Quatro anos depois
Dia 23/12
sexta-feira
POV Narrador
Durante uma madrugada de sexta-feira em uma passarela movimentada se encontrava uma jovem moça, não podemos dizer que ela pensava no que faria, ela só queria reconstruir aquilo que havia sido destruído, ela tinha apenas 16 anos quando tudo começou, ainda não sabia bem como a vida era. Ela achava que havia conhecido o amor da sua vida, mas não sabia que na verdade, ela havia conhecido a dor. Ela conheceu o abuso, ela viveu com a violência e sentiu que havia morrido com o abandono.
Uma mulher, uma simples mulher que achou no direito de tê-la, uma única mulher que foi capaz de tratá-la como sua posse. Essa única mulher é responsável por onde ela estar perdida, cansada e machucada.
Ela não tinha a família ao seu lado, todos eram contra sua relação, todos odiavam por ser uma mulher mais velha. Mas a jovem sabia que não era disso que precisava que ela precisava do colo de sua mãe e do abraço de seu pai, seu corpo tinha marcas que sempre a acompanhariam até o seu último instante. Ela não estava desistindo do que ia fazer, ela estava mais convicta ainda que aquilo fosse sua única opção.
Ninguém nunca saberia as quantas vezes ela apanhou tanto da namorada que não conseguia nem se levantar, dias que só de respirava sentia dor porque ela tinha bebido na noite passada. Seu pai sempre disse o quanto não gostava daquela garota, mas ela não entendia o porquê naquela época, agora ela se acha uma idiota e se culpa por tudo que aconteceu. Como conta que depois de 2 anos o amor da sua vida havia se tornado um monstro?
Ela imaginava o que escutaria da sua mãe, na última vez que a viu, sua mãe dizia o quanto ela tinha sorte por ter o príncipe encantado ao seu lado. Ela a culparia por tudo? Ou ela acreditaria nela? A Jovem nunca irá ter essas respostas.
A jovem se jogou sem pensar duas vezes, na verdade, ela não pensou nenhuma vez simplesmente fez. Ela queria que a dor que sentia a esmagando passasse de uma vez por todas. Ela só se esqueceu que aquele seria seu último sentimento, ela nunca mais iria sorrir para a vida novamente, não sentiria o abraço apertado de sua mãe, nem o beijo na testa de seu pai, ali quando pulou daquela ponte, ela só sentiu um triste abraço da morte e seu amargo beijo que a levou sem chance de desfazer o que havia feito.
Sua mãe ao receber aquelas notícias que a filha nunca mais voltaria se jogou ao chão suplicando que fosse mentira, seu pai se sentiu com raiva, com dor e queria achar o culpado. Os dois queriam que alguém pagasse por isso, mas isso nunca aconteceu. A jovem escolheu se jogar, mesmo que nem todos vissem que ela pensava que aquela era sua única saída. Seus 16 anos não forma nada do que havia planejado para a sua vida, O que ela poderia ser? O que ela seria se tivesse vida? Será que ela se recuperaria? Ou ela nunca conseguiria esquecer?
Lisa contava essa história para várias mulheres e homens em sua frente que haviam passado por uma relação abusiva. Ela estava em uma palestra online para qual ela foi convidada e via como a feição de todos ainda estava sempre focada nela, expressando o que sentiam.
POV Lisa
Lisa: Essa jovem poderia ser eu, poderia ser você, poderia ser qualquer um que teve seu interior destruído. - Umedeci os meus lábios - Eu não conto essa história para apenas trazer a tristeza dela, mas sim para chamar a atenção de todos. A Jovem não tinha ninguém que acreditasse nela, ela se via perdida como muitas aqui já se sentiram. - Soltei um longo suspiro - Eu sou uma dessas jovens, eu não me joguei da ponte, eu me cortava, achava que ali conseguiria um alívio de tudo que me fazia sangrar por dentro. - Olhei para a mulher em minha frente que me passava força pelo olhar - Eu cheguei a tentar por um fim em tudo, mas não consegui, uma mulher salvou a minha vida. - Eu respirei fundo - Na verdade, muitas pessoas salvaram a minha vida pouco a pouco até eu conseguir me recuperar por inteiro e aqui eu estou - Eu sorri largo - Eu consegui sair daquele mar profundo em que me afundei, então, aqueles ou aquelas que se sentem assim, continuem vivendo, escolham sobreviver - Eu me ajeitei na cadeira e olhei para o rosto de cada um que aparecia naquela tela - Quando a jovem se jogou daquela ponte a sua vida teve um fim, já a única culpada por tudo que ocorreu ela continuou com sua vida e teve uma vida. Ela refez seu ciclo de abuso, ela pode estar por aí fazendo a mesma coisa que fez com essa jovem e por medo ninguém consiga a denunciar talvez.
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A Liberdade
RomanceO que meu velho eu diria de mim agora ? Ele teria vergonha? ou me estenderia a mão? Como fui tão cega e deixei aquele simples sorriso fazer isso comigo? ..... Existe uma linha fina entre o amor e a destruição. Tudo começa com pequenas palavras, peq...