Ela é Como O Vento

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oii voltei
nem sentiram minha falta

POV BIANCA

Se tem uma coisa que aprendi com meu pai é que em determinados momentos, ou em quase todos eles, palavras são o que menos importa. A vida é feita para aqueles que agem sem medo ou receio. Para aqueles que pensam na melhor estratégia e que encaram a vida com grandes planos. Pelo menos era isso que eu acreditava plenamente até que aquele par de olhos castanhos esverdeados haviam me fisgado. Rafaella não só quebrou meus muros, como também me mostrou que nem sempre pensar é o melhor caminho. As vezes viver requer um pouco de impulso e loucura. Fazer antes, pensar depois.

Ações

São ações que importam. O olhar, o gesto, o toque. Nem sempre as palavras causam o efeito que devem. Na verdade, uma palavra que não é acompanhada de um gesto ou de um olhar sincero, com o passar do tempo se torna vazia. Nunca fui muito de palavras emotivas. Até hoje fico pensando em que momento eu criei coragem para confessar a Rafaella que eu estava apaixonada por ela? Fato é que quando o fiz, meus olhos e meu corpo o fizeram também. E foi aí que Rafa se sentiu segura o bastante para acreditar nas minhas palavras.

Ações geram resultados

Não seria o amor esse tipo de jogo? Onde você precisa ofertar seus sentimentos junto a gestos de carinhos para construir confiança e respeito, para só então ofertar felicidade?

Era nisso que eu acreditava agora. E por isso, aqui estou eu, com o mesmo vestido vermelho colado ao corpo e o scarpin preto nos pés. Não perdi tempo trocando de roupa ou pensando demais. Ela precisava me ver do jeito que provavelmente me viu na entrevista. Talvez assim esse meu ato impulsivo mostrasse a ela que independente das minhas palavras para Flay, minhas ações eram delas. Eu era dela. Meu coração não estava calmo. Ele batia freneticamente em meu peito a medida que o elevador subia. Rafaella havia me dado passe livre ao seu apartamento e por isso não fui anunciada, o que era bom considerando que a surpresa fazia parte do meu plano para a noite.

O som da campainha se fez e a porta do elevador se abriu. Rafaella morava em uma das coberturas e suspirei pesado quando dei de cara com a porta de seu apartamento. E se ela não estivesse em casa? Eu deveria esperar? Eu deveria ir embora? Me peguei, feito boba, com a mão fechada em punho próxima a porta de madeira branca sem coragem de bater. Segundos depois me lembrei que havia uma campainha pedindo para ser apertada bem ao lado. O quão idiota eu estou? Não sou capaz nem de fazer o óbvio como tocar a campainha do apartamento. Suspirei novamente.

"Coragem Bianca Andrade. Coragem! "

Coloquei a mão que segurava o buque de jasmins para trás assim que meu dedo pressionou a campainha. O som do toque ecoou no apartamento e só então reparei que um som aparentemente de música vinha do seu interior. Rafaella estaria com alguém? Ai meu Deus será que ela está com alguém?

"Respira, Bianca. Respira"

Alguns longos segundos se passaram e uma angústia cresceu em meu peito. Pela demora deveria estar com alguém. E se fosse uma mulher? O que eu faria? Seria humilhante demais estar na porta dela com um buque de jasmins e o orgulho no pé, apenas para descobrir que ela tinha outra pessoa. Não, não, não podia ser. Eu não perderia ela. Não agora. Toquei novamente a campainha e suspirei longamente tentando encontrar o ar em meus pulmões.

Nada.

Nenhum barulho, nenhum sinal. Ela deve estar mesmo ocupada com alguém. Senti o ciúme crescer no meu peito como brasa em palha seca. A chama se alastrou por todas as minhas células roubando-me o ar e a lucidez. Minhas bochechas esquentaram e a raiva era tanta que a decisão correta era ir embora antes que eu visse o que não queria. Porque se eu visse uma lambisgóia qualquer com a minha Rafa faria com ela o que não fiz com Sônia. Ah se eu faria...

CAMINHOS DO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora