41 - A despedida

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Sebastian está de pé debaixo da árvore miúda na clareira usando seu uniforme das forças armadas, um terno de tecido grosso e requintado de cor cinza com detalhes vermelho que lhe deixa com um ar altivo e potente. Seus olhos estão fixos nas águas cristalinas do lago Leoch, sua mente um turbilhão de sentimentos, dessa vez a sua vontade é de ficar ao lado de Siena e nunca mais ir embora de Violet Britt. Ele deseja parecer esperançoso ao lado dela, mas a verdade é que mal conseguira dormir à noite, a dor e a tristeza o invadindo por inteiro.

Siena adentra na clareira no horário marcado usando um vestido branco, seus cabelos castanhos e pesados estão soltos, esvoaçante assim como o vestido. Sebastian admira a bela mulher, que daqui um ano seria sua, diante dos homens e diante de Deus, ela mais parece um anjo, saído diretamente dos seus sonhos. Eles se encaram brevemente e Siena corre para os seus braços, o enlaçando pelo pescoço enquanto ele a agarra pela cintura com seus braços fortes, ela sente suas mãos fazendo um leve carinho no meio de suas costas.

O abraço é cerrado, e o desejo de ambos é de nunca se soltar, permanecendo daquela forma por um bom tempo, sem dizer coisa alguma, todavia, nada precisa ser dito, o abraço já diz o que as palavras não conseguem.

Afrouxando o abraço eles se afastam, o olhar dela está nele, Siena fica na ponta dos pés e toca a sobrancelha grossa, toca a cicatriz logo acima, toca seu nariz, e o contorno de seus lábios, admirando e desejando memorizar cada traço.

— Vai ficar tudo bem, não vai? — Pergunta Sebastian duvidoso - Você ainda vai estar aqui quando eu voltar?

Siena balança a cabeça e sorri.

— Quando eu disse que te esperaria por uma vida inteira eu não estava brincando Bash. Eu vou estar aqui, sempre.

E apesar da dor que ela sente por vê-lo partir novamente, dessa vez ela está mais convicta de que aquela despedida será breve, dessa vez é diferente, ele está indo, mas deixando com ela, o amor, a certeza e uma promessa.

— Eu te amo, Sebastian. — Diz Siena sem desgrudar os olhos dele, há verdade e poder naquelas palavras.

— Eu amo tanto você, mais do que você pode imaginar.

Sebastian aproxima seus lábios dos dela pedindo passagem com a língua, ela não o detém. O beijo a princípio é lento. Ela segura o rosto dele entre suas mãos e dá o máximo de si naquele beijo, ambos demonstrando o que sentem, a pureza apaixonada, a urgência e ardor. Unidos num beijo que simboliza a promessa de um futuro maravilhoso.

Sebastian aperta a cintura de Siena e a afasta gentilmente. Ambos recuperam o fôlego, e Siena fita a toalha estendida no chão para o desjejum, com frutas, pães e bolos. Eles se sentam lado a lado e aproveitam das iguarias e do sol fraco entrando pela copa da árvore, ainda é cedo e o sol permanece escondido.

Depois de finalizarem o café da manhã, Sebastian ainda tem tempo sobrando antes do horário marcado para partir, ele está sentado de encosto a árvore com Siena entre suas pernas — exatamente como eles faziam quando eram mais jovens.

— Posso te contar uma coisa? — Pede Sebastian.

— Certamente.

— Quando eu descobri que você havia perdido Charles, minha intenção sempre foi voltar para você. Recebi uma carta de Camile contando-me tudo, na mesma hora eu fiz minhas malas, detestando saber que você estava sofrendo. Mas nesta mesma carta Camile implorara para eu não voltar, disse que a minha presença seria muito pior.

Siena escuta, sem dizer uma palavra.

— Sofri uma luta interna desejando retornar, mas temendo lhe causar ainda mais dor. Logo chegaram mais cartas, Camile me dizia que você estava destroçada, que não era possível ver fragmentos da mulher que você foi um dia. Mas ela dizia que apesar de tudo, você era um ser de luz, porque ao invés de você irar-se contra o mundo e até mesmo contra Deus, como muitos fariam, você se apegou ainda mais a Ele. Mesmo precisando ser ajudada era você quem acolhia.

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