primeiro dia

14 1 0
                                    

Terça-feira

6:39 hrs

O dia amanheceu frio, deveria estar uns 15° graus lá fora, eu coloquei uma calça preta como pano grosso, uma camisa da cor vermelha a de manga comprida e gola alta , uma toca preta, tênis da mesma cor preto. Eu tinha passado pouca maquiagem, olhei no espelho e quando fui pegar minha bolsa para sair, a Mari levantou da cama, com a cara ainda de sono, me olhou e foi para a cozinha.

Mari: Bom dia, senhorita secretaria - ela disse em um tom de brincadeira e eu ri mesmo que sem graça com seu comentário

Lisa: Eu já vou indo, a gente se vê mais tarde? - ela assenti com a cabeça e eu dou um selinho nela.

7:20 hrs

Já estava na sala da senhorita Paola, ela entrou e sorriu. Logo, nós ajeitamos,eu ganhei uma nova mesa na sala dela, perto dela. Estava analisando as mulheres que íamos entrevistar.

Lisa: É horrível ter tantos arquivos aqui mostrando quantas mulheres sofrem por isso, tirando de uma simples estatística.

Paola: Vai notar que aí terá todos os tipos de mulheres que você pode imaginar, muitos se prendem também ao fato de todas as mulheres só sofrerem agressões físicas dentro de um relacionamento abusivo- ela se levantou e foi andando até a minha mesa e se sentou na mesa - Eu quero mostrar que isso é um grande mito, fazer as pessoas pensarem e todas essas mulheres se ofereceram para falar comigo sobre isso.

Lisa: devíamos começar com essa- era o nome de uma advogada, a Paola me encarou curiosa esperando os meus motivos - Ela é uma advogada, uma mulher estudada, ela possui um mestrado, um doutorado e seria vista como uma pessoa com todo o controle, porém sofreu também com uma relação abusiva, mostrando que ninguém está livre, mesmo tendo uma carreira e sendo bem estudada.

Paola: Viu como você possui uma visão única?- ela sorriu- fez uma escolha incrível e o que acha dessa policial aqui? - assenti com a cabeça- agora temos que escolher mais duas

Lisa: Escolha ela - era uma vendedora, possuía uma vida simples pela ficha e quando sofreu com o relacionamento abusivo era uma dona de casa - ela vai mostrar uma superação e por último acho que podemos entrevistar uma psicóloga - a Paola se levantou foi até o seu telefone e ligou para o Mat pedindo para ele marcar as entrevistas

Paola: Agora é só esperar ele retornar com os horários, devemos fazer isso a semana toda, esse artigo vai ser nossa grande prioridade, tudo bem?- concordei com a cabeça

16:00 horas

Estávamos na frente da casa da nossa primeira entrevistada, que vai ser a senhorita Lorena Hernandez a advogada, ela tinha uma casa grande, dois andares, um grande quintal, quando ela abriu a porta podemos ver uma moça com um sorriso radiante, sua roupa era bem formal, um terno feminino, seus cabelos loiros presos em um rabo de cavalo e usava óculos.

Lorena: Boa tarde, podem entrar, fiquem a vontade- entramos em sua casa e fomos andando em direção para a sua sala

Paola: Eu sou a Jornalista Paola e essa é minha co-autora nós artigos Lisa Salles- eu estendi minha mão e apertei o da senhorita Hernandez

Lorena: É um prazer recebe-las aqui, se sentem- nós sentamos em seu sofá, eu e a Paola em um sofá de 3 lugares e a senhorita Hernandez em uma poltrona - Então, querem beber algo? Ou comer algo?

Paola: agradeço, mas eu estou bem

Lisa: Eu também estou bem, muito obrigada, senhorita Hernandez

Paola: Podemos começar? - a Lorena assentiu e a Paola colocou o gravador na mesa - Poderia falar seu nome, sua idade e sua profissão

Lorena: Meu nome é Lorena Hernandez, tenho 45 anos e sou advogada com mestrado e doutorado.

Lisa: Muitas pessoas usam como desculpa que só mulheres sem formação ou quando são dependente financeiramente do parceiro passam por uma relação abusiva, o que você pensa sobre isso?

Lorena: Que isso é apenas uma grande bobagem, eu possuía uma condição financeira bem maior que o do meu parceiro e passei por abusos psicológicos do meu parceiro.

Paola: Como isso tudo notou? Não teve nenhum pequeno sinal?

Lorena: Sinal existem vários, mas acabamos ignorado na certeza de que aquilo não é tão grave quanto parece e esse é o grande erro. - ela  cruzou sua perna direita por cima da esquerda e ficou com as costas com uma bela postura - a gente não dá atenção a aquelas brincadeiras que te ferem ou quando faz um comentário sobre sua roupa de uma maneira negativa.

Paola: E quando se deu conta do que estava acontecendo? - eu anotava tudo que ela dizia, mesmo sendo gravado, a Lorena me fazia pensar

Lorena: Quando deixei de sair com meus amigos, quando ele me impedia de fazer o que eu queria e eu estava tão machucada por dentro que me senti a verdadeira culpada, esse é o joguinho deles - Eu a encarava, mas minha cabeça não parecia estar ali e eu sentia um pequeno aperto no peito - Ele fala sobre sua roupa, sobre seus amigos e te diz o quão louca você se parece quando ele faz o que te proibi de fazer

......

22:40

Cheguei em casa, as palavras da Lorena não saiam da minha cabeça, aquele comportamento, a Paola me mandou algumas mensagens perguntando como eu estava. Eu fiquei bem quieta depois dessa entrevista com a Lorena. Eu tomei um banho, me deitei na cama.

02:30

Eu tinha ligado várias vezes para a Mari, eu estava perto de dormir quando a Mari chegou, ela se deitou de frente para mim e o seu bafo de álcool veio direto ao meu nariz.  Eu me sentei e ela ficou me encarando.

Lisa: Você bebeu ? É sério isso, eu aqui preocupada contigo, te esperando e você nem atende o seu celular- ela se levantou bufando

Mari: CALA A BOCA - eu a encarei surpresa - Você tá agindo como uma surtada, eu não posso nem beber algumas cervejas com os amigos que você parece uma puta surtada, por que tá tão curiosa?

Lisa: Olha, como você tá falando comigo, suas amigas devem ser bem melhor que eu mesmo, né?

Mari: Elas pelo menos não ficam no meu pé e te garanto que se eu quisesse transar com elas, elas não iam me largar na mão, eu estava bebendo porque a minha namorada fica me rejeitando na cama, ela nem se importa.

Lisa: E-eu não queria fazer isso, eu não sabia que você se sentia assim, me desculpa - eu a abracei e ela me abraçou me beijo a testa

Mari: eu não quero te forçar, mas eu tenho minha necessidade

Lisa: Eu sei - eu a beijei

A deixei fazer tudo que ela queria, mesmo eu não estando com a cabeça ali, eu só olhei no teto a deixei no controle.

A LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora