Um lugar mágico

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Andrade estava ansiosa, mas ao mesmo tempo tranquila. Ia conversando com Rafaella no caminho e teve uma afinidade instantânea com ela.

- Vocês estão juntos há dois anos então?

- Sim.

- Legal! Vejo muitas pessoas que casam
muito cedo. Acho arriscado. Às vezes dá certo e às vezes não.
Bianca riu. Rafaella olhou para ela confusa.

- Seu pensamento não tem lógica. Explicou.

- Como não? Riu divertida.

- Não creio que sucesso no casamento tenha haver com tempo de relacionamento. É meio fantasioso, mas quando você acha a pessoa certa, o tempo é relativo.
Kalimann ficou calada. Olhou para Bianca que a olhou de volta. No meio daquela imensidão azul dos olhos dela admirou sua inteligência.

- Tem razão. Disse.

Bianca sorriu.
Conversaram ainda sobre trabalho e algumas coisas do casamento até que chegaram ao destino. Estavam na Pedra da Gávea. Andrade sorriu diante da descoberta do misterioso passeio.

- Não acredito! Riu.

- Não gosta daqui? Rafaella perguntou.

- Gosto. Mais nunca vim, acredita?

- Como pode morar no Rio e nunca ter vindo aqui? Perguntou curiosa.

- Estou há dois anos e alguns meses no Rio. Com a empresa e tudo que aconteceu, quase não saio pra lugar nenhum.

Kalimann abriu a mala do carro e tirou uma mochila de escalada, além de dois pares de tênis. Bianca olhou espantada. Percebeu que ela planejou os detalhes para que realmente fosse surpresa. Ficou animada. Reconheceu que um dos pares de tênis era seu. Preto e azul que ela adorava usar nos raros momentos de caminhada na praia.

- Como meu tênis veio parar aqui? Disse incrédula. Rafaella riu.

- Sua irmã Ana me ajudou. Liguei para ela ontem.

- Que pirralha danada!

- Não briga com ela! Eu sou boa de convencer as pessoas a fazer o que eu quero.
Os olhos de ambas se cruzaram e Bianca corou de repente diante da afirmação.

- Então vamos?

- Não vai ter ninguém pra nos guiar?

- Bianca , eu conheço essa trilha com a palma da mão. Ah, toma! Passa um pouco de protetor e repelente. Ajuda bastante.

Seguiram pela trilha, o cheiro do mato e das folhas, o vento fresco no rosto foi uma espécie de renovação para Bianca. Rafaella ia à frente guiando-a. Em certo momento, ficou observando de perto a tatuagem que ela tinha. Era uma mulher tocando violino. Ficou curiosa pelo significado daquilo. Reparou também no corpo de Kalimann. Era atlético e cheio de curvas. Ficou muda nos momentos em que pensava porque chamava tanto sua atenção?

Quando chegaram ao topo, Bianca arregalou os olhos e ficou maravilhada! A Barra da Tijuca era linda vista do alto. O sol estava brilhante, o mar azul e límpido. Era um paraíso.

- Uau! É perfeito! Rafaella sorriu triunfante diante da expressão maravilhada de Bianca .

- Meu lugar preferido! Venho aqui sempre! Confessou.

- E como não vir? Por favor, me chame quando vier.

- Vai ser um prazer.

Rafaella forrou umas toalhas no chão. Sentaram para admirar a paisagem. Haviam outras pessoas no local tirando fotos. Um grupo de amigos estava animado admirando a paisagem. Havia dois casais. O primeiro, um homem e uma mulher sentados trocando beijos carinhosos. O outro, Bianca reparou mais demoradamente. Eram duas mulheres, a primeira sentada atrás e a outra em sua frente com a cabeça encostada no peito de sua a outra em sua frente com a cabeça encostada no peito de sua companheira. Conversavam distraídas. Rafaella percebeu que Bianca as fitava e ficou pensando se ela se incomodava ou não vendo aquilo. Resolveu arriscar saber.

- Te incomoda?

- Ah? Bianca virou-se e viu os olhos de Rafaella, agora mais verdes que nunca, penetrarem fundo nos dela. Sentiu um calor no rosto crescer.

- O casal de mulheres te incomoda?

- Não, claro que não! Eu só admirei a cumplicidade delas... Parecem muito felizes.

- Mas você também é certo? Vai até se casar! Rafaella sorriu.

Bianca apenas a olhou e deu um sorriso de canto de boca. Não respondeu. Ela sempre usava o silêncio quando não sabia o que dizer. Achou melhor mudar de assunto.

- Então senhorita organizadora, como esta linda paisagem vai me ajudar a organizar meu casamento?

- O que você sente estando aqui?

- Me sinto renovada.

- Ótimo! - Rafaella puxou um caderno de dentro da mochila e desdobrou uma lista com vários ítens – Essa é sua primeira tarefa! Vou começar com o mais fácil, os detalhes de cores e decoração. Aproveite esse ar puro e deixe sua mente livre. Vou marcar suas preferências. Procure imaginar as coisas que eu disser e veja o que mais lhe agrada ok?

Bianca ficou alguns instantes olhando Rafaella. Estava admirada com aquilo tudo, porém nunca havia ouvido falar de tal método e olha que ela leu muitos sites sobre a profissão de Rafaella. Como sempre ela queria buscar um sentido nas coisas, por menor que fossem. Sua curiosidade fez com ela deixasse sua descrição de lado.

- Você sempre traz as noivas para cá?

- Não. Você é a primeira...Rafaella deu um sorriso meio tímido.

- Então porque me trouxe aqui?

- Não sei. Tem algo em você que é especial. Eu só tive vontade de fazer diferente...

O coração de Bianca manifestou-se de repente. Aquela mesma sensação da confeitaria havia voltado. Corada, desviou do olhar de Rafaella e concentrou-se na paisagem. Respirou aquele ar puro profundamente, enquanto ela começava com as perguntas.

CAMINHOS DO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora