6 - Palavras que nunca foram ditas

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Siena passara as últimas semanas inventando desculpas para os amigos e vizinhos quando ela não comparecia nos bailes concedidos por eles, alguns acreditaram, porém outros ficavam duvidosos, sua amiga Camile era uma dessas pessoas que arqueava a sobrancelha não acreditando em nenhuma palavra. Porém Camile lhe atualizava sobre todos os bailes, não excluindo nenhum detalhe e até mencionou em como as jovens de Violet Britt estavam animadas com a presença de Sebastian, dissera que ele passara todas os bailes acompanhado e dançando com alguma moça.

Siena não repreendeu a amiga por mencionar Sebastian, em razão da curiosidade por saber o que ele andava fazendo, ela não se surpreendeu com a notoriedade que ele estava causando, ele sempre chamou atenção das jovens em idade de se casar, inclusive ela mesma anos atrás. Será que Sebastian se entregaria aos laços matrimoniais? Essa era a pergunta que rodeava em sua mente. Será que ela seria obrigada a ver seu amor do passado se casando, ali no vilarejo? Ela não queria pensar nisso, mas se deu ao luxo de imaginar como seria se Charles estivesse vivo, como tudo seria diferente, ela não se sentiria afetada pela presença de Sebastian e nem sofreria com felicidade dele – ao menos assim pensava.

Siena destina à tarde para praticar pintura com as crianças no quintal da escola, que é repleto de árvores miúdas, macieiras e jardins. Cada aluno possui seu cavalete e tintas, algumas crianças estão concentradas em suas tarefas, enquanto outras brincam com as tintas e pincéis. Siena aproveita para praticar sua ocupação preferida, fazia tempo que ela não se dedicava à pintura. Ela está concentrada em pintar uma campânula-lilás, ela não é uma artista, mas realiza um ótimo trabalho com os pincéis.

Finalizem a pintura, amanhã iremos enquadrá-las e em breve faremos uma exposição para os pais de vocês — Informa aos alunos que comemoram.

Siena está tão concentrada na pintura que não percebe Sebastian se aproximar e quando ela move um passo para trás, seu corpo se choca com o dele. Siena nem precisa se virar para saber quem é, o perfume de Sebastian já alcançara seu olfato, involuntariamente o sangue corre pelas veias e um leve tremor lhe abate, ao se virar rapidamente ela encara aqueles olhos que atormentam sua mente, sua respiração se acelera com a proximidade. Siena fica desconfortável, mas esquece de se afastar, sem saber o que fazer ou falar, seus olhos passeiam pela boca desenhada, pela cicatriz acima da sobrancelha e pelos olhos de Sebastian. Antes de realizar qualquer estupidez ela se afasta, assumindo a defensiva novamente.

— O que você faz aqui? — Pergunta de forma rude.

— Achei que talvez precisasse de ajuda, já que tem andado tão atarefada. — Responde Sebastian com ironia.

— Não preciso de ajuda alguma e ainda mais a sua — Siena se afasta o máximo que pôde.

— Será que um dia você vai expulsar essa mágoa do seu coração? — Os olhos acinzentados possuem uma cobertura grossa de cílios que ficam sombrios quando olha para a boca de Siena.

— Sebastian, vai embora daqui, por favor. Eu não quero lidar com você aqui na frente das crianças.

Algumas crianças já não prestavam mais atenção na pintura.

— Eu preciso conversar com você Siena, em particular, me dê essa chance.

— Não temos nada para conversar.

— Não seja assim, estou quase a ponto de implorar.

Siena arqueia uma sobrancelha.

— Assim como, posso saber?

— Desse jeito indiferente, impiedosa... implacável.

Siena solta uma risada debochada.

— Você quer falar de indiferença e insensibilidade? Logo você?! — Diz Siena com impaciência ao cruzar os braços.

Além do arco-írisOnde histórias criam vida. Descubra agora