O Confronto

530 49 30
                                    

gente comentem bastante, só assim eu sei q vcs estão gostando...
boa leitura

POV NARRADOR

Dois corações que há pouco tempo batiam em sincronia num restaurante do centro do Rio de Janeiro, agora estavam descompassados. Bianca havia atravessado parte da cidade às pressas, cortando os carros furiosamente enquanto o veneno do ciúme corroía em suas veias e seu coração e mente travavam uma batalha. Enquanto subia as escadas daquele apartamento ao qual já tinha ido tantas vezes sentiu que dessa vez seria diferente. Sua intuição racional lhe dizia que o terreno era perigoso e seu coração tinha medo do que veria.

Ela estava certa.

Estava certa quanto a sua intuição de que cairia no inferno novamente, mas errada quanto aos motivos. Essa era a grande batalha da vida de Bianca. Ela que havia experimentado o amor de uma família quando ainda era uma criança, viu tudo isso cair por terra de repente. O casamento ao qual se espelhava ruiu quando sua mãe se apaixonou pelo melhor amigo de seu pai, a quem Bianca considerava um tio e fugiu com ele sem olhar para trás. Que ironia foi quando o amor destruiu tudo aquilo que Bia conhecia e que amava. Seu pai, que ela considerava um herói, transformou-se no mais terrível dos vilões.

E como Bianca acreditaria no amor quando aqueles que mais deveriam amá-la ensinaram que o amor era para os fracos? Que era apenas uma ilusão vendida pela indústria cinematográfica às crianças e aos casais bobos através de filmes e histórias com "felizes para sempre?"

'Quanta bobagem menina! Ninguém é feliz para sempre!'

Seu pai repetia todas as vezes em que ela tentou resistir. Então ela fez a única coisa que ela podia fazer. Ela entrou no jogo. Ela deu ao seu pai o que ele queria e assim diminuiu o inferno que era sua vida. Mas como há anjos no céu ou na terra, Ana sempre fora aquela semente que não deixava que as ervas daninhas tomassem todo o coração da irmã. E essa semente que era plantada em segredo fez com que Bia deixasse que Dani se aproximasse dela e acreditasse na amizade sincera, mesmo tendo visto que nem sempre todos os amigos são bons.

E assim, a menina Bianca Andrade cresceu em sua frieza e racionalidade.

Mas Bianca era diferente.

Ela podia ter se tornado alguém amarga como Sônia. Alguém que não se importasse com os outros, que não acreditasse em família ou amizade. Afinal, ela fora "treinada" para isso da maneira mais rígida possível. Por Deus, ela não ao menos tinha o direito de chamar de 'pai' seu próprio pai.

Por sorte, ou não, ela nunca fechou seu coração completamente. Os olhos azuis inocentes de Ana e a maneira como a menina oferecia tanto amor em troca não podiam ser fantasia afinal. Ana era uma criança pura e Bia prometeu a si mesma que conservaria seu sorriso e seus sonhos. Que não a deixaria cair ao inferno. Ela viveria nas trevas para que sua irmã repousasse sob a luz clara do sol. Porque amar, muitas vezes é sacrificar-se. E se o amor romântico não existia, porque o amor fraterno entre irmãos e melhores amigos não? Se existiam muitas formas de amar porque ela não poderia escolher uma?

O mundo de Bianca era seguro, controlado e estava ao alcance de suas mãos. Ela não acreditava em fadas ou princesas encantadas, mas acreditava que haviam pessoas na vida pelas quais valia a pena se entregar. E por isso Bia permitiu que Tomas se aproximasse dela. Não porque ele era uma dessas pessoas, mas porque ele estava ao seu alcance, ao seu controle. Bia acreditava que ela podia controlar o amor. O que ela não sabia é que amor verdadeiro não pode ser controlado.

E como nos contos de fada - que ela não acreditava - uma princesa loira e bela que podia ser facilmente chamada de heroína cruzou seu caminho. E desde de que seus olhos cruzaram com o intenso par de olhos verdes de Rafaella algo nela havia mudado. Sua racionalidade tentou por isso sob controle, mas quem é capaz de controlar um furacão? Quem é capaz de impedir que o amor se enraíze nos mais profundos cantos da alma? Quem é capaz de impedir uma paixão avassaladora de romper todas as barreiras que criamos ao nosso redor com as dores da vida?

CAMINHOS DO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora