remédios

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Segunda-feira

5:40

Eu me levantei, tinha que ir para o meu trabalho. Eu não tinha ânimo para isso, eu tinha saído do banheiro, eu não dormi nada, mas me sentia mais segura. Eu me sentei na cama e fiquei ali por muito muito tempo mesmo, eu só sentia vontade de voltar a dormir, mas dessa vez dormir para sempre.

Eu me levantei fui até o banheiro, ali na minha frente tinha o meu armário de remédios e eu sabia que um deles ia me fazer dormir, mas eu não podia.   Acabei me arrumando para o trabalho e indo para as minhas responsabilidades.

7:50

Cheguei atrasada no trabalho, mas eu nem ia ir, então estar atrasada já é um lucro. Me sentei na minha cadeira e só fiz o que era a minha tarefa, eu não falei com ninguém, só o essencial do trabalho. A Paola ficava sentada na mesa dela, algumas vezes eu a pegava me olhando como se tivesse me analisando.

Paola: Olha, eu não consigo te ver desse jeito - ela se levantou e veio até a minha mesa

Lisa: Eu não sei do que está falando - eu fiquei com a minha atenção no computador a minha frente e a Paola só se aproximou e colocou a mão no meu ombro

Paola: Você está tão quieta, você costumava alegrar todos e hoje você mal falou oi - eu soltei um longo suspiro e olhei para a Paola - Me conta o que aconteceu, eu só quero te ajudar

Lisa: Você não pode, eu poderia te falar tudo e não teria nada o que fazer a respeito disso - Eu me levantei me afastando um pouco dela - Eu só não estou em um dia bom

Paola: É, você tem estado em muitos dias ruins desde que veio trabalhar comigo - Ela tinha um semblante confuso

Lisa: Eu posso te falar sem dúvida que não tem nada a ver com o meu trabalho aqui contigo, na verdade isso é o que tem me mantido de pé - Ela deu um pequeno sorriso - eu nunca saberei te agradecer por esse emprego e por toda as oportunidades que você tem me dado

Paola: Se você precisar de algo, por favor me fale, tá bom?- eu assenti

.....

12:40

Eu fui na cafeteria, sei que não era lá um grande almoço, mas pedi um misto e o meu café favorito. Acabei sendo acompanhada pela Carla, ela entrou no horário dela de almoço também.

Carla: E aí, como você vai jornalista?- ela deu seu sorriso carinhoso e eu só um pequeno sorriso

Lisa: Eu já estive bem melhor, tenho que confessar e você como está ? - Dei um mordida no meu misto

Carla: Eu tô bem, já pensou em começar com a terapia? - Neguei com a cabeça- É realmente importante para você entender o que aconteceu e poder se curar de verdade

Lisa: É, talvez outro dia - Eu não tinha ânimo para isso, eu nem estava afim de conversar para ser sincera.

Carla: Você não pode simplesmente achar que um dia você vai estar pronta para isso, Lisa- ela tentou segurar minha mão, mas eu tirei minha mão de cima da mesa

Lisa: Eu quero ser normal, Carla, eu não quero dormir na droga do meu banheiro como eu tive que fazer hoje por não me sentir segura!

Carla: Você sabe que pode ir lá para casa - eu neguei com a cabeça

Lisa: Foram os meus erros, então vou arcar com as minhas consequências- Ela parecia que ia falar algo, mas desistiu.

O silêncio acabou invadindo o nosso espaço. Eu comi meu misto e tomei meu café, a Carla não puxou mais nenhum assunto, ela só me observava como todos os outros, nada de diferente.

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