Muito prazer. Rafaella Kalimann.

- O prazer é meu, Senhorita Kalimann.

- De ante mão já quero parabenizá-lo pela linda noiva que escolheu. Rafaella sorriu e virou-se para Bianca, que sentiu-se envergonhada de repente.

- Obrigada. Bianca limitou-se a dizer. Rafaella aproximou-se e a cumprimentou com dois beijos no rosto. Bianca notou que Kalimann usava um perfume masculino que ela sempre gostou muito.

- Você certamente é Bianca Andrade. Disse Rafaella.

- Eu mesma, é um prazer.

Sentados à mesa, fizeram seus pedidos. Rafaella tomou a palavra e começou falando de sua empresa. Explicou que existiam diversos pacotes de casamento que tinham a ajuda de um cerimonialista. Dos mais simples aos mais luxuosos. Abriu uma pasta catálogo na mesa e virou-a para os três. Sônia pareceu não prestar muito atenção nos pacotes mais simples e Bianca percebeu que ela estava doida para pedir que Isabel pulasse logo para o mais luxuoso e caro, mas não teve coragem de interromper a moça que era tão gentil e falava tão bem.

Tomas tentava prestar o máximo de atenção enquanto comia sem parar. Ele adorava comer. E Bianca apenas deu um gole em seu chocolate quente e se viu hipnotizada por tudo que Rafaella falava. De repente, organizar um casamento ficou até interessante pra ela. Teve a sensação que não seria tão tedioso como ela achava.

Quando Rafaella chegou na parte do pacote mais luxuoso, Sônia abriu um sorriso e seus olhos brilharam olhando as fotos de alguns casamentos anteriores. Ela ia folheando o catálogo e contando tudo que era possível ter neste tipo de catálogo e contando tudo que era possível ter neste tipo de festa. As coisas eram infinitas: banda musical de qualquer estilo, bufê com chefes conceituados, bebidas importadas e caras, os salões mais luxuosos, igrejas antigas com todos os enfeites, filmagem e fotos, lembranças, louças e talheres importados, trajes dos noivos, lista de convidados e convites e até viagem de lua de mel para qualquer lugar, com todo roteiro, hotel e detalhes preparados pela empresa. Era realmente para não ter nenhuma preocupação com nada. Tomas ficou animado como a mãe com tudo que ela dizia.

- Desculpe ter falado demais, mas sei que são ocupados então procurei ser o mais breve possível. Kalimann disse fechando o catálogo e finalmente tomou um gole de seu chá que já devia estar até frio.

- Vamos fechar com o pacote mais luxuoso querida. Disse Sônia altiva. Tomas lembrou do trato que fez com Bianca e pigarreou para a mãe que se concertou em seguida. - Se a Bianca concordar é claro. Ela disse derrotada.

Rafaella percebeu que havia um clima diferente entre nora e sogra, mas não deixou transparecer sua conclusão. Olhou diretamente para Bianca que ficou alguns segundos olhando para ela. Quis contrariar Sônia e por em prática seu plano, mas estava maravilhada com tudo que tinha ouvido.

- Bem, se eu decidir por fechar o pacote mais luxuoso, sou obrigada a fazer tudo que tem nele? Sônia olhou incrédula para a Nora. Bingo!

-Não mesmo, Senhorita Andrade. O casamento será preparado exatamente a seu gosto. Dependendo das coisas que quiser retirar, podemos rever os valores sem nenhum problema. Rafaella disse calmamente e sorriu em seguida.

- Não é necessário. Sônia intrometeu-se novamente. Bianca ignorou e continuou a falar com Rafaella, como se a sogra nem estivesse ali.

- E como é feito isso? Encontros semanais?

- Bom, primeiro marcaremos um dia para a Senhorita ir até a empresa e apresentarei meus melhores cerimonialistas. Depois de escolher um deles a forma de organização será como preferir. Claro, teremos que considerar o tempo que teremos até a data do casamento, para que não seja necessário fazer nada com pressa.

- E quando eu posso ir?

- Quando a Senhorita quiser. Rafaella respondeu.

- De acordo. Está de carro? Tomas e Sônia olharam ao mesmo tempo para Bianca sem entender onde ela queria chegar. Rafaella meio sem jeito respondeu que sim.

- Se incomoda de fazermos isso agora? É possível? Bianca ainda olhava para Rafaella ignorando os olhares reprovativos de Sônia e curiosos de Tomas.

- Como a Senhorita preferir. Bianca então finalmente olhou para o noivo e disse que estava tudo resolvido. Ele beijou sua bochecha ainda meio desconcertado com a atitude da noiva que nunca foi assim tão resolutiva quando se tratava de questões pessoais. Sônia se ofereceu para acompanhar as duas, mas Bianca não daria essa alegria a sogra. Disse que preferia ir sozinha, pois tinha muito compromissos e não poderia levá- la para casa. Deu um sorriso singelo diante da carranca da sogra e Rafaella confirmou sua impressão anterior. Era nítido que se detestavam. Pela sua experiência esse não era um bom sinal para um casamento, mas não era da conta dela, então fingiu não ter percebido nada. E além do mais de alguma forma ficou intrigada com Bianca.

Tomas deu um beijo na noiva e correu atrás da mãe que já ia em direção ao carro. Bianca virou-se e deu de cara com Rafaella que sorriu para ela.

- Você é muito decidida. Admiro isso. Vamos Senhorita Andrade?

- Me chame apenas de Bianca, por favor.

CAMINHOS DO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora