Inseguranças

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Duas semanas depois

Domingo

7:30

Eu não conseguia ficar na cama, minha mente estava inquieta. Hoje estava sozinha na minha cama, eu não tinha ânimo o suficiente para correr, então acabei resolvendo sair para andar por aí. Eu estou a um bom tempo sem ficar com meus amigos, a última vez foi a do Bar, eu tenho dado muito atenção ao meu namoro e aos artigos. É desgastante porque só os vejo poucos segundos, isso quando os vejo eles na faculdade ou por algum coincidência.

9:00 hrs

Me sentei em um banco, para ser franca, eu devo estar umas 5 quadras da minha casa. Eu estava só vendo as pessoas a minha volta, a criança com um sorriso tão puro brincando com outras. Eles corriam e riam, era tão lindo de se vê, eu sempre quis ser mãe, ter uma família, um dia quem sabe. Em outro lugar tinha um casal eles estavam dividindo o fone de ouvido e sorriam um para o outro com cumplicidade.

Vi um casal de idosos caminhando de braços dados, aquela cena me fez sorrir. Eu queria saber se vou ser assim algum dia ou algo perto disso. Do outro lado vi uma moça de roupa social, uma camisa social, uma calça preta, ela falava ao celular, parecia estar brava, suas expressões faciais, seus suspiros longos, eu conheço esse comportamento.

Resolvi que já estava na hora de voltar para casa, em passos lentos e curtos fui em direção a minha casa, para a minha não tão grande surpresa a Mari estava lá, mas dessa vez tinha um semblante sério e estava sentada no meu sofá.

Mari: a onde você estava?- fui até a geladeira e servi um copo de água para mim e bebi com calma

Lisa: Sai para caminhar

Mari: E por que você não atendeu o celular?

Lisa: Porque ele estava aqui em casa - seu olhar era diferente, ela me encarava com olhos vazios e isso me deu um leve arrepio e não foi no bom sentido

Mari: Eu estava preocupada com você, parece que você não se preocupa com ninguém além de você mesma, eu estou aqui a uma hora te esperando sentada nesse sofá e você parece não dar a mínima para isso - ela estava de pé andando em minha direção enquanto falava e meus ombros iam se encolhendo.

Lisa: Amor, me desculpa, eu só sai para caminhar eu não sabia que você ia vir aqui e ficar tão preocupada comigo - eu abaixe a cabeça e ela soltou um longo suspiro, seu corpo já estava a uns cinco centímetros do meu de tão perto

Mari: Eu sei que você vai melhorar e eu tô tendo bastante paciência - ela me abraçou e eu só senti as lágrimas escorrendo pelo meu rosto - você não tem culpa, a gente vai dar um jeito nisso, eu tô aqui e tá tudo bem - eu fiquei ali chorando por um bom tempo nos braços dela

14:00 hrs

A Mari está a um bom tempo beijando meu pescoço, mas eu não estava no clima, eu mantinha o meu olhar em um lugar fixo perdido ali, era como se eu nem estivesse no meu corpo. Era só uma casca vazia e eu não entendo o porque dessa sensação.

Mari: amor, o que você acha da gente ter uma bela tarde, quero matar a saudade de você

Lisa: Eu não tô muito afim, amor, me desculpa, tô com uma dor de cabeça muito forte - ela se levantou, saiu bufando em direção ao banheiro

Quando ela saiu, ela estava de banho tomado, tinha colocado uma roupa de sair, passou perfume e se arrumou toda.

Mari: Eu vou sair e já volto, tá bom? - ela me deu um selinho e simplesmente foi embora

Eu comecei a procurar o meu celular e não o achava em lugar nenhum, eu devo ter perdido essa porra, era só o que me faltava, puta que pariu! Acho que coloquei a casa quase de cabeça para baixo e nada do celular.

21:00 hrs

Liguei meu notebook e tinham vários emails de sugestões de artigos da Paola, ela disse que ia tentar me ajudar. Eu não conseguia me concentrar em nada, troquei apenas algumas mensagens com a Paola e ela me ligou por Skype para conversarmos.

Paola: Oiie, como você está? - ela estava de óculos, cabelo preso e tinha seu sorriso enorme

Lisa: Oi, eu tô bem e você? - eu estava sentada na cama

Paola: estou bem, deu uma olhada nos artigos? Tenho certeza que você vai amar alguns deles, são todos escritos por grandes amigos meus do ramo jornalista

Lisa: Eu sou grata pela sua atenção, mas não sei se você não está perdendo seu tempo comigo, eu ainda sou uma novata, no início do semestre, eu não tenho tanta experiência...

Paola: Ei, nunca achei que você tinha essa insegurança, eu vejo você trabalhar todos os dias dando o máximo de si e resolvendo tudo naquela revista, você também escreveu uma entrevista incrível com um olhar diferente dos demais, jornalismo também se trato de talento e isso você tem, Lisa, deveria já ter notado isso - seus olhos pareciam transmitir a sua sinceridade - eu não tenho perdido nenhum tempo com você, Lisa

Lisa: Eu nem sei o que falar, só tá bem complicado eu ter essa grande confiança, eu as vezes penso que tô fazendo tudo errado

Paola: Você não está, fique tranquila quanto a isso.

Escutei o barulho da porta se abrindo,  era a Mari, não sei o porque, mas algo me dizia para desligar a chamada e achei que isso seria o mais certo.

Lisa: eu preciso ir, até amanhã, boa noite

Paola: até amanhã, beijos - desliguei a chama e fechei o notebook.

Coloquei ele em cima da estante e fui ver a Mari que estava na cozinha bebendo água, ela tinha um sorriso no rosto, mas estava com um cheiro forte de bebida.

Mari: Oi amor

Lisa: oi, meu bem - dei um selinho nela - a onde você foi?

Mari: Sai com uns amigos, fomos em um bar, acabei perdendo a noção do tempo, me desculpa - eu só sorri e ela foi direto para o banheiro.

Quando saiu do banho se sentou na cama, ligou a TV e então voltou a sua atenção para mim.

Mari: Acho que isso aqui é seu - ela me entregou o meu celular e eu a encarei na mesma hora - peguei ele por engano na hora que eu saí, o meu celular estava no carro e eu esqueci

Lisa: tudo bem... - ela só virou para o lado e foi dormir, era como um fantasma deitado na minha cama.

Eu me virei para o outro lado e resolvi dormir também, mas antes eu recebi uma mensagem da Paola falando que eu deveria ter confiança em mim mesma, porque eu era incrível e isso me fez sorrir.


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