Armadilha

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POV BIANCA
Meu almoço com Rafa havia sido maravilhoso. Pela primeira vez pude ser afetuosa com a loira sem me importar com quem estava a nossa volta. Aquela sensação de perigo ainda estava discreta no meu peito, mas provavelmente era apenas um resquício do meu natural estado racional. Era difícil agir com emoção na grande maioria do tempo, exceto claro quando estava com minha irmã, meus amigos mais próximos e minha namorada. Sai do carro no estacionamento da AD Online com um sorriso bobo no rosto. Fazia tanto tempo que não experimentava uma felicidade tão genuína como essa. O som dos meus saltos no chão de cimento e as batidas do meu coração eram as únicas coisas que podia ouvir. Minha mente vagou na lembrança de minutos atrás quando deixei ela na frente do prédio onde ela
trabalhava.

"Atravessamos a avenida pela primeira vez de mãos dadas e aquele simples gesto parecia explodir meu coração. Meu corpo formigava e queimava enquanto Rafaella de forma descontraída acariciava as costas da minha mão com o polegar.
Nós falávamos do almoço que teríamos na semana seguinte na casa de Manu e Mari para o chá de bebê de nosso afilhado. Nossas amigas estavam eufóricas e nós ansiosas demais para não falar disso pelo um menos um pouco todos os dias.

Quando chegamos em frente à entrada do prédio os olhos verdes da minha namorada elevaram-se em câmera lenta. Os longos cílios piscaram graciosos e a boca carnuda formou um sorriso tímido no seu rosto angelical. Eu estava simplesmente congelada olhando para ela, apreciando sua beleza estonteante minuciosamente. Quanto mais eu observava os detalhes de Isabel, os mínimos como uma pinta quase imperceptível que ela tinha próxima ao queixo, mais eu me apaixonava por tudo que havia nela.

- Para de me olhar assim... A loira disse balançando nossa mão entrelaçada num movimento de quem está envergonhada ao mesmo tempo que suas bochechas ganharam um tom rosado.

- Assim como? Inclinei um pouco a cabeça fazendo meu olhar mais cínico. Eu sabia ao que ela se referia, mas não perderia a oportunidade de vê- la corar ainda mais. O que eu podia fazer se amava isso nela?

- Assim... – Ela mordeu os lábios e sorriu sem jeito – Como se eu fosse a coisa mais linda do mundo, ou sei lá...
Aproximei meu corpo puxando-a delicadamente pela cintura. A mão livre da mulher automaticamente repousou no meu ombro.

- Não me culpe por não conseguir parar de olhar você. O que eu posso fazer se você é a namorada mais linda do mundo?
As bochechas de Rafaella coraram ainda mais e ela abaixou levemente a cabeça rindo baixinho.

- Você é muito galanteadora Bianca Andrade! Não sei como fui cair na sua lábia... Ri baixo encostando minha testa na dela.

- Estou apenas dizendo a verdade. Nada além. - Ela mordeu o lábio novamente e meus olhos desceram para sua boca – Sabe, agora que a gente não vai mais se esconder, não seria legal eu ganhar um beijo de despedida?
Rafaella arqueou uma sobrancelha e sorriu.

- E o que te faz pensar que merece um beijo aqui bem na entrada da minha empresa?

- Talvez o fato de que se você não me beijar vou embora profundamente triste. E você não gosta de me ver triste.

- Além de galanteadora é chantagista? Deus! Onde foi que fui me meter...
Gargalhei alto, puxando a loira ainda mais contra mim. Ela se aproximou e beijou meus lábios delicadamente. Minha mão escorregou para suas costas trazendo-a para mais perto. Nossas línguas se tocaram delicadamente, num carinho gostoso. Nossas mãos permaneceram entrelaçadas como se não quiséssemos desfazer daquele gesto simples que tanto desejávamos. Depois de um tempo, separamos nossos lábios e suspiramos juntas.

- Preciso ir... Sussurrei e Rafaella assentiu em silêncio – Quer que eu te busque aqui mais tarde?

- Não. Na verdade, vou para casa agora. Tenho um dossiê para montar de um casamento importante e esse tipo de coisa gosto de fazer em casa para me concentrar melhor.

CAMINHOS DO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora