Essa Coisa Sobre Mim • Zarry (Tradução)

Capítulo 30 - Não Convidado

(ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE: Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, empresas, lugares, eventos, locais e incidentes são produtos da imaginação do autor ou usados de forma fictícia. É importante lembrar que tudo isso é totalmente fabricado, embelezado e exagerado para fins de entretenimento.)

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"Eu odeio aparecer do nada sem ser convidado, mas eu não pude ficar longe, eu não pude lutar contra isso.

Eu esperava que você visse meu rosto e que fosse lembrado de que, para mim, ainda não acabou..."

Adele | Someone Like You

"The Way I Feel Inside", do The Zombie, sussurrou sobre a cabine do carro quando acordei do melhor sono que tive em semanas (melhor do que em casa, no conforto da minha cama). Fechei os olhos e deitei-me no assento, que eu havia reclinado o máximo que podia, rendendo-me aos meus ossos preguiçosos e absorvendo as letras tranquilas.

Elas falaram por mim. Fazendo um apelo em meu nome, expressando coisas que eu era incapaz de articular mesmo na câmara dos meus próprios pensamentos. Quando a faixa terminou, eu repeti várias vezes, antes de ceder e permitir que ela progredisse para "Like A Star", "Enchantment" e "Trouble Sleeping" de Corrine Bailey Rae.

Era antes do nascer do sol e o céu tinha um gradiente leve que me lembrava um damasco;; o tipo que minha mãe sempre buscava no mercado e me dizia para não tocar até que estivessem maduros. Eu quase podia sentir suas texturas cerosas contra minha língua agora; e o gosto amargo que às vezes ardia em minhas mandíbulas muito depois de tê-los comido.

Hoje já era um dia irracional. Eu não tinha calculado meu próximo movimento, e agora me amaldiçoei por ser míope e impulsivo; uma combinação mortal. Tudo poderia mudar em um movimento em falso se eu não fosse cuidadoso. Tive que pesar minhas opções - embora nenhuma quantidade de racionalização parecesse me ajudar a ir além da noção de que eu precisava vê-lo imediatamente. Eu exigia vê-lo. Era meu direito.

Agora, tudo o que restava fazer era esperar até uma hora da manhã mais apropriada, para não incitar sua ira. Mudei meu peso para ficar mais confortável, abaixando a janela para uma lufada de ar não sufocada pelo meu purificador de ar de madressilva, que me arrependi de ter comprado. Imediatamente detectei de longe a forte fragrância de um gramado recém-aparado, e não demorou muito para avistar a engenhoca zumbindo e estrondando em um quintal vizinho.

A calmaria antes da tempestade. Eu não tinha ideia do por que estava ali - nesta vizinhança, fora desta casa - ou qual deveria ser meu próximo passo. O tempo diria. Ser tático tinha saído pela culatra ontem à noite com toda a minha resolução de permanecer modesto. Eu estava oficialmente perseguindo-o agora, e ainda mais preocupante era o fato de que não sentia nada semelhante ao remorso que deveria ter contestado essa decisão. Alguma coisa feia e petulante me convenceu de que eu tinha o direito de estar ali. Que ganhei o direito de persegui-lo a todo custo.

Meus pensamentos foram logo dissolvidos por um acesso de tosse que fez minhas costelas doerem e, no final, fiquei grato por ver que não estava com uma ressaca terrível. Essa foi a má notícia, no entanto. Na minha opinião, eu estava me tornando um bebedor pesado - cada vez menos afetado por essas bebedeiras, que estavam aumentando em frequência. Só o pensamento me assustou, então empurrei a garrafa vazia para longe, mandando-a voando para o chão do banco do passageiro como se tivesse pegado fogo.

Agora eu assistia a quietude da vizinhança suspirar ao meu redor, esticando o pescoço para olhar para cima do assento reclinado com um olho. Nenhum carro passou desde que acordei, e me perguntei quando esse quarteirão em particular ganhava vida a cada dia. Era um pouco depois das 6 da manhã e os pássaros e paisagistas eram as únicas almas presentes para me fazer companhia.