Capítulo 15 - O Começo

92 9 0
                                    


Os lábios estão tornando-se azuis... um beijo que não pode renovar

Eu somente sonho com você, minha bela

Cuidadoso até seu quarto.. um brilho de estrela na penumbra

Eu somente sonho com você, e você nunca soube...

Muse | Sing For Absolution

"Sing for Absolution", do Muse, foi a trilha sonora da minha caída. Foi nesse ano que minha vida começou. O ano em que nasci ou o ano em que fui despertado. Dois mil e onze. Dois, Zero, Um, Um. Eu ainda podia sentir as letras com a mesma potência de quando as ouvia todas as noites antes de adormecer. Isso e "Sweet Disposition" - daí a letra idiota tatuada na parte interna do meu braço - desaparecendo no esquecimento, mas guardados na memória de nós.

Naquela época, parecia como um filme. O clássico: "encontro casual encontra afeto inesperado encontra angústia encontra melodias cinematográficas arrebatadoras que fazem você se sentir como se estivesse em um com-rom clássico". "Dirty Dancing", "Love Actually", "Pretty Woman", "The Notebook" - você escolhe.

Quase todos os dias que antecederam a semana no bangalô, ele era apenas mais um companheiro. Engraçado, estúpido, mas surpreendentemente intelectual por quão bobo ele era às vezes. Ele era sem dúvida o mais inteligente entre nós, o que significava que às vezes seu humor era mais elevado e discreto. E ainda por cima, ele era um mestre em sotaques, deixando-nos todos confusos sempre que os usava.

Embora principalmente o que notei sobre ele foi o quão introvertido ele era. Nunca entendi o que significava ser uma pessoa introvertida até conhecê-lo. Antes, eu tinha a impressão de que pessoas introvertidas simplesmente não tinham personalidade, mas me enganei. Rapidamente descobri que as pessoas introvertidas simplesmente ocultavam muito sobre si mesmas até estarem perto de pessoas em quem confiavam, então tornou-se minha missão ser sempre essa pessoa para ele.

Ao contrário dos outros, ele eventualmente precisava de um momento sozinho para recarregar. Às vezes, ele caía em silêncios pensativos que o faziam parecer ter o dobro de sua idade. Só então percebi como ele era bom em fingir. Eu sabia que ele era quieto desde os dias do X-Factor, mas vê-lo ligar e se desligar para os meninos e se encaixar em qualquer humor que estivéssemos no momento, era fascinante para dizer o mínimo.

Apesar de ser tímido e relutante em falar abertamente em entrevistas, ele era o que mais falava bem entre nós. Seu vocabulário era enorme, mas muitas vezes ele condescendia sempre que falava conosco em profundidade sobre um assunto ou outro. Honestamente, eu não sabia se devia ficar impressionado ou ofendido, mas me fez querer ler mais para acompanhá-lo.

Com o tempo, aprendi da maneira mais difícil que ele não gostava de ser estudado. Às vezes, ele saía de uma sala porque eu ou os outros ficávamos olhando para ele sempre que ele ficava muito quieto. Amuado, era a melhor definição. Eu nunca poderia dizer o que ele estava pensando de um minuto para o outro. Ele gostava muito de colocar os fones de ouvido e fugir da realidade, o que me irritava, porque entendi que ele pensava que estava acima de nós; mas com o tempo eu percebi que estava errado. Ele só precisava daquela solidão para se sentir equilibrado.

Depois, havia as coisas que o fazia parecia exatamente da nossa idade. Como suas fobias e vulnerabilidades que ajudaram a me lembrar que ele era humano. Imediatamente soubemos que ele não sabia nadar, por isso cuidávamos dele sempre que usávamos a piscina. Às vezes, tentávamos ensiná-lo, mas ele sempre era muito paranóico na água para nos deixar chegar perto. Ele se manteve na parte rasa e se divertia lá.

Essa Coisa Sobre Mim • Zarry (Tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora