Tentação

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Bianca tentava entender porque Rafaella havia saído no meio da entrevista. Por ela todos os repórteres poderiam desaparecer naquele momento. Detestava dar explicações de sua vida pessoal para quem quer que fosse principalmente para revistas de fofoca. Teve a sensação que a resposta dela aos repórteres não foi totalmente sincera e isso a intrigava.

Evitou falar com a sogra a sós durante a festa porque toda vez que a via sentia raiva por ter que estar se expondo a tanta gente hipócrita da alta sociedade, além do receio de perder o controle novamente diante do seu sorriso falso.

Sentada à mesa ao lado de Tomas, tentou dar atenção a todos que se aproximavam, mas seu olhar frequentemente desviava-se a mesa das amigas, que conversavam alegremente. Percebeu que Ana sentou-se ao lado de Isabel e ouvia atentamente cada palavra que ela dizia. O sorriso aberto da irmã e a leveza dela provocou um aperto no peito de Bia. Quis levantar-se e ir até elas, mas sabia que não podia fazê-lo. De vez em quando seu rosto ardia quando percebia que Rafaella desviava seu olhar para ela no mesmo instante que a havia olhado. Eram apenas alguns segundos, mas o imã era forte demais para evitar que ela desviasse o olhar rápido o bastante, para não perceber o quanto Rafaella era bonita.

Incomodada com as sensações Bianca se sentiu aliviada quando foi para a pista de dança com o noivo. Primeiro porque sentia que sufocaria se continuasse na direção dela e segundo porque o momento da dança indicava que a festa estava chegando ao fim. Tudo que Bianca queria era que aquela noite acabasse logo e ela voltasse a sua rotina habitual. Trabalhar e esquecer. Esse era seu lema de vida. Ali era seu porto seguro e onde ela habitava.
Enquanto sorria para Tomas e bailava com ele, pôde ver Isabel levantar-se e se afastar da festa. Seu sorriso sumiu por uns instantes principalmente porque Ana fora atrás dela.

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Rafaella não aguentou ver a dança. O incomodo foi grande demais para ela. A noite foi até agradável pelas companhias e especialmente por conhecer Ana mais a fundo. A linda jovem era simpática e muito divertida, fazendo Rafaella esquecer as sensações que Bianca provocava. Apesar disso, seu instinto era maior que sua vontade, e não conseguia deixar de reparar na noiva com frequência. Algumas vezes seus olhares se cruzaram, por segundos apenas, o suficiente para que o coração acelerasse de novo e a quentura percorresse seu corpo. Teve vontade de ir embora, mas sabia que seria muito antiprofissional.

No momento que a dança do casal foi anunciada, sentiu alivio porque a torturante festa estava chegando ao fim, mas também sentiu um enorme ciúme ao ver o imenso sorriso de Bianca para o noivo, enquanto bailavam pelo salão. Manu percebeu a angústia da amiga e sugeriu que ela fosse dar uma volta e respirar um pouco. Ana a seguiu até o bar.

- Um Martini, por favor. Rafaella pediu.

- Dois.

Rafaella virou-se e viu o sorriso encantador de Ana para ela.

- Não é muito jovem para um Martini? Brincou.

- Não sou jovem para muitas coisas.
Rafaella corou diante da atitude da menina.

- Ana... Sussurrou como se a repreendesse. Ana sorriu divertida e Rafaella achou uma graça o jeito da menina.

- Você ainda vai perceber que sou mais mulher do que pensa. Ana pegou a azeitona que estava em seu Martini e sugou-a do palito olhando Rafaella profundamente nos olhos. A loira engoliu em seco diante daquela garota de cabelos castanhos e olhos mel, tão transparente e tão decidida. Seria ousadia demais se envolver com a irmã de Bianca. Não pela sua idade, mas porque no fundo tinha uma esperança sobre a mais velha, esperança essa que a fazia se sentir ridícula, e que não podia ser ignorada. Ana ainda fitou-a por alguns instantes com um sorriso malicioso.

CAMINHOS DO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora